sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Cozinha com causa

A ativista vegana Carol J. Adams e a nutricionista Virginia Messina defendem que as escolhas que fazemos ao nos alimentar têm impactos significativos em aspectos tão diversos como a mudança climática, o bem-estar animal, a justiça social e, claro, a própria saúde.

E nos convocam a fazer nossa parte, preconizando ingredientes mais sustentáveis e amigáveis — o que significa, para elas, limar a comida de origem animal.

Em Cozinha de Protesto (clique aqui para comprar), as autoras não só justificam essa abordagem como criam um manual prático para quem quer se engajar no ativismo alimentar e aprender receitas pra lá de criativas, como bacon de soja e brownie de abobrinha.

Capa do livro Cozinha de Protesto.Foto: Divulgação/Divulgação

Ficha técnica

Cozinha de Protesto
Autoras: Carol J. Adams e Virginia Messina
Editora:
 Alaúde
Páginas: 288
Clique aqui para comprar.

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O que a minissérie “Maid” nos diz sobre relacionamentos abusivos

Eis o diálogo entre uma vítima de relacionamento abusivo e uma assistente social:

– Há vagas no abrigo de violência doméstica. Mas você disse que não é violência doméstica, certo?
– Não sofri agressão. Detestaria tirar a vaga de alguém que sofreu agressão de verdade.
– “Agressão de verdade”? O que isso quer dizer?
– Espancada. Machucada.
– E o que seria “agressão de mentirinha”? Ameaça? Controle? Intimidação?

A conversa faz parte da minissérie Maid, sucesso da Netflix. Ela é livremente inspirada no livro da americana Stephanie Land, que tem o mesmo título e poderia ser traduzido como “Diarista” – por aqui, a edição em português saiu como Superação – Trabalho Duro, Salário Baixo e o Dever de Uma Mãe Solo (Alta Life).

A produção para TV estreou em 1º de outubro de 2021 e, desde então, não saiu mais do ranking das dez séries mais populares da atualidade. “Não esperava que uma minissérie sobre relacionamento abusivo e violência doméstica fizesse tanto sucesso”, admite Stephanie.

“Muitas vezes, quem sofre abuso emocional acaba convencendo a si mesmo que abuso emocional não é abuso. Para essas vítimas, abuso só é abuso se houver violência física”.

Na história da Netflix, Stephanie Land é Alexandra “Alex” Russell (vivida por Margaret Qualley), uma jovem aspirante a escritora de Washington que vive um relacionamento abusivo com um bartender com problemas com o álcool.

Certo dia, ela e Sean (Nick Robinson) brigam por causa de louça suja. Visivelmente embriagado, o rapaz atira uma tigela de vidro na direção de Alex. Aos gritos e palavrões, ainda abre um buraco na parede do trailer onde moram com um murro.

+ Leia também: Relacionamento abusivo: como identificar e superar?

Com medo de que algo pior aconteça, Alex espera Sean dormir para pegar a filha no colo, acomodá-la no banco de trás do carro e dar o fora. Com apenas 18 dólares no bolso, Alex e Maddy (Rylea Nevaeh Whittet), de apenas 2 anos, passam a noite, abraçadas, dentro do veículo.

A protagonista não sabe, mas atirar objetos é, sim, um ato de violência. Os exemplos, aliás, são incontáveis: espancar, torturar, sacudir ou apertar os braços, estrangular ou sufocar, provocar lesões com objetos cortantes ou perfurantes, causar ferimentos por queimaduras ou armas de fogo…

Mas também há o abuso emocional. “E ele é o pior que existe”, acredita Stephanie. “O abusador controla sua vítima e a isola de tudo e de todos. Quando o abuso se torna físico, a vítima está tão destruída emocionalmente que não sabe mais para onde ir nem a quem pedir ajuda”, prossegue.

Stephanie Land, com as filhas Coraline e Story.Foto: Netflix/Divulgação

Já ouviu falar em gaslighting?

A violência física não é o único tipo de agressão que existe. Há mais quatro: psicológica, sexual, patrimonial e moral. A psicológica é qualquer conduta que causa estragos à saúde emocional da mulher. Contempla ameaça, insulto, chantagem, humilhação e gaslighting. Espera aí. O que significa esse termo de origem inglesa?

“É uma estratégia de manipulação emocional que desqualifica a outra pessoa e coloca em xeque sua saúde mental”, explica o psiquiatra e educador Jairo Bouer. “Na maioria das vezes, o gaslighting é sutil, mas frases do tipo ‘Você está ficando louca’, ‘Olha só o que você está falando’ ou ‘Todo mundo sabe que você não está bem’ ligam o alerta vermelho”.

Logo no primeiro episódio de Maid, Sean pratica gaslighting. É na cena em que ele põe em dúvida a sanidade de Alex. “Você está batendo bem?”, questiona o rapaz, cínico. “Eu não sou louca!”, responde Alex. “Foi você que me acordou enfurecido e socou a parede”.

Para sobreviver, Alex arranja emprego como diarista, sem direito a férias remuneradas ou plano de saúde. Ganha 9 dólares por hora. Na primeira casa que limpa, desmaia de fome.

Lançado em 2019, o livro de Stephanie mereceu uma indicação de leitura de Barack Obama. “É o olhar pessoal e inflexível de uma mãe solteira sobre a divisão de classes na América, uma descrição da corda bamba em que muitas famílias andam apenas para sobreviver e um lembrete da dignidade”, escreveu o ex-presidente dos Estados Unidos.

+ Leia também: “A mulher cuida da família, dos amigos e esqueci de olhar pra si”

No Brasil, a adaptação do livro para a Netflix ganhou elogios da escritora Martha Medeiros. “Maid é sobre feridas que não ficam visíveis através de hematomas. Que são abertas na alma, sem chance de cicatrização”, refletiu. “É urgente assisti-la, ainda mais se você é mulher”.

Stephanie trabalhou como diarista por seis anos, de 2008 a 2014. Por diversas vezes, teve que limpar até três casas num único dia. Em 2014, mudou-se com a filha, Story, hoje com 14 anos, para a cidade de Missoula.

Lá, se matriculou no curso de Escrita Criativa da Universidade de Montana graças a uma bolsa de estudo destinada a alunos de baixa renda. Ainda na faculdade, começou a publicar seus primeiros textos em jornais e revistas, como Time, The Guardian e The Washington Post. Um deles deu origem ao livro, que, por sua vez, deu origem à série.

Em novembro de 2019, quando vendeu os direitos da obra, Stephanie viajou para Port Townsend e Mount Vernon, ambas em Washington. Ao lado da roteirista Molly Smith Metzler e dos produtores executivos John Wells e Erin Jontow, respondeu a mais de 200 perguntas sobre sua vida e a de sua família. Além disso, visitou alguns dos lugares onde morou e compartilhou fotos de seu acervo pessoal.

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“Como produtora executiva, não me envolvi diretamente na elaboração dos roteiros ou na seleção de elenco. Não queria que fosse uma adaptação literal da minha vida e, sim, uma minissérie inspirada numa história real”, explica. Por essa razão, os nomes dos personagens e das locações foram alterados.

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Começar de novo

Hoje, aos 43 anos, Stephanie Land ganha a vida como escritora. Um de seus autores favoritos, aliás, é Paulo Coelho. Não por acaso, ela cita O Alquimista e sua frase mais famosa – “Quando você quer algo, o Universo inteiro conspira para você conseguir” – em Maid.

Dos seus 140 mil seguidores nas redes sociais, muitos deles são do Brasil. Ao saber que uma em cada quatro mulheres brasileiras já sofreu abuso físico ou psicológico do pai, irmão ou companheiro, Stephanie passa uma mensagem: “Encontre alguém que ouça você e, principalmente, acredite no que tem a dizer. Não é só isso. Tão importante quanto encontrar alguém como a Danielle [personagem na série interpretada por Aimee Carrero] é ser alguém como a Danielle”, observa a escritora, referindo-se à moradora do abrigo que acolhe Alex e, entre outras coisas, a encoraja a lutar pela guarda de sua filha.

“Seja um porto seguro onde suas amigas encontram abrigo quando necessário. Se uma delas sumiu do mapa e você não tem mais notícias, entre em contato quanto antes. Acredite: um simples telefonema para saber se está tudo ok pode salvar uma vida”, garante.

Em 2018, Stephanie se casou com Timothy Faust. O casal tem três filhas (James, Story e Coraline) e um São Bernardo chamado Keats e mora em Missoula, no estado de Montana.

Os tipos e o ciclo de violência doméstica

Os especialistas dividem os episódios em cinco esferas:

1. Violência física: espancamento, estrangulamento ou sufocamento, lesões com objetos cortantes ou perfurantes, ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo e tortura, entre outros;

2. Violência psicológica: ameaças, constrangimento, humilhação, isolamento (proibir de estudar, viajar ou falar com amigos e parentes), vigilância constante, perseguição contumaz, insultos, chantagem e gaslighting;

3. Violência sexual: estupro, obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa, impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de coação, chantagem ou suborno;

4. Violência patrimonial: controlar o dinheiro, deixar de pagar pensão alimentícia, destruição de documentos pessoais, furto, extorsão ou dano, estelionato, privar de bens, valores ou recursos econômicos, causar danos propositais a objetos da mulher ou de que ela goste, entre outros;

5. Violência moral: acusar a mulher de traição, emitir juízos morais sobre a conduta, fazer críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre sua índole e desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir.

+ Leia também: Chega de violência contra o idoso

Agora entenda as três fases do ciclo da violência e por que é crucial quebrá-lo:

1. Aumento da tensão: O agressor mostra-se tenso e irritado por coisas sem importância, como louça suja na pia, e chega a ter acessos de raiva. Nessas horas, humilha a vítima, faz ameaças e destrói objetos. Para evitar o pior, a mulher tenta acalmar o agressor. Ou prefere nem falar nada. Na maioria dos casos, a vítima pensa que é a culpada pelo comportamento violento do agressor.

2. Ato de violência: Chega uma hora em que o agressor explode e, num acesso de fúria, agride a vítima. A agressão pode ser verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. Das duas, uma: ou a vítima paralisa de medo ou toma uma atitude. Quando resolve dar um basta na situação, busca ajuda, denuncia o agressor, esconde-se na casa de amigos e parentes, pede a separação ou comete suicídio.

3. Comportamento carinhoso: Aparentemente arrependido do que fez, o agressor pede desculpas à vítima e tenta a reconciliação. Explica que estava com a “cabeça quente” e promete que “vai mudar”. Em geral, a vítima se sente confusa e, quando o casal tem filhos, tende a aceitar o pedido de reconciliação. A relação entre vítima e agressor entra em modo “lua de mel”. Até o próximo momento de tensão…

Não se cale, denuncie. Ligue 180!

A Central de Atendimento à Mulher é um serviço criado para combater a violência contra a mulher e oferece três tipos de atendimento: registros de denúncias, orientações para as vítimas e informações sobre leis e campanhas.

Fonte: Instituto Maria da Penha

 

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quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Papo cabeça: a importância de falar sobre saúde mental e buscar ajuda

Antes mesmo da pandemia do coronavírus, o Brasil já era um dos países mais ansiosos do mundo, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde realizado em 2017. Com a chegada da Covid-19, segundo documento publicado recentemente pela revista científica The Lancet, mais de quatro em cada dez brasileiros tiveram problemas de ansiedade. O estudo também aponta o impacto que a emergência sanitária teve na saúde mental de populações vulneráveis, como jovens, mulheres, pessoas com transtornos mentais preexistentes, assim como trabalhadores da saúde e da linha de frente e pessoas com menor status socioeconômico.

Com isso em mente, a Fundación MAPFRE e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) lançam a campanha digital “Movimento Papo Cabeça”, com foco na saúde mental da população brasileira. A ideia, durante os meses de dezembro e janeiro, é unir vozes, entre especialistas e influenciadores, para promover uma conversa sobre saúde mental.

Trazendo informações confiáveis, a campanha quer levar conhecimento a um número cada vez maior de pessoas. “A saúde mental é uma área negligenciada e um tema que é tratado como tabu. Historicamente, pessoas com problemas de saúde mental são alvo de preconceito, discriminação, violência e exclusão social, processos que muitas vezes são tão nocivos e produzem tanto sofrimento quanto a própria condição de saúde mental. Por esses motivos, é fundamental dar visibilidade ao tema, conscientizar a população, governos e a sociedade como um todo sobre a importância de se investir na área e de se falar abertamente sobre o tema para combater o estigma associado às pessoas com problemas de saúde mental”, explica Catarina Dahl, consultora de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da OPAS/OMS.

A falta de informação faz com que as pessoas não busquem a ajuda necessária e, consequentemente, tenham seu sofrimento prolongado. Por meio de uma agenda positiva e informações relevantes, a ideia é formar uma rede de empatia para a sociedade. “A expectativa é desconstruir o estigma que existe sobre o tema, além de propor um importante chamado à conscientização: é preciso agir”, diz Fatima Lima, representante da Fundación MAPFRE no Brasil.

A campanha será dividida entre dois pilares principais: “É importante se autoconhecer, observar e buscar ajuda profissional quando o sofrimento se intensifica. Conversar com amigos e familiares também é fundamental”, indica Catarina. A consultora também afirma que fazer atividades físicas, manter uma boa alimentação e ter momentos de lazer auxiliam em nosso bem-estar. “Todos nós somos responsáveis e podemos agir em benefício da saúde mental individual e coletiva”, finaliza Fatima.

O podcast Esquizofrenias, com foco em saúde mental, apresentará em dois especiais as razões pelas quais a saúde mental da população do Brasil foi tão desafiada nos últimos anos, além de trazer dicas de como identificar gatilhos e sinais de que a saúde mental não vai bem e reforçar a importância da empatia para tratar o assunto e lidar com as questões do dia a dia.

E, por fim, a plataforma Papo Cabeça, espaço digital em que serão reunidos diferentes conteúdos que auxiliem o leitor que está buscando informações e caminhos durante períodos mais complexos.

Para mais informações sobre o Movimento Papo Cabeça, acesse: https://bit.ly/MovimentoPapoCabeça

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Carboidratos: como consumir do jeito certo

“Para emagrecer e ter mais saúde, devemos cortar pães, arroz, massas e doces do dia a dia”. Certamente você já ouviu esse conselho, justificado pelo fato de esses alimentos serem ricos em carboidratos. Mas será que é isso mesmo?

O consumo de carboidratos começou a ser atacado quando se descobriu que ingerir gorduras não era tão ruim como pensávamos.

Daí, comer altas quantidades de cereais e massas passou a ser associado à epidemia de obesidade e doenças crônicas, como diabetes e problemas cardíacos.

Esse raciocínio contribuiu para que dietas com baixo teor de carboidratos ficassem em evidência. Assim, muitas pessoas começaram a temer os alimentos fontes dessa substância tão importante.

+ Leia também: Índice glicêmico: na montanha-russa do açúcar

Um raio-x do nutriente

Os carboidratos, assim como as proteínas e as gorduras, são considerados macronutrientes, ou seja, compostos que precisamos em maior quantidade.

E eles têm uma função muito importante: fornecer energia para nossas células, garantindo o funcionamento de órgãos importantes, como cérebro, coração e músculos.

Inclusive, em outro texto já explicamos como uma alimentação deficiente em carboidratos pode ser a razão de sintomas como cansaço, dor de cabeça e falta de concentração, por exemplo. Perdeu? Leia aqui.

Vários tipos diferentes de carboidratos são encontrados em cereais (arroz, milho, trigo, aveia), tubérculos (batatas), raízes (mandioca), leguminosas e frutas. Eles são digeridos e absorvidos de formas distintas pelo nosso organismo.

É aí que reside o ponto principal de atenção na busca por escolhas mais saudáveis.

Perceba: de fato o consumo excessivo de alguns tipos de alimentos fontes de carboidratos pode contribuir para o aparecimento de doenças, como o diabetes. Nesse caso, falamos dos açúcares presentes em bolos, doces, balas, refrigerantes e sucos artificiais.

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É que essa versão tem fácil digestão e eleva rapidamente os níveis de glicose sanguínea. Em longo prazo, esses picos podem atrapalhar o metabolismo da insulina, o hormônio que regula o aproveitamento do açúcar no organismo. Como consequência, o diabetes pode dar as caras.

Portanto, tão importante quanto controlar a quantidade de alimentos fontes de carboidrato na rotina é focar na qualidade da versão que consumimos.

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Foi o que demonstrou um estudo populacional com espanhóis submetidos a um programa de mudança de estilo de vida. A redução do consumo de cereais refinados, açúcares adicionados e bebidas adoçadas com açúcar em paralelo ao aumento na ingestão de frutas, vegetais, legumes, peixes e nozes foi capaz de, em seis meses, reduzir a circunferência abdominal, pressão arterial, glicemia e triglicerídemia dos indivíduos.

Na prática

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a nossa alimentação deve conter, no mínimo, 40% de alimentos fontes de carboidrato.
Assim, em uma refeição como almoço, quase metade do prato pode ser preenchido com alimentos como arroz ou macarrão.

A OMS ressalta que devemos preferir as versões integrais desses alimentos, que possuem mais fibras, vitaminas e minerais.

Por falar em fibras, vale ressaltar que elas precisam ser ingeridas diariamente. Essas substâncias estão presentes em maior quantidade em alimentos como verduras, legumes e frutas, mas também se encontram na aveia, no arroz integral, no trigo integral e seus derivados (pães, macarrão), no milho e nas leguminosas.

+ Leia também: Alimentação para o intestino funcionar bem

Pesquisadores franceses acompanharam, durante dois anos, a ingestão de fibras de 107 377 pessoas. Eles observaram que a maior presença dessa substância na rotina foi ligada a um menor o risco de doenças crônicas, como câncer, diabetes tipo 2 e males cardíacos.

Entre os benefícios associados a esse hábito estão a melhora do funcionamento intestinal e uma maior saciedade após as refeições, o que pode diminuir a vontade de continuar comendo.

O alimento não tem um nutriente só

É importante lembrar que, ao reduzir ou eliminar o consumo de alimentos fontes de carboidratos, indiretamente restringimos também a ingestão de vitaminas e minerais presentes nesses itens.

É o caso de da vitamina E, de algumas vitaminas do complexo B e de minerais como selênio, zinco, cobre, magnésio, potássio e fósforo.

Mais uma vez, reforçamos a ideia de que não existe um alimento bom ou ruim. Portanto, nenhum grupo alimentar deve ser excluído. A chave para termos uma nutrição saudável continua sendo o equilíbrio.

Reduzir o consumo de doces e de alimentos açucarados, comer batatas e raízes com moderação, além preferir cereais integrais irá proporcionar mais saúde e energia para viver a vida com prazer.

* Dan Waitzberg é nutrólogo, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do grupo Ganep; Natalia Lopes é nutricionista do Nutritotal e pesquisadora da Faculdade de Medicina da USP

(Este texto foi produzido pelo Nutritotal em uma parceria exclusiva com VEJA SAÚDE)

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

O câncer de bexiga e sua relação com o diabetes

Recentemente, o apresentador Celso Portiolli contou ter recebido o diagnóstico de câncer de bexiga. Felizmente, a detecção aconteceu num estágio inicial, em que o pequeno nódulo na bexiga pôde ser retirado por meio de uma espécie de endoscopia. Ele ainda receberá um tratamento coadjuvante para terminar o ciclo e impedir recidivas.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de bexiga é o sétimo mais frequente no Brasil, acometendo 7 590 pessoas no ano de 2020.

Na imprensa, muito se falou sobre o fato de esse tipo de tumor ser mais comum entre pessoas de maior idade, do sexo masculino, de pele branca e, principalmente, usuários de cigarro.

O que não tem sido divulgado é que uma doença muito comum no Brasil tem grande associação com câncer de bexiga: o diabetes.

Há alguns anos, a Associação Americana de Diabetes divulga a lista de cânceres que são mais comuns em quem convive com o diabetes. E o de bexiga é um deles, ao lado dos tumores de pâncreas, intestino, fígado, endométrio e mama. O que não conhecemos ainda são os mecanismos que ligam o diabetes a esses cânceres.

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Temos, no Brasil, mais de 16 milhões de pessoas com diabetes e sabemos que metade nem desconfia do diagnóstico. Boa parte não faz acompanhamento médico regular. Você imagina quantos indivíduos morreram por causa do diabetes em 2021? Nada menos do que 214 mil pessoas, segundo a Federação Internacional de Diabetes.

O câncer de bexiga de Celso Portiolli só foi possível de ser prontamente tratado devido ao diagnóstico precoce. E, para isso, os check-ups periódicos são fundamentais. O mesmo se aplica ao diabetes.

Por isso, fica a dica para as promessas de ano novo: fazer check-up!

Feliz 2022! Muita saúde a todos!

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Viva a aveia!

Na Roma antiga, havia uma celebração, a cerealia, que atravessava dias e noites. Além de ser uma forma de agradecimento pela abundância nas colheitas, a festança homenageava Ceres, a deusa da agricultura, que empresta seu nome aos cereais.

O trigo, principal representante dessa família, ocupava o centro da mesa, ladeado pela cevada e o centeio. Já a aveia, feito uma prima renegada, costumava ficar de fora das comemorações. Passados milhares de anos, porém, hoje é ela que está sendo reverenciada.

Tal qual enredo manjado, aquela que foi posta de lado passou a ser endeusada, especialmente no panteão da nutrição. E não sem motivos, como atestam pesquisadores e profissionais que atuam em hospitais e consultórios.

O apelo da aveia se reflete no cultivo. Inclusive no Brasil. Em 2021, ocupamos o sexto lugar no ranking mundial de produtores e já somos autossuficientes — há algum tempo, ficávamos abaixo da décima posição.

A ascensão tem a ver com a coleção de evidências sobre os efeitos do cereal na saúde. Uma história que não é de agora. A aveia é, na visão de alguns especialistas, o primeiro alimento a ter recebido a classificação de funcional. Ou seja, não bastasse nutrir, ele ajuda a baixar o risco de doenças.

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“As regras para o registro de funcionalidades foram instituídas por aqui em 1999”, conta a médica Marcella Garcez, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). No nosso país, quem dita as normas é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Tanto ela como os órgãos reguladores dos Estados Unidos e da Europa se renderam aos poderes de uma fibra da aveia, a betaglucana.

“Não há dúvida sobre o papel dela na redução dos níveis de colesterol no sangue”, destaca a nutricionista Luciene de Oliveira, da Unidade de Cardiologia do Hospital São Paulo e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Além de blindar as artérias, a substância melhora o trânsito intestinal, dá mais saciedade e diminuiria a propensão a tumores. E acaba de sair do forno da ciência outro atributo: afastar o diabetes tipo 2. A conclusão vem de uma revisão de estudos realizada por pesquisadores da Suíça, da Turquia e da Austrália. Mais uma vez, é a betaglucana que surge como estrela principal.

Por tantas virtudes, o ingrediente já foi parar no laboratório e tem sido isolado e encapsulado com a ideia de maximizar seus efeitos. Nesse formato, entretanto, perde-se a oportunidade de consumir outras preciosidades da aveia.

Afinal, ela não é feita só de fibras. Tem vitaminas, tem minerais… Sem contar que degustar desde o mais singelo mingau feito com os flocos até pães, tortas e bolos elaborados com a farinha ou o farelo do cereal pode se transformar numa verdadeira festa ao paladar.

<span class="hidden">–</span>Ilustração: Laura Luduvig/SAÚDE é Vital

Ainda que pairem dúvidas sobre o berço natural da aveia, pistas arqueológicas apontam para a área conhecida como Crescente Fértil. “É o que hoje corresponde à região do Iraque, do Irã e da Turquia”, explica a engenheira-agrônoma Nadia Canali Lângaro, da Universidade de Passo Fundo (UPF), no Rio Grande do Sul.

Os ancestrais do vegetal começaram a se espalhar pelo mundo seguindo a domesticação do trigo. Eram considerados intrusos, quase ervas daninhas.

Séculos se passaram até que povos que viviam ao norte da Europa notaram a adaptação da planta ao clima e a adotaram. Entrou na tigela dos escoceses na forma de porridge, um tipo de mingau.

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Parte da colheita dos europeus, no entanto, ia parar direto no cocho dos cavalos. Aliás, mesmo atualmente, um belo percentual do que é cultivado pelo planeta se destina à alimentação de animais. Como se trata de uma gramínea — ela e todos os cereais, diga-se —, presta-se perfeitamente à pastagem e ao feno, sobretudo a chamada aveia-preta.

A professora Nadia explica que existem diferentes espécies do gênero botânico batizado de Avena. A mais utilizada para o consumo humano é a aveia-branca, ou Avena sativa. A predileção tem tudo a ver com uma mistura harmoniosa de compostos.

Para começar, ela encabeça o ranking de fornecedores de proteína entre os integrantes do seu clã e, assim como trigo, cevada, milho e centeio, concentra boas doses de carboidrato em forma de amido. É por essa razão que algumas dietas chegam a excluir a aveia.

Atitude bastante equivocada, inclusive para o controle do peso, como mostra um novo estudo publicado no periódico Critical Reviews in Food Science and Nutrition. “Trata-se de uma revisão que reuniu evidências recentes, mas já bem conhecidas”, comenta Marcella.

Claro que esse apoio da aveia para emagrecer só funciona dentro de um contexto equilibrado. “E sem exageros nas porções, por favor”, frisa Luciene. A revisão citada coloca um ingrediente da aveia como particularmente vantajoso à regulação do apetite. Adivinhe qual é. Sim, a betaglucana.

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Tarcila Campos, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, esclarece que a fibra se liga à água e forma uma espécie de gel dentro do corpo, desacelerando a digestão e baixando o impacto na glicemia.

“Ocorre uma modulação de alguns hormônios, caso da insulina, o que interfere nos disparos de sinais cerebrais envolvidos com a saciedade”, afirma. A mesma atuação justifica o papel preventivo diante do diabetes tipo 2 — em resumo, haverá menos açúcar perdido pelo sangue.

Outro efeito de prestígio é a proteção cardiovascular. “As fibras solúveis contribuem para a excreção da bile, líquido proveniente da vesícula e que ajuda na digestão”, explica Juliana Alves Macedo, professora de engenharia de alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O organismo, então, fica com um déficit de sais biliares e, para repor o que foi perdido, recruta a principal matéria-prima desses sais, o colesterol. O resultado é a redução dos níveis dessa molécula na corrente sanguínea.

Para completar o serviço e se ver livre das placas de gordura pelos vasos, Juliana lembra que precisamos evitar a oxidação do LDL, a fração do colesterol ruim. É esse processo que dá o pontapé para a inflamação e o depósito de placas nas artérias, o que culmina em entupimentos.

Mas a gente pode enfrentar essa ameaça ingerindo substâncias antioxidantes. A aveia já oferece algumas delas, caso da vitamina E e de um composto de nome sui generis, a avenantramida.

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Mas uma estratégia ainda melhor é combiná-la a outras fontes para potencializar essa ação. Morango, uva, maçã, mamão e uma porção de frutos esbanjam esses benfeitores e ficam perfeitos em vitaminas e mingaus.

A sugestão da nutricionista Karla Maciel, consultora da Jasmine Alimentos, é escolher sua fruta preferida, acrescentar algum tipo de castanha, leite ou bebida vegetal, uma pitada de cacau em pó e deixar durante a noite na geladeira — uma preparação conhecida em inglês como overnight oats.

O que ela tem de especial

As substâncias que fazem a aveia dar show

  • Micronutrientes
    Esse grupo, que abrange vitaminas e minerais, é abundante no alimento. Ele oferta as vitaminas E e do complexo B, além de zinco, fósforo, ferro, potássio…
  • Macronutrientes
    Como qualquer cereal, tem carboidrato em forma de amido. Mas vale destacar sua cota de proteínas e gorduras insaturadas, bacanas para a saúde.
  • Fibras
    Especialmente o farelo contém um interessante mix fibroso. Há desde a badalada betaglucana até as fibras insolúveis. Bom para intestino, coração…

A receita que passa a noite na geladeira — a aveia adormecida, em bom português — é inspirada numa invenção centenária do médico suíço Maximilian Bircher-Benner (1867-1939). Continua popular em sua terra natal, atendendo pelo nome de bircher muesli.

É também o preparo predileto do pesquisador Ezra Valido, da Universidade de Lucerna, na Suíça, que acaba de publicar um trabalho a respeito dos impactos do cereal na microbiota intestinal.

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“A fermentação das fibras ajuda a manter a população de bactérias responsáveis pela produção dos ácidos graxos de cadeia curta”, conta o médico de origem filipina. Algumas dessas moléculas zelam pela integridade das células do intestino e têm propriedades anti-inflamatórias.

Camila Guazzelli Marques, nutricionista da Unifesp, explica, ainda, que certos ácidos graxos de cadeia curta participam da síntese de serotonina, um importante neurotransmissor.

E, para manter o humor em alta, Karla acrescenta que o cereal fornece triptofano, um aminoácido que serve de matéria-prima à serotonina.

“Para completar, a aveia também dispõe de melatonina, substância essencial para o nosso sono”, observa. Daí que uma tigela pequena de mingau quentinho, feito de farinha, flocos ou farelo, pode ser uma bela pedida antes de ir para a cama.

Ficou em dúvida de qual seria o melhor formato? A nutricionista Juliana Peccin, da PepsiCo, afirma que as três versões oferecem a desejada betaglucana.

Ingrediente único

Mas será que outros cereais não ofertam tanta coisa boa? “Diferentemente dos demais tipos, os lipídios [as gorduras] estão distribuídos por todo o grão da aveia, não estão contidos em determinadas partes”, conta a professora Juliana Macedo.

Além de apresentar uma mistura de gorduras benéficas, essa configuração, junto de outros fatores, dificulta a separação de certas frações. Assim, a estrutura tende a continuar íntegra e, no processamento, são preservados farelo, germe, endosperma e, por consequência, grande parte dos nutrientes.

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Depois de colhidos, os grãos são lavados e se retira uma casca não comestível. Daí são aquecidos. “O processo térmico desativa enzimas envolvidas na oxidação”, explica Melissa Gomide Carpi, engenheira de alimentos da Jasmine. Além de conservar o alimento e seus trunfos, essa etapa o torna mais macio.

Para obter o floco, a aveia é cortada em tamanhos diferentes — entre finos e grossos. “Os grãos passam por cilindros gigantes e saem laminados”, resume Melissa. Já a farinha resulta da moagem do cereal.

Por fim, o farelo, que muitos consideram o mais valioso dos derivados, é retirado dessa trituração. “Como é extraído da camada externa do grão, possui uma concentração elevada de fibras”, nota a nutricionista Lara Natacci, que faz seu pós-doutorado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

Além dos estudos e do consultório, Lara se dedica às artes culinárias e se diz fã da aveia. “Ela pode entrar em bolos e tortas sem medo, não há perigo de desandar a receita se usada na medida certa”, assegura.

O preparo de pães requer traquejo. Como a aveia não tem glúten — embora possa haver contaminação na lavoura ou na indústria pelo contato com outros cereais, um aviso aos celíacos —, a massa pena para crescer.

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Conta-se que, na Idade Média, o pão feito de aveia, bem rústico, era servido à plebe, enquanto a nobreza apreciava o de trigo. A dica é misturar as duas farinhas.

Marcela Garcia, chef de cozinha do time de pesquisa da PepsiCo, sugere ir além do café da manhã: “A aveia pode estar presente nas mais diversas aplicações e refeições”.

Um incremento a uma receita bem brasileira é ensinado por Camila Marques: “Que tal incluir no prato de arroz e feijão, fazendo o papel de uma farofinha de acompanhamento?” Haja versatilidade!

Colheita de benesses

Estudos reforçam o papel da aveia na manutenção da nossa saúde

  • Controle do peso
    As fibras do cereal fazem com que o esvaziamento gástrico seja mais lento e o cérebro receba sinais de que comemos o suficiente. Um efeito pró-saciedade.
  • Diabetes
    O combo de nutrientes favorece o equilíbrio das taxas de glicose no sangue e abranda os picos de insulina, o que ajuda a prevenir e a controlar o diabetes tipo 2.
  • Colesterol
    Um dos benefícios mais conhecidos é a redução dos níveis de colesterol na corrente sanguínea, o que colabora para a integridade das artérias e resguarda o coração.
  • Trânsito intestinal
    As fibras contribuem para a formação do bolo fecal e os movimentos do intestino. Mas, para afugentar a prisão de ventre, tem que se hidratar também.
  • Câncer
    O cereal melhora a eliminação de toxinas do intestino e fomenta o equilíbrio da microbiota, tornando a região menos exposta a possíveis agentes cancerígenos.

Festa na cozinha

Graças ao sabor mais neutro, cada versão da aveia pode compor as mais diversas receitas doces e salgadas

  • Farinha
    É bem-vinda ao preparo de bolos, tortas, waffles, pães, biscoitos e panquecas. E uma estratégia, que ajuda a garantir boa consistência, é misturá-la com outras farinhas, como a de trigo e a de linhaça, além de acrescentar oleaginosas, ou seja, castanhas, amêndoas, nozes e afins.
  • Farelo
    Esse ingrediente é perfeito para empanar bifes, filés de frango, além de enriquecer o hambúrguer caseiro — todos de preferência assados. Serve ainda de base para uma farofa, junto de cebola, cenoura ralada e cheiro-verde. Outro uso comum é salpicado em saladas de frutas ou
    de hortaliças.
  • Floco
    Engrossa sopas ou mesmo o caldo de feijão. E tem o clássico mingau, que pode ser enriquecido com frutas, e, ainda, a granola, que costuma conter outros cereais, além de sementes, frutos secos e o que mais a criatividade mandar. Os flocos também harmonizam com
    os iogurtes.

E o leite de aveia?

Com a crescente adesão aos cardápios vegetarianos, muita gente tem optado por tomar bebidas vegetais em vez do leite. “A de aveia vai bem no preparo de vitaminas de frutas”, indica a nutricionista Lara Natacci.

Para alcançar o mesmo teor de nutrientes do alimento vindo da vaca, as marcas andam incrementando as fórmulas. “Um dos ingredientes que costumam ser usados é um tipo de cálcio extraído de algas marinhas”, exemplifica a engenheira de alimentos Melissa Carpi, da Jasmine.

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Ansiedade, depressão e autoflagelo em pets: como distinguir e buscar ajuda

Cerca de 40% dos animais de estimação que atendo apresentam algum quadro de ansiedade ou depressão. Muitos chegam à autoflagelação. Esse índice teve seu ápice no início da pandemia, quando os pets vivenciaram o medo e a angústia dos donos, como se fossem verdadeiras esponjas de emoção.

Agora, é como se estivéssemos assistindo tudo de novo, pelo menos pelos olhos de nossos fiéis companheiros que, sem entender nada, começam a sentir as coisas mudarem. Só que, desta vez, no sentido contrário.

Donos voltando ao trabalho presencial uma, duas, três vezes por semana… Retomada de escolas, viagens, encontros… Daí vem uma segunda onda de quadros de ansiedade e depressão entre os bichos.

Mudanças bruscas de comportamentos, e até agressividade com os próprios donos, têm sido cada vez mais relatadas pelos tutores ao chegarem a creches e serviços de day care, hotel e adestramento, como o nosso. O fato é que saúde mental não é uma questão exclusiva para os humanos.

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Segundo estudo realizado com 14 mil cães pela Universalidade de Helsinque, na Finlândia, o número dos que sofrem com transtorno de ansiedade têm aumentado de maneira considerável. Sinais que até pouco tempo eram vistos como “atitudes para chamar atenção” começam a ser percebidos como pedidos de socorro.

Além do desafio de entender nas entrelinhas o que está por detrás desses comportamentos, os donos de pets têm mais uma prova pela frente: saber diferenciar a ansiedade do quadro depressivo e do autoflagelo.

Enquanto na ansiedade as queixas estão mais relacionadas à desobediência, à agitação ou à agressividade do animal, na depressão os sintomas tendem a ser mais complexos e a englobar perda de apetite, apatia, prostração, pouca afetividade, sono excessivo… Pode até acontecer de o pet se esconder do próprio dono.

O autoflagelo, por sua vez, é um transtorno emocional que pode ser causado pela ansiedade. Envolve comportamentos de autodestruição, como se morder ou se lamber a ponto de causar feridas e machucados. Fazer as necessidades fora do lugar costuma acompanhar o quadro.

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Caso desconfie que seu pet esteja nessas condições, o recomendado é buscar ajuda profissional. Veterinários e especialistas em etologia e zoopsiquiatria podem avaliar a situação e propor mudanças e terapias pelo bem-estar do bicho.

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Isso passa pelo enriquecimento do ambiente em que o pet vive, trazendo atividades que despertem seus sentidos e melhorem seus aspectos cognitivos e mentais.

No contexto que atravessamos, precisamos preparar o terreno para o animal no momento de retomada das agendas presenciais. E isso se faz com cautela, cuidado e empatia.

Algumas dicas valiosas: reviva os mesmos rituais de antes, com o objetivo de treiná-lo emocionalmente para essa separação. Antes do retorno definitivo ao escritório, tente fazer um horário de trabalho como se estivesse no presencial. Escolha um cômodo para o home-office, com a porta fechada, sem comunicação visual e sem acesso ao pet.

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Não faça da hora da chegada uma festa. Isso contribui para o aumento da ansiedade no animal. E, no dia que você viajar ou resolver chegar mais tarde, previamente ofereça atividades para o seu amigo e deixe brinquedos espalhados pela casa. Se possível, veja se algum amigo ou parente pode visitá-lo na hora do almoço.

O mais importante na convivência é que não adianta só estar por perto. É essencial oferecer tempo de qualidade ao pet, estar conectado realmente com ele, brincando ou fazendo carinho.

Lembre-se: animal não é objeto e não está na sua casa para servir alguém. É preciso saber lidar e conversar com ele com paciência, planejamento e amor. Somos responsáveis por aqueles que cativamos – não é isso? Então devemos zelar pelo seu equilíbrio e bem-estar.

* Cleber Santos é especialista em comportamento animal e CEO da Comport Pet, que integra os serviços de Day Care, Hotel e Adestramento e inaugurou recentemente a Universidade Comport Pet

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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Bicho geográfico: o que é, como evitar e qual o tratamento?

O que é o bicho geográfico

A Larva migrans, doença popularmente conhecida como bicho geográfico, é uma infecção causada por larvas de parasitas do gênero Ancylostoma, dos subtipos braziliensecaninum.

A doença também pode ser chamada de dermatite serpiginosa e dermatite pruriginosa.

Esses organismos vivem no intestino de cães e gatos e migram para as fezes desses animais.

“O intestino de cães e gatos pode ter os ovos do parasita. Quando esses ovos caem na terra, eles se transformam na larva que penetra no corpo através da pele”, detalha a dermatologista Meire Gonzaga, do Saúde Minuto, e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Na terra, na grama ou areia, a larva se alimenta de bactérias até encontrar um hospedeiro. Por isso, é geralmente nesses locais que as pessoas pegam o bicho geográfico.

Os pés e as nádegas são as partes do corpo mais expostas ao solo contaminado, mas a infecção pode ocorrer em pernas, braços, antebraços e mãos.

Como a larva se comporta dentro do organismo?

Assim que o parasita consegue contato com a pele, aparece um ponto vermelho e elevado no local.  Lá dentro, a larva não é capaz de romper as camadas mais profundas do tecido. Aí, passa a caminhar, formando um túnel de linhas aleatórias.

“É como se fosse o contorno de um mapa, por isso ganhou o nome de ‘bicho geográfico‘. As linhas podem ser elevadas, coçam bastante e muitas vezes ficam avermelhadas e até formam bolhas”, explica Meire. A larva caminha de 1 a 2 centímetros por dia.

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Por que ele causa mais problemas durante o verão?

As larvas são mais comumente encontradas em caixas de areias de parques infantis e nas praias.

“No verão, os casos aumentam justamente porque mais pessoas frequentam esses espaços”, relata a dermatologista Nanashara Valgas, da Clínica Derm & Vasc, de Macaé (RJ) e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

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Prevenção

A forma mais eficiente de se proteger é evitar o contato direto com as áreas de risco. O mais seguro é usar chinelos e não sentar diretamente na areia da praia ou no gramado.

Cuidar bem dos pets também colabora com a redução de casos da doença.

Aliás, vale dizer que a larva não infecta apenas cães e gatos que vivem na rua. “Ao ter acesso a esses ambientes com areia, os animais de estimação com a vermifugação desatualizada também correm esse risco”, afirma César Henrique Bezerra, médico veterinário.

Parte da prevenção, segundo Bezerra, é sempre recolher as fezes dos animais ao levá-los para passear.

Há a possibilidade de contaminação dos animais também via oral, por meio de água, alimentos ou grama.

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Qual o tratamento? Como aliviar os sintomas?

De acordo com Nanashara, o tratamento é feito com vermífugos por via oral, além de antialérgicos, que ajudam a aliviar a coceira. “Outra alternativa para a coceira e ardência é aplicar gelo, que evita a movimentação da larva”, completa Meire.

Quais as consequências da falta de tratamento?

A lesão pode desaparecer espontaneamente (sem tratamento) entre quatro e oito semanas, mas existe o risco de uma infecção secundária.

“Quem coça muito a região pode facilitar a contaminação da área por bactérias. A lesão pode aumentar e até ganhar um aspecto elevado”, esclarece Meire.

Ainda há casos de falta de ar, tosse e crises alérgicas por causa da liberação de toxinas das larvas no corpo – é como uma resposta inflamatória exacerbada.

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Você teve Covid-19? Como anda sua glicose?

No início da pandemia por Covid-19, a comunidade médica mundial achava que se tratava de uma doença iminentemente respiratória. Passados dois anos, sabemos que a infecção pelo vírus Sars-CoV-2 pode provocar desde quadros totalmente assintomáticos até situações dramáticas, com comprometimento de diversos órgãos, como rins, cérebro, fígado, sistema nervoso etc.

Diversos estudos, em diferentes continentes, apontam que existe uma relação epidemiológica entre Covid-19 e novos casos de diabetes. E vários fatores podem estar envolvidos nesse aumento de diagnósticos.

Um deles, e mais óbvio, é o fato de que muitas pessoas já tinham diabetes antes da Covid-19 e descobriram a elevação da glicose simplesmente porque deram entrada no hospital – ainda mais durante esse período, em que houve um aumento de casos de obesidade e sobrepeso mundo afora.

Outra causa de elevação da glicose é a necessidade do uso de corticóides dentro do hospital. Esse tipo de medicamento é sabidamente capaz de induzir diabetes em pessoas predispostas, já que destrói as células produtoras de insulina pelo pâncreas ou reduz a ação desse hormônio nos pacientes.

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Não custa lembrar que a insulina é quem coloca o açúcar dentro das células, permitindo seu aproveitamento. Se ela não funciona direito, sobra glicose na circulação.

O próprio estresse físico provocado pelo quadro infeccioso libera uma reação inflamatória e dispara hormônios que fazem os níveis de glicose no sangue subirem às alturas. E isso é visto com qualquer tipo de infecção, e não somente com o Sars-CoV-2.

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Ainda existem, porém, algumas lacunas a serem respondidas: as alterações de glicose perduram por muito tempo ou por curto prazo? E se for transitório, podemos falar em cura? Pacientes que tiveram quadro leve ou totalmente assintomático foram pouco avaliados em estudos clínicos e não temos estatísticas confiáveis nesses casos.

Um dos grandes mistérios é saber se a Covid-19 predispõe ao diabetes do tipo 1. Esta é uma doença autoimune em que o sistema imunológico da própria pessoa ataca suas células produtoras de insulina no pâncreas.

Essa situação pode ser detectada na prática através da dosagem de anticorpos no sangue. E existe uma hipótese de que a infecção pelo Sars-CoV-2 poderia “provocar” o sistema imunológico, fazendo com que ele se voltasse contra o próprio pâncreas do paciente.

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Mas os dados observados ainda são contraditórios: há países em que houve aumento de casos de diabetes tipo 1 após a infecção por Covid-19, só que temos outras pesquisas apontando que não.

Para tentar elucidar se a Covid-19 é capaz de provocar o diabetes tipo 1 e quais os mecanismos envolvidos, diversos pesquisadores em conjunto como as médicas Viviane Boaventura, da Universidade Federal da Bahia, e Kelen Malmegrim de Farias, da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto, estão conduzindo um estudo para avaliar o perfil imunológico, as características clínicas e a presença de anticorpos contra o pâncreas de pessoas atendidas no Centro Pós-Covid do Hospital Especializado Octávio Mangabeira, da Fiocruz, na Bahia. Em breve teremos resultados preliminares desta importante pesquisa nacional.

Vale lembrar que, até o momento, não sabemos qual a relação específica entre o diabetes e a variante Ômicron.

Mas, enquanto temos mais dúvidas do que respostas, fica aqui a única certeza: lembre-se de conversar com seu médico e incluir a dosagem de glicose no check-up após a Covid, mesmo em casos leves da infecção.

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Telescópio James Webb poderá (quase) enxergar o começo do Universo

Na manhã do último dia 25, o lançamento bem sucedido do Telescópio Espacial James Webb (JWST) marcou o início de uma das missões da Nasa mais esperadas das últimas décadas. Considerado o sucessor do Telescópio Espacial Hubble, lançado em 1990, o JWST promete transformar a forma como estudamos o Universo.

O James Webb será capaz de detectar radiação infravermelha que viajou no espaço por 13,6 bilhões de anos-luz. Assim, poderá investigar eventos que aconteceram logo após o Big Bang, há cerca de 13,8 bilhões de anos – observando como eram algumas das primeiras galáxias e estrelas.

Com o telescópio, os cientistas pretendem estudar como as galáxias e os sistemas planetários se formaram e evoluíram. Ele também poderá observar buracos negros, supernovas e todo tipo de objeto cósmico distante. Thomas Zurbuchen, da Diretoria de Missões Científicas da NASA, não descarta a possibilidade de encontrarmos eventos e objetos inesperados. “Sem dúvida, veremos surpresas… do tipo com que só podemos sonhar agora”, afirmou ao site The Verge.

O James Webb decolou a bordo de um foguete Ariane 5, da Agência Espacial Europeia (ESA), a partir de uma base espacial na Guiana Francesa. Com espelho principal de 6,5 metros de diâmetro, ele é o maior telescópio já lançado ao espaço – e grande demais para caber em um foguete. Por isso, ele viaja dobrado ao espaço e vai se desdobrando lentamente até atingir sua configuração final, quando estiver a 1,5 milhão de quilômetros de nós.

Há várias etapas pela frente. Por enquanto, o telescópio já ativou seu painel solar para obter energia do Sol e está ligando a antena para comunicação com a Terra. É possível acompanhar o andamento das etapas e a trajetória do telescópio em um rastreamento que a Nasa disponibiliza neste link.

Depois desses procedimentos automáticos, virão outros controlados por cientistas na Terra, como a de estruturas que vão configurar o funcionamento do telescópio. Também será implantado uma espécie de escudo ao redor do JWST, que funcionará como protetor solar e permitirá que o telescópio não superaqueça.

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Formado por 18 espelhos hexagonais que lembram uma colmeia, o espelho primário vai ser uma das últimas partes do telescópio a se ajeitar no espaço. Então, daqui a cerca de um mês, o JWST vai disparar seus propulsores e se colocar em sua órbita final.

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Enquanto o Hubble orbita a Terra, o James Webb vai orbitar o Sol. Ele viajará por 1,5 milhão de quilômetros até atingir o chamado segundo ponto de Lagrange ou L2. Esse é um dos cinco pontos espaciais definidos pelo matemático italiano Joseph-Louis de Lagrange que são intersecções gravitacionais. 

Funciona assim: no L2, por exemplo, as forças gravitacionais da Terra e do Sol se cancelam, então um objeto pode ficar “estacionado” e permanecer por ali sem muito esforço. É o caso da sonda espacial WMAP da Nasa, e também será o caso do James Webb.

Quando o JWST atingir esse ponto, ele ficará alinhado com a Terra enquanto ela se move ao redor do Sol – como você pode ver no vídeo abaixo. Assim, a proteção solar do telescópio poderá bloquear luz e calor tanto do Sol quanto da Terra e da Lua.

O James Webb foi idealizado em 1996 e, desde então, recebeu um investimento de cerca de US$ 10 bilhões. Ele ficará em órbita no ponto L2 até o fim de suas atividades, daqui a cinco ou dez anos, quando ficará sem combustível.

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A gamificação no tratamento e na reabilitação dos pacientes

Os jogos sempre foram um meio de lazer e entretenimento para milhões de usuários espalhados pelo mundo, mas esse número aumentou com a necessidade do isolamento social decorrente da Covid-19.

Hoje em dia, nem mesmo o fator idade é um empecilho para se apaixonar pelos games, já que existem conteúdos desenvolvidos para todas as faixas etárias.

No cenário brasileiro, temos acompanhado o crescimento na disponibilidade de jogos não apenas para entretenimento, mas também dos chamados serious games ou, na tradução literal, “jogos sérios”.

Entram na categoria simuladores de voo na aviação, programas para treinamento de operadores nas indústrias, plataformas educativas para apoiar o processo de aprendizagem e, na saúde, jogos que ajudam na prevenção ou no tratamento.

A popularização dos serious games em diferentes áreas e formatos é um reflexo das ações criadas por empresas que investem na tecnologia para se aproximar de seu público.

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Além de tornar a rotina do consumidor mais fácil e divertida, esses sistemas de gamificação podem melhorar a relação entre profissional e cliente ou mesmo entre médico e paciente.

Um exemplo disso é a solução desenvolvida pela NeuroUp, uma startup de Recife que participou do Batch #3 do Samsung Creative Startups, programa nacional de aceleração de startups da Samsung.

A empresa criou um equipamento com sensor de biofeedback chamado Myobox que auxilia o treinamento muscular dos pacientes com a participação ativa, porém remota, do fisioterapeuta.

Com o aparelho e o sistema de gamificação concebidos pela empresa, o profissional descreve os exercícios que devem ser feitos e o paciente pode cumpri-los ao mesmo tempo em que joga.

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Com o Myobox, que pode ser aplicado em várias partes do corpo de acordo com a necessidade do usuário, o paciente controla uma espaçonave por meio de movimentos de relaxamento e contração dos músculos para destruir asteroides em seu caminho.

O jogo transcorre na tela do smartphone e, quanto maior a taxa de acerto dos asteroides, melhor é o desempenho do usuário nos exercícios e, consequentemente, melhores serão os resultados do treinamento muscular. Essa tecnologia facilita a prática dos movimentos e reduz o índice de abandono do tratamento.

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Ao permitir que o paciente tenha participação mais ativa em sua própria recuperação, a plataforma da NeuroUp desperta um senso de colaboração junto ao profissional que faz o acompanhamento e propicia uma evolução mais tangível.

Além de todos esses benefícios, o sistema possibilita a realização dos exercícios em qualquer lugar. Essa é uma vantagem não apenas para o paciente, que pode evitar deslocamentos frequentes ou manter o treinamento muscular em viagens longas, mas também para os profissionais, que têm a facilidade de acompanhar o progresso do treinamento em relação às atividades propostas.

Ao final da sessão, os dados do usuário são armazenados em nuvem e o servidor da NeuroUp envia um relatório em PDF, que pode ser salvo, impresso e compartilhado com o fisioterapeuta, permitindo até mesmo a análise biomecânica e de simetria entre músculos.

Esse é um exemplo claro de como a tecnologia e a inovação podem contribuir para a criação de soluções cada vez mais criativas e eficazes, que facilitam o dia a dia das pessoas e renovam as práticas e o acesso a saúde e bem-estar.

Ferramentas de gamificação como essa permitem que os usuários tenham maior controle sobre suas rotinas, decidindo onde aplicar seu tempo e podendo realizar tarefas comuns em diferentes horários e lugares… E de um jeito bem mais divertido.

*Paulo Quirino é gerente de Inovação da Samsung Brasil

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sábado, 25 de dezembro de 2021

Comfort food, ou comida confortante: ela tem seu espaço, mas sem exageros

Final de ano costuma ser a época em que ficamos mais sentimentais e sensíveis. E vamos combinar que os momentos atuais estão particularmente desafiadores… A comida, muitas vezes, acaba virando um acalento frente a emoções que nem sempre são positivas.

Aquela cena clássica do cinema em que a mocinha, em lágrimas, se atraca com um pote de sorvete para se sentir acolhida em um momento triste é o retrato fiel da utilização da comida muito além da nutrição.

Comfort food, ou comida confortante, é um termo que está relacionado a esse conforto emocional e à sensação de prazer gerada a partir do consumo de alguns alimentos.

Nossas escolhas à mesa podem estar diretamente ligadas aos costumes familiares e culturais e também com questões emocionais ligadas a um determinado alimento ou receita. Essa comida pode te fazer recordar episódios de felicidade, trazendo aquela sensação tão desejada de calma e tranquilidade.

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Normalmente, para algumas pessoas, as preparações reconfortantes remetem a eventos entre família e amigos, contribuindo para um sentimento nostálgico.

A torta de maçã clássica da avó, o ensopado da mãe ou até mesmo a limonada que só o seu pai sabe fazer são exemplos de alimentos capazes de gerar um certo conforto psicológico e físico. Assim como itens ricos em açúcar, gorduras e calorias: uma pizza com bastante queijo, uma barra de chocolate, um hambúrguer completo ou um pote de sorvete com bastante calda.

Alguns estudos estabelecem quatro categorias para as comfort foods:

  • Comidas nostálgicas: aquelas relacionadas a um período ou lugar significativo na sua história.
  • Comidas de indulgência: são capazes de despertar esse sentimento. O prazer obtido pelo alimento é priorizado, podendo gerar uma sensação de culpa após o consumo.
  • Comidas de conveniência: de fácil preparação ou obtenção. Exemplos: produtos congelados e fast foods.
  • Comidas de conforto físico: aquelas cuja sua composição gera sensação de prazer, bem-estar.

Não tem problema, vez ou outra, se entregar a um prato porque ele remete a boas memórias. Afinal, vale reforçar: ninguém come só para obter nutrientes.

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Só que a história começa a ficar mais complexa quando a busca por comida se transforma em uma maneira de abafar situações que fazem a gente sofrer.

O alívio do desconforto emocional pode até acontecer, mas momentaneamente. Na maioria das vezes, depois do prazer, vem sentimento de culpa, raiva, tristeza e uma maior instabilidade emocional. Vira, assim, um círculo vicioso.

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Se você acha que, em algumas ocasiões, come em função de emoções, e não por necessidade orgânica, vale a pena traçar algumas estratégias para que isso não aconteça frequentemente.

Uma forma simples é fazer uma lista de atividades a serem realizadas nesses momentos, de acordo com seu estado emocional. Caso sinta-se sozinho, poderá ligar ou visitar um amigo, por exemplo.

Outras ideias incluem ouvir música, dar uma volta, brincar com uma criança ou animal de estimação, ler um livro e tomar um banho relaxante.

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Cada pessoa tem suas preferências, então você deve fazer uma lista das atividades que julga mais prazerosas. Na hora da busca por alimentos, selecione uma das opções da lista. Se não houver necessidade orgânica de comida, a percepção de fome vai passar.

Agora, vamos falar de mais duas coisas que devem ser trabalhadas para melhorar a relação com a comida.

Você sabia que a própria restrição alimentar pode ser um motivo de estresse e, por isso, agravar esse desejo de comer por problemas emocionais?

A verdade é que dieta restritiva não pode ser mantida por longo prazo: o organismo não aguenta. Ela deixa a gente de mau humor, ansioso e com uma fissura para comer justamente o que é mais gorduroso ou cheio de açúcar. Daí porque é importante comer direito, sem proibições.

E nada de comportamento compensatório. Sabe aquele raciocínio: “Como hoje eu comi demais no almoço, vou comer tudo o que tenho direito até à noite e, amanhã, recomeço o regime”? Não funciona! Isso só confunde nosso metabolismo, associando períodos de fartura com fases de restrição.

Exagerou em uma refeição? Sem problemas! Às vezes a gente faz isso mesmo – todo mundo come um pouco a mais em um dia.

Se sua alimentação for regular na maioria das vezes, não há motivo para preocupação. Simplesmente retome sua dieta adequada e a prática rotineira de atividade física. Tudo seguirá nos eixos.

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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Ressaca: o que de fato funciona contra os sintomas?

As comemorações na época de fim de ano por vezes levam ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas, e o resultado é conhecido: a ressaca. Medidas para aliviar os efeitos são inúmeras, mas nem todas eficazes.

O primeiro passo, de acordo com os especialistas, é não exagerar. Vale lembrar que doenças como a cirrose hepática, alguns tipos de câncer e problemas cardiovasculares estão relacionados à ingestão alcoólica sem limites.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), agência para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), três milhões de mortes, por ano, resultam do uso nocivo do álcool.

“Uma quantidade exagerada é mais de 20 gramas de álcool para mulher e mais de 30 gramas para homem”, indica Mônica Valverde Viana, diretora da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). Na prática, são duas taças de vinho ou duas latas de cerveja para o homem e a metade para a mulher, por dia.

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O número de doses depende do teor alcóolico de cada tipo de bebida – e muda de acordo com o sexo. O homem tem uma maior quantidade de enzimas que são utilizadas na metabolização do álcool, por isso a indicação para as mulheres é menor.

Se ultrapassamos essa quantidade, o organismo não consegue metabolizar tudo de uma só vez, gerando a desidratação e a hipoglicemia, segundo Viana. “A ressaca vai ser causada principalmente por isso”, explica.

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A hidratação, entre as doses, é o segundo passo para evitar os sintomas. “Para cada taça de vinho, duas de água, para prevenir um efeito mais deletério sobre o organismo”, orienta a especialista. Outra recomendação é jamais beber de estômago vazio.

No dia seguinte, mais água

Se os cuidados durante a ingestão de álcool não foram colocados em prática, eles devem ser adotados no dia seguinte: hidratação com água, isotônico e suco de frutas. Outra recomendação é para que favoreça refeições leves e, se possível, descanse, para que o corpo possa se recuperar.

Remédio para o fígado funciona?

Tomar remédio para o fígado antes ou depois de beber é inútil, segundo os especialistas. “Não existe nada provado em estudos científicos que valha a pena fazer isso. O ideal é se ater à quantidade de álcool de acordo com a bebida que está ingerindo”, afirma Mônica.

Outro engano é achar que, quando se é jovem, a ressaca é mais leve. Mas a idade não tem tanta interferência nos efeitos do excesso. “Tem a ver com o sistema de metabolização do álcool pelo organismo. As enzimas digestivas, principalmente as que temos no estômago e no fígado, variam de pessoa para pessoa”, explica a diretora da SBH.

Segundo Viana, pessoas mais velhas tendem a tomar mais medicamentos, como por exemplo para hipertensão ou diabetes. Isso leva à uma sobrecarga do fígado, responsável por metabolizar esses remédios. “Por isso, a gente tende a ver um pouco mais desses efeitos deletérios do álcool nos indivíduos mais idosos”, completa.

*Este texto foi  publicado originalmente pela Agência Einstein.

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