quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Planetas que brilham no escuro têm boas chances de abrigar vida alienígena

Achar vida fora da Terra é uma das tarefas mais fascinantes (e ingratas) da ciência moderna. Pense na dificuldade de encontrar criaturas habitando mundos a anos-luz daqui. E não é só isso: nada garante que a vida alienígena siga a fórmula da vida como a conhecemos, à base de carbono e de água. É como procurar uma agulha feita de material desconhecido em um palheiro. 

Recentemente, pesquisadores da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, tiveram um novo insight que pode ser útil nessa árdua busca. Eles imaginaram como organismos vivendo em mundos que orbitam estrelas anãs vermelhas sobreviveriam às intensas rajadas de radiação que, de tempos em tempos, elas ejetam em terríveis erupções. Justamente por estarem submetidos a doses elevadíssimas de raios ultravioleta, tais seres iriam precisar de algum tipo de mecanismo protetor. E, para eles, a biofluorescência cairia como uma luva.

Além de blindá-los contra os efeitos nocivos da radiação, a reação luminosa pode se tornar tão forte durante as erupções a ponto de ser tranquilamente identificável mesmo de outro sistema solar. Basta ter um telescópio potente o bastante para captar o brilho. E, para nossa sorte, dentro de poucos anos, instrumentos desse porte estarão em funcionamento. 

Nova forma de busca

“É um jeito completamente novo de procurar vida no Universo. Apenas imagine um mundo alienígena brilhando suavemente em um telescópio poderoso”, disse em um comunicado o astrônomo líder da pesquisa, Jack O’Malley-James, pesquisador do Instituto Carl Sagan, em Cornell. Os cientistas não precisaram ir longe para entender como seria esse brilho – foi só olhar para corais que usam o mesmo mecanismo para suavizar a radiação UV do Sol.

Eles convertem os raios ultravioleta em luz visível, criando o belo efeito brilhante. “Essa biofluorescência pode expor biosferas escondidas em novos mundos através de seus brilhos temporários, quando a erupção de uma estrela atinge o planeta”, disse a astrônoma Lisa Kaltenegger, diretora do Instituto Carl Sagan e co-autora do artigo publicado nesta terça (13), no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Os pesquisadores analisaram as emissões dos pigmentos fluorescentes mais comuns dos corais da Terra para criar modelos simulando como eles se comportariam em mundos de anãs vermelhas (nosso Sol é uma anã amarela, maior e mais brilhante que elas). Eles estimaram a força do sinal e se ele poderia ser usado como bioassinatura — marcador biológico que aponta a presença de vida. Tudo indica que a técnica será testada pela próxima geração de telescópios gigantes, de solo e espaciais, nas duas décadas daqui para frente.

Um candidato promissor é Proxima b, mundo potencialmente habitável detectado em 2016 orbitando a anã vermelha Proxima Centauri, a estrela mais próxima da Terra, distante só 4,2 anos-luz daqui. “Essas maravilhas luminescentes estão entre as nossas melhores apostas para achar vida em exoplanetas”, diz O’Malley-James. Seria incrível se, além de finalmente descobrirmos vida alienígena, achássemos de quebra um planeta que brilha no escuro.


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