Eu sou Pedro, tenho 27 anos. Trabalho no banco Bradesco como programador web há 3 anos. Inicie como estagiário e fui efetivado após 1 ano de empresa. Sou bastante determinado, organizado e flexível. Pratico natação e tenis duas vezes por semana. Adoro viajar com a namorada para lugares que tenha praia. Tenho bastante interesse por aviação e não dispenso um bom prato de lasanha.
Estudo realizado por equipe internacional de pesquisadores com apoio da Fapesp revela que a infecção pelo vírus chikungunya pode causar sintomas para além de febre, cefaleia, erupção cutânea e dores articulares e musculares. A análise, realizada por 38 pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade de São Paulo (USP), Ministério da Saúde, Imperial College London e Universidade de Oxford, indica que o patógeno é capaz de invadir o sistema nervoso central e comprometer funções motoras.
“Além da possibilidade de o vírus infectar o sistema nervoso central, identificamos também que a letalidade da doença é maior em adultos jovens e não em crianças ou idosos, como se costuma prever em surtos da doença. A investigação mostra ainda que pacientes com diabetes parecem morrer com frequência sete vezes maior durante as fase aguda e subaguda da doença [entre 20 e 90 dias após serem infectados] que indivíduos sem a comorbidade”, diz William Marciel de Souza, pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e coautor do artigo publicado na revista Clinical Infectious Diseases.
O chikungunya é transmitido por meio da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Os sintomas mais comuns são febre alta, dores de cabeça, nas articulações e nos músculos, náusea, fadiga e erupções na pele – por três semanas após a infecção. Depois desse período, alguns pacientes evoluem para a fase subaguda, com a persistência desses sintomas. Em certos cenários, a dor nas articulações persiste por mais de três meses, indicando a transição para o estágio crônico, que chega a durar anos.
O trabalho teve como base uma ampla gama de dados clínicos, epidemiológicos e amostras laboratoriais de pacientes que morreram durante o maior surto da doença nas Américas, ocorrido no Estado do Ceará, em 2017. Na época, foram registrados 105 mil casos suspeitos e 68 mortes. A documentação dos dados coletados durante a epidemia foi realizada pelo Serviço de Verificação de Óbitos da Secretaria de Saúde do Ceará.
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Os cientistas também verificaram os prontuários médicos e observaram que a maioria dos infectados que morreram durante o surto no Ceará apresentou síndrome neurológica – lesões no sistema nervoso central que podem ser altamente incapacitantes por comprometerem as principais funções motoras.
Das 36 amostras de tecido cerebral de indivíduos que vieram a óbito, quatro (ou 11%) continham o micro-organismo. “A presença do vírus dentro do cérebro significa uma caracterização clara de que ele consegue causar uma infecção no cérebro e na medula espinhal”, explica Souza.
Além das novas características da infecção, os pesquisadores identificaram que o risco de morte nas fases agudas e subagudas era sete vezes maior em pacientes com diabetes. “Essas novas informações deverão contribuir para o reconhecimento de fatores causadores de gravidade”, pondera Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, que também assina o estudo.
Os pesquisadores também revelaram padrões inesperados para epidemias de arboviroses. Por exemplo: segundo o experimento, idosos e crianças não representam os grupos etários com maior risco de morte. Pelo contrário, entre os mortos no surto de 2017, a maioria era de adultos (40 anos ou mais).
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De acordo com Souza, o achado reforça que, em um surto como o ocorrido no Ceará, não necessariamente o grupo de maior risco envolve as pessoas com o sistema imunológico suprimido ou deficiente. “Eram adultos jovens e saudáveis e não havia comorbidade relacionada na maioria dos casos. Isso adiciona mais uma camada à doença e pode ser uma informação de extrema importância para a prática clínica”, argumenta.
Mas ele destaca que os pacientes que morreram tinham uma variação etária grande. Havia óbitos de crianças com 3 dias de idade até pessoas com 85 anos.
“Ajude-me, Obi-Wan Kenobi. Você é minha única esperança.” Essa é a mensagem holográfica, gravada pela Princesa Leia e armazenada no droide R2-D2, que dá início à aventura do primeiro Star Wars, em 1977.
De Minority Report aos filmes do Homem de Ferro, os hologramas são recorrentes na ficção científica e na cultura pop em geral. Mas o uso da tecnologia na vida real é bem menos glamouroso, ficando restrito a imagens estáticas, feitas em superfícies de cartões, cédulas, figurinhas e passaportes.
Uma nova pesquisa, porém, pode ter dado um salto na evolução dessa tecnologia. Cientistas da Universidade de Agricultura e Tecnologia de Tóquio, no Japão, criaram um filme holográfico. Usando raios laser e uma metassuperfície, eles projetaram uma imagem tridimensional da Terra:
A chave para entender o fenômeno está nas tais metassuperfícies, um material de filme extremamente fino, com nanômetros de espessura – um nanômetro, vale dizer, equivale à milionésima parte de um milímetro. Esse material, por sua vez, é composto por nanoestruturas, cujo formato e organização são planejados para manipular as ondas de luz que passarem sobre elas.
Para fazer o holograma, os pesquisadores se inspiraram nos primeiros projetores cinematográficos, em que o rolo de filme passava na frente de um foco de luz e o resultado era projetado na tela. Nos hologramas, ao invés de atravessar o rolo de filme, a luz atravessa essa metassuperfície. Eles imprimiram uma matriz com 48 frames retangulares da metassuperfície, feitos, sobretudo, de ouro. A microestrutura foi arranjada em uma escala menor, inclusive, que o comprimento de onda da luz – guiando sua trajetória.
Os frames eram ligeiramente diferentes um do outro, para dar a sensação de movimento. Daí, quando o laser passava por eles, acontecia o fenômeno da difração – que é quando uma onda eletromagnética (no caso, a luz) encontra um obstáculo – e a imagem tridimensional é gerada. A reprodução foi feita em looping na velocidade de 30 frames por segundo (fps) – no cinema, o padrão clássico é de 24 fps.
No experimento, os cientistas usaram um laser de héio-neon, que gera uma luz avermelhada. No futuro, eles planejam desenvolver hologramas em mais cores, e que seja visível de qualquer ângulo. A pesquisa foi publicada no início de agosto no Optics Express, uma publicação da Optical Society of America (OSA), entidade científica dos EUA que divulga pesquisas da área de óptica e fotônica.
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O estudo, no entanto, não foi o primeira a explorar as propriedades das metassuperfícies. Em 2019, pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP, criaram hologramas a partir dessas nanoestruturas. Em formato cilíndrico, elas foram feitas com silício cristalino, que absorve pouca luz e, assim, consegue transmitir o laser com maior intensidade. O trabalho brasileiro foi destaque na OSA.
O holograma foi inventado em 1948 pelo físico húngaro Dennis Gabor (1900-1979). A palavra vem do grego: “holos” (“inteiro”) e “graphos” (“sinal”, “escrita”), e está relacionada com sua aplicação: a tecnologia permitir armazenar dados de forma integral, guardando informações sobre seu relevo e profundidade – ao contrário das imagens 2D convencionais.
Para criar um holograma, são necessários dois feixes de luz: um deles deve atingir o objeto a ser retratado; o outro é projetado diretamente sobre o filme. Quando essas duas imagens se juntam, ocorre uma interferência, já que elas são diferentes. E é isso que causa a ilusão de profundidade na imagem resultante.
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Pela ideia, Gabor levou o Prêmio Nobel de Física em 1971. Mas a verdade é que, por anos, o conceito ficou apenas no campo teórico. Foi só com a criação do laser, nos anos 1960, que o holograma pôde ser posto em prática.
Nos últimos anos, shows com hologramas de artistas que já morreram ficaram populares. Michael Jackson, Whitney Houson e Tupac Shakur, só para citar alguns.
Mas é importante ressaltar que essas performances não são, de fato, hologramas, mas sim uma versão atualizada de um truque que existe há mais de 500 anos, em que uma imagem 2D é refletida em um vidro transparente – da mesma forma que você se vê quando olha uma vitrine de loja, por exemplo.
Essa técnica ficou conhecida como “fantasma de Pepper” – uma homenagem ao cientista britânico John Henry Pepper, que a popularizou na segunda metade do século 19. O truque, então, passou a ser usado em teatros, parques de diversão e shows de mágica. Mas basta olhar para a imagem de perto ou mudar o ângulo de visão para que o efeito desapareça.
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Os testes feitos no Japão são promissores, mas ainda vai demorar para você poder mandar mensagens holográficas para os seus amigos. A impressora usada para fazer os 48 quadros do experimento levou seis horas e meia para fazê-los – um filme de seis minutos consumiria 800 horas de trabalho. Nem o R2-D2 aguenta.
Aquele termômetro digital com sensor infravermelho — que mede a temperatura de alguém ao ser apontado contra a sua testa — virou equipamento de trabalho comum dos seguranças que controlam a entrada de parques, mercados, lojas, escritórios etc. Com a reabertura do comércio e a flexibilização da quarentena, ele vem sendo usado como um instrumento para detectar indivíduos com coronavírus (Sars-CoV-2) que seguem circulando por aí. Mas essa é uma estratégia eficiente para frear a transmissão?
O método se baseia na experiência com epidemias anteriores, que foram disparadas por parentes do Sars-CoV-2. Entretanto, no caso do novo coronavírus, a febre não parece ser um sintoma tão importante assim. “Estudos já demonstraram que a temperatura acima de 38°C aparece em menos de metade das pessoas com Covid-19”, explica o infectologista Leonardo Weissmann, também da SBI.
Até pode ser que um episódio da doença seja descoberto na fila do mercado, servindo de motivo para uma visita ao médico. “Mas, de modo geral, isso não tem acontecido nos outros países. Os estudos mostram que poucos casos são flagrados desse jeito”, diz Sylvia.
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Tanto que, por ora, não existe uma orientação oficial sobre essa medida em órgãos como o Ministério da Saúde. Em nota técnica, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não recomenda que o termômetro seja usado como parâmetro único de triagem de viajantes que chegam ao país.
O pneumologista Gustavo Prado, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, lembra que essa tática em massa falhou com outras doenças. “Há mais de uma década, vários aeroportos adotaram essa estratégia contra o vírus H1N1 da gripe. A grande maioria casos nos viajantes internacionais não foi acusada pelo termômetro”, aponta.
Situação semelhante ocorreu com o ebola. “Alguns países passaram a medir a temperatura de todos os passageiros oriundos da África, mas nenhum caso fora do continente foi detectado dessa maneira”, destaca Prado.
O número do termômetro pode ser impreciso
Além do alto índice de pacientes que carregam o coronavírus sem apresentar febre, há uma segunda limitação do método. O termômetro infravermelho precisa de condições específicas para executar seu trabalho com acurácia.
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“A temperatura superficial da testa não reflete muito bem a temperatura central”, aponta Prado. Se você passou um produto cosmético ou estava no ar condicionado, por exemplo, ela tende a ficar mais baixa. Por outro lado, ao correr ou pegar bastante sol, pode subir um pouquinho.
“Fora que o indivíduo pode ter tomado um medicamento anti-inflamatório, analgésico ou mesmo antitérmico, que abaixam a temperatura”, completa o pneumologista. Ou seja, se a pessoa estiver infectada, mas tratando uma dor de dente ou de joelho, correria um risco ainda maior de passar despercebida pela triagem. Hora do dia e idade são outros fatores que influenciam nos valores apontados pelo termômetro.
Por último, o dispositivo em si deve ser manuseado com perícia, seguindo as orientações do fabricante. Quanto mais distante o equipamento fica da testa, maior o risco de erro. Ah, é necessário que a lente ou o sensor estejam perpendiculares ao alvo — e devidamente limpos.
Termômetro infravermelho não afeta a glândula pineal
Ele pode até não ser a coisa mais importante para conter a Covid-19. Mas também não faz mal.
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Recentemente, um boato nas redes sociais alegava que usar o termômetro infravermelho afetaria a glândula pineal, estrutura do cérebro responsável por secretar a melatonina, também chamada de hormônio do sono. Segundo essa notícia falsa, o cérebro todo estaria em risco.
Fique tranquilo: o laser do termômetro digital sequer penetra tão profundamente no corpo. “Trata-se de mais uma informação falsa. Por causa desse receio, há quem peça para que a temperatura seja verificada pelo pulso, o que também está errado”, elucida Weissmann.
Como poderia ser feita uma triagem adequada contra o coronavírus?
Estamos navegando por mares ainda desconhecidos, porém um rastreamento ideal provavelmente envolverá um conjunto de estratégias. Isso porque a Covid-19 se manifesta de maneira diferentes entre as pessoas — apostar em só um parâmetro (temperatura, oxigenação do sangue, presença de tosse…) sempre envolverá um risco.
Uma possibilidade é aplicar questionários sobre alguns sintomas comuns, além da febre: tosse, dificuldade para respirar, dor no corpo, dor de garganta, diarreia, perda de paladar ou olfato, contato com casos suspeitos ou confirmados. Aliás, indivíduos com quadros assim sequer deveriam se expor, a não ser que seja para ir ao hospital ou para uma consulta.
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Mais do que tudo, deve-se apostar em comunicação bem-feita e fiscalização das medidas de prevenção reconhecidas pela ciência: lavar as mãos com frequência, disponibilizar álcool em gel, limitar a circulação, proibir aglomerações, respeitar o distanciamento social e tornar obrigatório o uso de máscaras.
Resumo da ópera: não pense que, só porque um estabelecimento faz a checagem de temperatura na porta, o ambiente interno está livre de Covid-19. Em conjunto com os protocolos já consagrados de prevenção da transmissão, o termômetro pode ter uma utilidade marginal — nada além disso. “Ele talvez iniba as pessoas a saírem de casa se estiverem sentindo algo”, conclui Weismann.
Brasileiros de 20 a 49 anos agora tem até o dia 31 de outubro de 2020 para tomar a vacina contra o sarampo. O Ministério da Saúde ampliou a campanha de vacinação dessa faixa etária — que originalmente terminaria no dia 31 de agosto — por causa da baixíssima adesão.
Para controlar a doença por meio da imunidade coletiva, estima-se que 95% da população deve estar imunizada. O sarampo está entre as infecções com maior capacidade de transmissão.
A campanha começou em 2019, quando irrompeu um surto do vírus no país. As duas primeiras etapas ocorreram no ano passado, com o objetivo de vacinar crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade e, depois, jovens de 20 a 29 anos. O terceiro estágio teve como público-alvo as pessoas de 5 a 19 anos e ocorreu entre 10 de fevereiro a 13 de março de 2020.
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A turma dos 20 aos 49 anos figura entre as priorizadas por supostamente ter uma menor taxa de vacinação na infância contra o sarampo. E porque houve uma mudança no calendário de vacinação que interfere na proteção contra essa infecção no longo prazo. Logo, quem é mais velho pode não ter se imunizado adequadamente.
Atenção: mesmo os brasileiros de 20 a 49 anos que já receberam as picadas na infância devem ir aos postos para uma dose de reforço. Embora seja bastante eficaz, a vacina contra o sarampo pode não proteger adequadamente alguns indivíduos. E a vacinação extra minimiza esse risco.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, do início do ano até 25 de julho foram confirmadas 7 293 infecções em 21 estados. Entre eles, destacam-se: Pará (4 713 casos – 64,6% do total), Rio de Janeiro (1 241 casos – 17%), São Paulo (721 casos – 9,9%), Paraná (305 casos – 4,2%) e Santa Catarina (111 casos – 1,5%).
No momento, o país registra cinco mortes por sarampo, sendo três no Pará, uma no Rio de Janeiro e uma em São Paulo. Todas as regiões do Brasil apresentam surto do problema.
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Quem mais deve tomar a vacina do sarampo?
Apesar da campanha em andamento, esse imunizante segue disponível o ano todo para crianças e adultos em certas condições. Clique aqui para acessar o Calendário Nacional de Vacinação.
Empresa fundada por Elon Musk revelou a nova versão de seu implante cerebral – mas ignorou três pontos cruciais para a viabilidade dele
Na sexta-feira à noite, em uma apresentação pela internet, a Neuralink revelou seu novo implante cerebral de um jeito impactante: capturando, ao vivo, sinais elétricos do cérebro de um porquinho que havia recebido o chip. Foi uma demonstração impressionante, que teve ampla e merecida repercussão – leia todos os detalhesnesta ótima reportagem da Super. Mas Elon Musk também deixou algumas perguntas sem resposta.
A Neuralink não inventou os implantes neurais, ou brain-machine interfaces (BMI). O mais tradicional deles é oUtah Array, que foi desenvolvido nos anos 1990 pela empresa americana Blackrock Microsystems e tem 100 eletrodos. O implante Brain Gate, quefoi inserido em uma pessoa tetraplégica, tem 96. O novo modelo da Neuralink possui 1.024 eletrodos, dez vezes mais. A empresa realmente parece estar fazendo progresso.
Isso provavelmente tem a ver com o método de inserção: um robô que é capaz de operar de forma 100% autônoma (embora seja monitorado por um cirurgião, que pode assumir o controle a qualquer momento) e, segundo a Neuralink, implantar até 192 eletrodos por minuto.Um estudo publicado ano passado-e, até o momento, único documento técnico divulgado pela empresa- relata a inserção de 3.072 eletrodos, cobrindo uma área de 4×7 mm no cérebro de um camundongo.
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Nesse trabalho, a empresa diz ter realizado 19 cirurgias, com 87,1% de sucesso. E esse é o primeiro ponto em aberto. Trata-se de uma quantidade de procedimentos extremamente baixa, que impede uma análise estatística confiável. Se o procedimento é totalmente automatizado, e utiliza ratos de laboratório, a Neuralink já poderia ter ampliado a escala dos testes. É possível que haja algum obstáculo técnico importante, que a empresa não menciona. A Neuralink também não informa o que aconteceu com os 12,9% de cobaias cujos implantes não deram certo – se elas ficaram com sequelas, por exemplo. E nos implantes em porcos, como o mostrado na sexta-feira?
A segunda questão crítica não abordada pela empresa está na durabilidade do implante. Todos os BMIs desenvolvidos até hoje têm esse problema. Com o tempo, o cérebro vai degradando os eletrodos, que perdem a capacidade de captar e transmitir sinais elétricos.O implante Brain Gate inserido em um tetraplégico foi testado após quatro anos e, embora ele ainda funcionasse (a pessoa ainda conseguia usá-lo para guiar um cursor numa tela), 55 dos 96 eletrodos já não forneciam sinais. Num dos testes realizados, a precisão dos movimentos do cursor caiu dramaticamente, de 100% para 67,5%. Uma queda dessa magnitude poderia ser suficiente, por exemplo, para impedir os movimentos de uma pessoa conectada a um exoesqueleto robótico.
O terceiro ponto em aberto está na quantidade de eletrodos implantados pela Neuralink.É muito mais do que antes, mas não é o suficiente para gravar e reproduzir memórias:uma possibilidade bemBlack Mirrorque, segundo Musk, o implante um dia poderá ter.Com o conhecimento científico atual, isso não acontece, por dois motivos. A memória é um conjunto de relações semipermanentes de afinidade entre neurônios, ou seja, está distribuída por todo o neocórtex – possivelmente, sob a coordenação do hipocampo. E ambas as coisas jogam contra a Neuralink. Se as memórias percorrem todo o neocórtex, seria necessário um implante impraticavelmente grande, que cobrisse o cérebro quase inteiro, para capturá-las. Além disso, a tecnologia da empresa só é capaz de inserir eletrodos na camada mais externa do cérebro – muito longe do hipocampo, que fica bem no centro do órgão. (Em 2011, cientistas da Universidade da Califórniasubstituiram o hipocampo de ratospor um chip. Mas isso usa uma técnica diferente, muito mais agressiva e menos “sobrevivível” que o implante da Neuralink).
Outras funções mentais avançadas, como o raciocínio, também são altamente distribuídas – e ainda menos compreendidas pela ciência do que a memória. Para criar implantes cerebrais capazes de fazer uma “simbiose entre o cérebro e a inteligência artificial”, como Musk pretende, não bastaria avançar na tecnologia de inserção de eletrodos. Seria preciso dar um salto incalculavelmente mais difícil: compreender como o emaranhado de sinais eletroquímicos do cérebro produz a consciência.
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Não é impossível desenvolver implantes e tecnologias para aumentar a capacidade do cérebro.Há várias universidades e empresas tentando fazer exatamente isso. Mas o caminho não é, nem de longe, tão claro quanto a retórica de Elon Musk pode fazer parecer. Se tudo der certo, nos próximos anos os implantes da Neuralink se afirmarão como uma alternativa mais segura e durável para aplicações neuromotoras – recuperando alguns movimentos de pessoas tetraplégicas. Já é muita coisa.
Há uma máxima comum da cultura das dietas: “Toda vez que eu engordo, faço uma ‘dietinha’ para emagrecer”. Mas eu quero propor uma inversão desse pensamento: busque adotar uma alimentação que mantenha você magro e, quando quiser e planejar, dê uma “abusadinha” — voltando ao padrão na sequência.
Alimentação saudável não é uma coisa temporal, que você deve fazer por um tempinho. Ela não tem peso de início e peso de término. Com o raciocínio das dietas, tendemos a adotar comportamento binário: em um momento posso tudo e, no outro, não posso nada.
Vamos fazer um paralelo com aquele projeto de trocar um carro usado por um novo. Para completar o dinheiro que falta, dá para ir ao banco e pegar um empréstimo. Mas, no final das contas, os juros do banco farão você pagar um valor muito mais alto do que o do automóvel. Voltando à sua alimentação: se todo dia comer algo a mais que não está planejando, você vai engordar lentamente.
O pior é que menosprezamos as calorias contidas nessas escapadinhas do dia a dia. Eu me refiro ao chocolatinho, ao docinho, ao vinhozinho, ao pedacinho de pizza a mais… Tudo no diminutivo, mas as calorias continuam sendo ingeridas por inteiro. Que nem aqueles “jurozinhos” do banco, que no fim sujam seu nome na praça.
Experimente virar o jogo. Ou seja, em vez de sempre incluir um “diminutivo” mais no seu cardápio diário, tire um. Hoje comerei um chocolatinho a menos, ou tomarei um vinhozinho a menos. Busque pequenas mudanças, que podem ser cumpridas no longo prazo.
O resultado será a economia de estresse que uma dieta impõe, sem abrir mão de tudo que você gosta. Claro que você pode continuar desfrutando chocolates, vinhos ou o que for. O ponto é: planeje-se para consumi-los em momentos específicos. E evite aquele repeteco desnecessário, que nem vai trazer mais tanto prazer. Poupe a ingestão das calorias sempre que puder no seu dia a dia.
Com isso, você vai esquecer essas dietas com começo, meio e fim — que simplesmente não funcionam no longo prazo. Evitá-las e pensar na alimentação como algo que você deve prezar a vida inteira é a forma de programar uma vida magra.
Richard Feynman foi um físico brilhante, ganhador do prêmio Nobel em 1965 por sua formulação da eletrodinâmica quântica. Ele era íntimo do mundo microscópico; transformou a matemática complexa das interações entre partículas em diagramas intuitivos – que seu colega alemão Julian Schwinger, com quem dividiu as láureas da academia sueca, afirmou certa vez serem “pedagogia, não física”, de tanto que facilitavam a vida dos físicos.
Ao contrário da maioria dos gênios, porém, Feynman não foi apenas um gênio. Era também um Homo sapiens transbordante em qualidades e defeitos. Enquanto colaborava com a construção da bomba atômica – trancado em uma base secreta das Forças Armadas em Los Alamos, no sul dos EUA –, arrombava arquivos confidenciais por hobby, recebia cartas criptografadas de sua esposa para irritar os censores e saia do quartel por um buraco na cerca em vez de passar na portaria.
Eterno crítico da puxação de saco, formalidade e hierarquia – “Jamais cometerei esse erro de novo, o de ler a opinião dos especialistas” é uma de suas frases famosas –, Feynman era patologicamente incapaz de pôr ordem na própria vida ou manter uma agenda. Ao pousar em um aeroporto para um simpósio, não sabia o endereço nem o nome da universidade para a qual deveria ir. Então, pediu para que o taxista o levasse ao mesmo lugar que os outros nerds tinham ido.
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Em visita ao Brasil – que amava –, saiu tocando frigideira em um bloco carnavalesco no Rio de Janeiro em 1952, deu palestras no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas usando o melhor português que conseguiu improvisar (para surpresa dos cientistas brasileiros, que falaram inglês para agradá-lo) e foi sério candidato a pior boy lixo da história da noite carioca.
“Só pode ser brincadeira, Sr. Feynman” é a autobiografia de um anti-herói brutalmente sincero, que o leitor ama, odeia e ama de novo. Leitura obrigatória para quem quer conhecer as personalidades de carne e osso por trás da física esotérica do século 20.
Esse é o #SuperLivros. Todos os domingos, a SUPER recomenda uma obra que inspira nossos redatores a escrever o conteúdo que você acompanha na revista impressa, no nosso site e nas redes sociais. Até o próximo final de semana!
Em uma consulta, o paciente responde a um questionário, escrito ou oral, relatando seu histórico de doenças e os sintomas que está sentindo. Com essas informações, o médico solicita diversos exames, ou seja, busca mais informações sobre o problema e, de posse delas, consegue chegar ao diagnóstico e ao prognóstico. Essa é a rotina comum a todos os hospitais e consultórios e que se repete a cada atendimento.
E se todos esses dados pudessem ser combinados e tratados de forma automática, oferecendo novas possibilidades de análise e uma visão mais completa para determinar orientações e políticas de prevenção e bem-estar? É justamente esse questionamento que está instigando os principais players de medicina do país.
A tecnologia avançou significativamente nos últimos anos e as soluções de coleta, análise e tratamento de grandes volumes de informações finalmente chegaram ao setor da saúde. Hoje, não faltam opções para médicos e cientistas que desejam combinar diferentes informações para desenvolver os melhores serviços e atendimentos à população.
O mercado global de inteligência artificial, por exemplo, deve saltar de 4,9 bilhões de dólares em 2020 para mais de 45 bilhões em 2026, segundo estimativa da consultoria MarketsandMarkets.
O problema é que, por mais que a tecnologia esteja disponível, há uma barreira cultural que precisa ser ultrapassada. Os profissionais de medicina não sabem trabalhar com os dados existentes (e em número cada vez maior) porque não precisaram lidar com eles ao longo de sua formação. Ainda hoje a maioria das escolas de medicina não ensina a importância dos dados ou do big data em sala de aula. Como as fontes de informação eram reduzidas e o acesso era limitado, os profissionais contavam com o conhecimento adquirido na universidade e, principalmente, com a destreza de fazer o diagnóstico correto a partir dos sintomas descritos.
Mas o mundo mudou muito nos últimos anos – e o setor de saúde acompanhou as transformações. Atualmente, o médico precisa acessar diferentes conteúdos técnicos para se manter atualizado, atender um número grande de pacientes, com diferentes características e particularidades e, principalmente, antever sintomas e doenças para garantir mais qualidade de vida em vez de só prescrever tratamentos.
Como se vê, os dados estão cada vez mais presentes na rotina médica e em um volume crescente e gigantesco. Não dá mais para ignorar e confiar apenas nos conhecimentos e instintos individuais.
Somente com o cruzamento de todas essas informações é possível ter uma visão mais clara da situação e identificar as melhores soluções. A pandemia de Covid-19 evidenciou essa necessidade. Sem a análise acurada dos dados sobre a doença, é praticamente impossível adotar medidas eficazes de contenção e prevenção.
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A Nova Zelândia e a Coreia do Sul, por exemplo, dois dos países com melhor desempenho no combate ao novo coronavírus, conseguiram combinar dados digitais demográficos com informações clínicas para prever as regiões que poderiam ter uma explosão de casos por conta do deslocamento das pessoas infectadas. E agiram a partir daí.
Utilizar com critério essa massa de informações disponíveis já é uma realidade no dia a dia de profissionais e instituições de saúde. Para o médico, o aprendizado sobre os dados vem se somar ao conhecimento sobre sinais e sintomas, diagnósticos e particularidades clínicas. É a partir do cruzamento desses campos que consultórios, clínicas e hospitais podem ampliar seu poder de análise e identificar o que deve ser feito e oferecido para melhorar a vida dos pacientes.
É uma tendência da qual não adianta fugir. Saber se adaptar a ela é o que vai permitir que médicos e hospitais possam prestar o melhor atendimento à população.
* Daniel Christiano é físico médico e líder da vertical de saúde da Semantix
Nota rápida: se você já está atualizado sobre o projeto e quer saber das novidades anunciadas no YouTube na sexta (28), pule o começo do texto e vá direito para a última seção.
Mais do que pelosucesso nos negócios, Elon Musk construiu fama por ter o hábito de apostar suas fichas em qualquer projeto que julgue ser uma boa ideia. Isso já fez o bilionário se aventurar pelo mercado da tecnologia de diversas formas – de carros elétricos apainéis solares, passando portrens-bala ultra-rápidose, mais recentemente, projetos de exploração espacial. Em 2017, no entanto, Musk veio à público com um plano tão pretensioso quanto a colonização de Marte: fundir computadores ao cérebro humano.
O projeto Neuralink foi divulgado pela primeira vez em março daquele ano. A história era que Musk, fascinado pela possibilidade de integrar homem e máquina,comprara a empresaem janeiro de 2017. Não havia produto nenhum, apenas uma ideia a ser desenvolvida. Para o bilionário sul-africano, era o suficiente.
No mês seguinte, o empresário fez sua primeira tentativa de explicar ao mundo que viagem era aquela. Para isso, bancou um divulgador científico para contar a ideia da forma mais acessível possível – o que inclui bonecos de palito e outros desenhos à mão livre.
O resultado dessa parceria você pode conferirneste postdo blogWait But Why,assinado pelo escritor americano Tim Urban – que, aliás, é uma indicação atemporal deboa fonte científica.Trata-se de um texto gigantesco, que levou semanas para ser escrito, mas cuja ideia tentaremos resumir em algumas poucas linhas.
Intercalando conceitos complexos de neurociência e entrevistas com o empresário e integrantes da equipe do Neuralink, o texto anunciava um protótipo de chip. Ele seria implantado no cérebro, e conseguiria captar os sinais eletroquímicos que os neurônios emitem e traduzi-los de uma forma que pudessem ser interpretados por um computador.
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Na época, a proposta dos fundadores era ajudar pessoas com lesões graves no cérebro, ou que tivessem perdido os movimentos por causa de um derrame, por exemplo. Mas o texto revela aspirações ainda maiores. Para além dessa aplicação na área da saúde, o projeto poderia servir para criar diluir as fronteiras que hoje existem entre humanos e computadores.
Desde o início, a pretensão era de que o chip da Neuralink se tornasse, literalmente, parte do usuário. Com essa pecinha acoplada na central de comando, humanos poderiam não apenas mexer em seus celulares usando a mente – mas também acessar a nuvem, computadores e até mesmo outros cérebros. Tudo sem fios.
“Esse fluxo de informação entre seu cérebro e o mundo exterior seria tão automático, que seria como os pensamentos que você tem dentro de sua cabeça”, explicava o texto do blog.
A adoção em massa de tecnologias do tipo, afirmou Musk na época, era uma questão de sobrevivência. Ter um chip implantado no cérebro é um passo natural da integração entre homem e inteligência artificial. Resistir às máquinas, nas palavras do empresário, era como pedir pra se tornar obsoleto. “Teremos a escolha de ser deixados para trás e nos tornarmos efetivamente inúteis ou como um animal de estimação – como um gato doméstico ou algo assim – ou, eventualmente, descobrir uma maneira de ser simbiótico e se fundir com a inteligência artificial”.
Musk afirmou que os planos eram de que o dispositivo estivesse disponível no mercado dentro de quatro anos. Para ser usado por pessoas sem supervisão médica – e comprado em lojas de eletrônicos como se fosse um fone bluetooth – o empresário projetava algo como oito ou dez anos.
Primeiros resultados
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Foi apenas em 2019 que a Neuralink mostrou ao público algum avanço.Uma conferência de lançamentoserviu para divulgar os primeiros resultados – entre eles, a aparência do tal chip. Chamada “N1”, a primeira versão do dispositivo era um eletrodo feito de silício com 16 milímetros quadrados.
Dele, partiam dezenas de cabos flexíveis e ultrafinos (com algo entre 4 e 6 micrômetros de tamanho), ou 20% da espessura de um fio de cabelo. A ideia é que esses fiozinhos fossem conectados diretamente ao córtex cerebral do usuário, criando a simbiose homem-máquina.
Implantes cerebrais não são uma coisa nova, é verdade. A aparente vantagem do chip criado pela Neuralink, no entanto, é ser menos invasivo que outras técnicas testadas anteriormente. Para implantá-lo, a Neuralink desenvolveu um robô cirúrgico ultra-preciso, controlado por um médico, e capaz de realizar a inserção desses cabinhos no tecido cerebral sem causar danos.
Após aplicação de uma anestesia local, um pequeno furo – totalmente indolor – é feito na pele e no crânio. Os fios, então, são colocados em contato com o tecido cerebral. Um terminal para conectar os cabos fica atrás da orelha.
Em 19 cirurgias feitas com ratos, o robô-cirurgião teve eficácia de 87% na tarefa de implantar e conectar os fios. Estima-se que o procedimento todo demore nada menos que 45 minutos. E o melhor: você não precisa sequer raspar seu cabelo para isso.Abaixo, você pode assistir abaixo a um vídeo teaser que ilustra o avanço do projeto, divulgado há um ano.
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Os resultados foram relatados também em um estudo científico – assinado por “Elon Musk & Neuralink”. Uma versão da pesquisa foi publicadana plataforma biorXiv, que recebe artigos ainda não revisados e, em outubro do mesmo ano, ela foi aceita noJournal of Medical Internet Research.O estudo explica que o chip foi testado em ratos – e performou muito bem, obrigado.
Isso porque o dispositivo conseguiu detectar “spikes” entre os neurônios dos roedores em tempo real. Esses tais “spikes” acontecem quando um neurônio envia informação a outro, que se traduz, depois, em uma instrução para o restante do corpo. Trata-se de um movimento muito sutil para ser captado uma máquina de ressonância – mas possível de ser flagrado por um chip dentro de sua cabeça.
Roedores não foram os únicos a servirem de cobaia.No eventode divulgação, o bilionário deixou escapar que um macaco havia conseguido controlar um computador usando seu cérebro. Nada comprovado até então. A ideia era que, em 2020, começassem os primeiros testes envolvendo voluntários humanos.
O que o evento de hoje trouxe de novo
Após um atraso de 40 minutos, a conferência desta sexta-feira (28) começou abordando pontos do projeto que foram aprimorados ao longo do último ano. O principal diz respeito ao design. Antes a estrutura do implante demandava duas incisões na cabeça e um dispositivo visível atrás da orelha. Agora, os usuários poderão passar praticamente despercebidos. O chip pode ser inserido por meio de uma única abertura no topo da cabeça, e a cicatriz fica coberta por cabelo numa boa. “Você não pareceria normal com algo atrás da orelha”, disse Musk, justificando a mudança. “Se eu tivesse um Neuralink agora, vocês nem perceberiam. Talvez eu tenha”, brincou (será que brincou mesmo?) Você pode ver uma imagem que compara as duas versões abaixo.
O novo dispositivo, batizado “Link V.09”, tem o tamanho de uma moeda (23 mm x 8 mm) e conta com 1024 eletrodos. O restante da estrutura, composta por pequenos fiozinhos e espessura equivalente a um vigésimo de fio de cabelo, lembra a primeira versão. O que mudou foi o tamanho: ano passado, os fios precisavam atravessar a cabeça até a orelha. Na versão atual, eles têm 43 milímetros de tamanho.
“É como uma Fitbit no seu crânio, com fios muito finos”, definiu Musk. A ideia é que, além de monitorar a saúde, o implante sirva para funções do dia a dia – como ouvir música, por exemplo. Sua bateria tem autonomia de um dia e precisa ser carregada – por indução – durante a noite. Conectado ao celular via bluetooth, poderá operar sem fio a uma distância entre 5 e 10 metros.
A máquina usada para fazer a cirurgia, e os aprimoramentos que ela teve para melhorar sua precisão ao longo do ano, foram assuntos com pouco destaque. De novo, Musk optou por explicar que o procedimento duraria menos que uma hora – e o dono do chip poderia deixar o hospital no mesmo dia.
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A ideia é que, no futuro, decidir pela implantação de um chip no cérebro seja tão simples quanto comprar um novo eletrônico, diz o empresário. Evitando falar em valores, estimou que o aparelho – e a cirurgia – devem sair por “alguns milhares de dólares” dentro de alguns anos.
A parte mais aguardada do evento, no entanto, era o experimento que pretendia demonstrar o Neuralink em ação – flagrando, ao vivo picos de ativdade em neurônios de porcos. Para isso, Musk começou a demonstração com um porquinho que tinha um chip instalado na região do cérebro responsável pelo olfato há dois meses.
Cada vez que um neurônio da região enviava um pulso, um pontinho aparecia no gráfico. Era possível, assim, ouvir “bips” quando o cérebro suíno era estimulado após interagir com algum ambiente do cenário – seja cheirando a ração na mão da tratadora ou o chão do cercado montado no palco.
Além do porco que carregava o implante, Musk mostrou outros dois animais, a efeito de comparação: um deles nunca teve um chip no cérebro e, o terceiro estava sem o implante há algumas semanas. Segundo o empresário, a ideia era mostrar que é perfeitamente possível fazer uso do implante e, depois, retirá-lo sem quaisquer sequelas.
De acordo com a equipe do Neuralink, o implante poderá fazer mais do que apenas “ler” a atividade cerebral. Pelo chip, será possível também transmitir informação ao cérebro. Estimular os neurônios em vez de receber informação deles.
Há, no entanto, algumas limitações nessa ideia. Por enquanto, os eletrodos não vão além do córtex, que é a camada mais superficial do cérebro. É nessa camada que acontece boa parte do processamento de capacidades como olfato ou visão.. Mas outras possíveis aplicações, como devolver os movimentos de um paciente paraplégico, exigiriam fios que penetram mais fundo no cérebro. Há aí uma limitação técnica. O cérebro é um ambiente muito corrosivo, e um problema é fazer com que a fiação dure um tempo razoável lá dentro.
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Por ora, cada eletrodo do Neuralink é capaz de estimular algo entre mil e 10 mil neurônios. É pouca coisa se formos considerar a complexidade das funções cerebrais, que costumam envolver várias áreas do cérebro atuando em conjunto. Assim, a quantidade de estímulos que poderiam ser “criados” acaba sendo pequena.
Em julho deste ano, a FDA (a Anvisa dos EUA) autorizou o projeto. É preciso, porém, que a tecnologia cumpra novos protocolos de segurança antes de ser testada em humanos pela primeira vez. A ideia é iniciar os testes recrutando um pequeno grupo de pessoasparaplégicas e tetraplégicas. Musk defende que a tecnologia poderá servir para o tratamento de diferentes condições médicas – como paralisia, autismo ou depressão.
Como não poderia deixar de ser, Musk aproveitou o encontro para sugerir uma lista outras aplicações, digamos, menos convencionais – e que, com a tecnologia disponível hoje, ainda estão muito distantes da realidade. Entre elas, salvar memórias e reproduzi-las novamente ao melhor estilo Black Mirror ou se conectar em uma sessão de “telepatia consensual” com o cérebro de outro usuário. Você pode assistir à apresentação na íntegra no vídeo abaixo.
Ao final da apresentação, Musk afirmou que estava procurando pesquisadores de diversas áreas (biologia, engenharia de software, neurociência etc.) para se unir à equipe da Neurolink. Tim Urban, autor do blog Wait but Why, que primeiro revelou as aspirações do Neuralink ao mundo, resumiu o tamanho do desafio em um post em sua conta no Twitter: “Se você já fantasiou ter sido um engenheiro da década de 1880 trabalhando no laboratório de [Thomas] Edison, inscreva-se para trabalhar na Neuralink.”