A volta do sarampo no Brasil – já são mais de 600 casos confirmados, a maioria em São Paulo – é uma grande uma preocupação por si só. Mas ela também mostra que o país está sujeito à reintrodução de outra infecção: a rubéola.
Por quê? Ora, ambas as doenças são preveníveis com as mesmas vacinas: a tríplice (contra sarampo, caxumba e rubéola) e a tetraviral (que ainda nos protege da catapora). E as taxas de vacinação estão deixando a desejar nos últimos anos.
Em 2017, apenas 85% do público-alvo recebeu a primeira dose no SUS, de acordo com o Ministério da Saúde. O número despenca para 79% na segunda – para conter surtos e evitar a reintrodução da rubéola, a meta é de 95%. Para efeito de comparação, em 2015 os índices de imunização com a primeira dose chegaram a 96%.
“Da mesma forma que pessoas com sarampo vieram ao Brasil e espalharam a doença em uma população suscetível, o mesmo pode acontecer com a rubéola”, alerta o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
Não à toa, a Organização Pan-americana da Saúde (Opas) emitiu um alerta sobre a rubéola em junho de 2019. A entidade pede para que os países da área intensifiquem os esforços de vacinação. E informa que já foram confirmados três casos da doença na Argentina e mais um no Chile – todos vieram da China ou da Índia, que, assim como a África, sofrem com a rubéola.
Em 2015, as Américas foram as primeiras regiões a serem consideradas livres da transmissão endêmica dessa enfermidade. Um título que está em risco (Canadá, México e Estados Unidos também reportaram casos nos últimos anos).
“Os números parecem pequenos, mas mostram que temos uma situação de fragilidade”, afirma Cunha. “Sem vacinação adequada, a rubéola pode voltar”, conclui.
No Brasil, o último surto ocorreu em 2008, quando foram confirmados 2 155 casos, segundo o Ministério da Saúde. De 2009 em diante, nosso país não reportou mais episódios do problema.
Mas o que a rubéola por causar se voltar a assolar o Brasil? Veja a seguir:
O que é rubéola e quais seus sintomas e complicações
Essa doença é causada por um vírus do gênero Rubivirus. Ela é transmitida por secreções nasais ou gotículas de saliva – quando tossimos ou espirramos, por exemplo. E é altamente contagiosa (embora um pouco menos do que o sarampo).
Do ponto de vista dos sintomas, essa doença pode desencadear febre baixa, dor de cabeça e um pouco de coriza. Muitas vezes surgem pintinhas – de novo, com menor intensidade do que com o sarampo.
O sinal mais característico da rubéola é o aumento de gânglios na parte de trás do pescoço. Trata-se de um inchaço na região.
São raros os casos de complicação na população geral. Mas a grande preocupação envolve as gestantes. “Uma infecção durante a gravidez pode causar a síndrome da rubéola congênita”, informa Cunha. O risco é maior nos primeiros meses, chegando até a 80% dos casos de acordo com o médico.
Nesse quadro, o bebê sofre malformações com consequências sérias. Ele pode desenvolver males cardíacos e neurológicos, além de surdez, por exemplo. Além disso, há a probabilidade de um aborto em decorrência da infecção.
“Não queremos que a rubéola volte a causar esse tipo de estrago. Para isso, precisamos adotar as medidas de prevenção”, finaliza Cunha. Ou seja, temos que vacinar, vacinar e vacinar.
Inclusive porque não há um remédio específico contra a rubéola. As pessoas infectadas devem repousar e se hidratar, além de se isolar momentaneamente.
Surto de sarampo indica que também estamos suscetíveis à rubéola Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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