sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Sarampo: OMS alerta para aumento de casos e Brasil registra infecção

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o aumento de casos de sarampo no mundo e reforçou a importância da vacinação para prevenir a disseminação da doença: “É uma das doenças mais transmissíveis. Se uma pessoa se infecta, quase todos ao seu redor vão pegar o vírus, se não estiverem vacinados. Para proteger sua criança, garanta que as vacinas estejam em dia.”

No Brasil, o Centro de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul emitiu um alerta após confirmar um caso importado de sarampo no estado. O paciente é um menino de 3 anos que chegou ao município de Rio Grande no dia 27 de dezembro, procedente do Paquistão, país com circulação endêmica da doença. Ele não estava vacinado.

+Leia também: Sarampo pode prejudicar por anos as nossas defesas contra infecções

Diante da confirmação, a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul reforçou, em nota, a recomendação de aplicação da vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças a partir de 1 ano e até os 59 anos.

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“Com a suspeita, foi realizado bloqueio vacinal seletivo nos familiares, vizinhos e profissionais da saúde. A criança está bem e seus familiares não apresentaram sintomas. O município segue monitorando atendimentos por febre, exantema e tosse ou coriza ou conjuntivite, sem nenhuma identificação de caso suspeito.”

Nas últimas semanas, países como México, Estados Unidos, Reino Unido e Portugal também emitiram alertas após a confirmação de casos, com o óbito de uma criança de 19 meses na província de Salta, na Argentina.

O esquema vacinal completo do sarampo consiste em duas doses até os 29 anos, ou uma dose para adultos de 30 a 59 anos. Em crianças, a vacinação deve ocorrer aos 12 e aos 15 meses. Profissionais de saúde devem receber duas doses, independentemente da idade.

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Em situações de bloqueio vacinal, a imunização seletiva é recomendada para todos com idade acima de 6 meses.

+Leia também: Febre oropouche: entenda a doença com sintomas parecidos com os da dengue

O que é sarampo?

É uma infecção viral, especialmente grave em menores de 5 anos, imunodeprimidos e desnutridos. Ela é extremamente contagiosa: infecta nove a cada dez pessoas suscetíveis após exposição ao vírus, chamado de Morbilivirus.

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O sarampo é transmitido por meio de secreções, ao tossir, espirrar ou falar. Casos suspeitos devem ficar em isolamento respiratório e fazer uso de máscara cirúrgica desde o momento da triagem nos serviços de saúde.

A partir de 2018, quando vários casos de sarampo foram registrados no Brasil, a Veja Saúde publicou uma série de conteúdos sobre o assunto. Confira alguns:

Eliminação

À Agência Brasil, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, lembrou que o sarampo era uma doença controlada no Brasil até 2016, quando o país recebeu a certificação de eliminação do vírus em território nacional. Após um grande surto da doença em 2017 e em 2018, com mais de 40 mil casos registrados, o país perdeu a certificação e voltou a ser um país endêmico, onde é considerado que o sarampo circula.

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“Estamos sem registro de casos desde junho de 2022, em busca da recertificação dessa eliminação. Ainda falta melhorar nossas coberturas vacinais e alguns indicadores de vigilância”, destaca Kfouri.

Segundo ele, o que causa preocupação é o aumento recente no número de casos da doença em diversos países. Ao comentar o caso da criança proveniente do Paquistão, o especialista avaliou que o alerta do governo gaúcho é válido. “É um caso não adquirido aqui no nosso território, mas que nos traz esse alerta de estarmos atentos para que a entrada de um caso aqui não se multiplique e forme um novo surto.”

Kfouri reforçou que são importantes a vigilância de casos suspeitos – até para vacinar quem entrou em contato com esses indivíduos.

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*Este conteúdo foi adaptado de uma reportagem da Agência Brasil, com acréscimo de conteúdos prévios da Veja Saúde.

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EUA fazem primeira execução com o método de asfixia por nitrogênio

Procedimento causou intenso sofrimento ao condenado, afirmam testemunhas; ONU protestou contra o método, que classificou como tortura; empresas farmacêuticas têm se recusado a fornecer remédios usados em injeção letal

Às 19h53 de ontem no horário local (22h53 de Brasília), o americano Kenneth Smith, de 58 anos, foi morto em uma câmara de execução em Atmore, no Alabama. Smith foi amarrado a uma maca e teve uma máscara colocada sobre seu rosto. Em seguida, ela começou a liberar nitrogênio – um gás inerte, que compõe 78% do ar atmosférico. 

O corpo está acostumado com o nitrogênio, e não o rejeita. Mas, ao contrário do oxigênio, que corresponde a 21% do ar que respiramos, o organismo não consegue usar o nitrogênio para gerar energia. Isso, segundo as autoridades americanas, significa que a inalação de nitrogênio é um método indolor de execução: o condenado perderia os sentidos já nos primeiros segundos.

Não foi o que aconteceu com Smith, sentenciado à morte pelo homicídio de Elizabeth Sennett, em 1988 (o marido dela, um pastor, contratou Smith e outros dois homens para assassiná-la). Segundo cinco jornalistas do Alabama, que testemunharam a execução e foram ouvidos pelo New York Times, Smith “se contorceu e debateu” por pelo menos 2 minutos. Depois, continuou respirando ofegantemente por vários minutos.    

“Foi a quinta execução que eu testemunhei no Alabama, e nunca vi uma reação tão violenta”, declarou o jornalista local Lee Hedgepeth. Segundo ele, a cabeça de Smith se moveu violentamente, para a frente e para trás, ao longo do procedimento. 

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Eventualmente, a respiração do preso começou a desacelerar, e parou. Às 20h25 no horário local, mais de meia hora após o início da execução, Smith foi declarado morto. 

Foi a segunda tentativa. Em novembro de 2022, o Estado do Alabama tentou executar Smith por meio de injeção letal, mas os enfermeiros não conseguiram pegar uma veia dele em tempo – e o mandado de execução, que dura algumas horas, expirou.

A execução por nitrogênio também é autorizada no Mississippi e em Oklahoma, mas nunca havia sido usada – Smith foi o primeiro a ser submetido a ela. O método é empregado na eutanásia de animais. Mas, segundo a American Veterinary Medical Association (AVMA), só pode ser aplicado em aves, como frangos e perus. 

Não deve ser utilizado em mamíferos, aos quais causa intenso sofrimento – a exceção são os porcos, nos quais a AVMA permite que o nitrogênio seja aplicado, desde que os animais recebam um sedativo e estejam inconscientes durante o processo. Smith não recebeu qualquer sedação, e estava consciente. 

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Antes de ser amarrado e executado, ele fez uma longa declaração – na qual disse, segundo testemunhas, que “hoje, o Alabama fez a humanidade dar um passo para trás”. Na terça-feira, a ONU se manifestou contra a execução de Smith por inalação de nitrogênio, que “pode representar tortura ou punição cruel, desumana ou degradante de acordo com a legislação internacional de direitos humanos”. 

Mesmo assim, a Suprema Corte dos EUA autorizou o procedimento. O país vem tendo dificuldade para executar condenados pelo meio mais comum, a injeção letal – nos últimos 10 anos, as empresas farmacêuticas que produzem as substâncias utilizadas têm se recusado a vendê-las para esse fim. 

Isso levou as autoridades de vários Estados a estudar outros métodos. Em 2021, houve um escândalo internacional depois que o jornal The Guardian obteve documentos mostrando que o governo do Arizona pretendia usar cianeto de hidrogênio – a mesma substância empregada nas câmaras de gás dos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

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As novas regras para rescisão de contrato do plano de saúde

Sob o discurso de transparência e sustentabilidade, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) comemora o crescimento contínuo de beneficiários de assistências médicas privadas, que encerrou o ano de 2023 com o surpreendente número de 50,9 milhões de usuários.

Embora a ANS receba muita reclamação envolvendo o Rol editado por ela, a dificuldade em efetivar a portabilidade de carências, os reajustes abusivos, bem como o flagrante descredenciamento de prestadores de serviços de saúde, observamos, no último ano, o aumento de queixas em torno da rescisão contratual.

Em inúmeras oportunidades, os consumidores eram surpreendidos com a suspensão dos serviços de saúde por atraso no pagamento do boleto, sobretudo rescisões unilaterais de contrato, sem dar plena ciência da inadimplência ao beneficiário, em razão de brechas regulatórias do setor privado.

Diante deste cenário, novas regras foram implementadas pela ANS para regulamentar a notificação prévia de inadimplência ao beneficiário de plano de saúde, que celebrou o contrato após 01 de janeiro de 1999 ou adaptados à Lei dos Planos de Saúde.

A notificação prevista na Resolução (RN) nº. 593/2023 entrará em vigor a partir de 01 de abril de 2024.A norma básica de notificação por inadimplência permanece a mesma: duas mensalidades, consecutivas ou não, não pagas no prazo de 12 meses, até o quinquagésimo dia, são requisitos prévios para a exclusão do beneficiário, assim como para a suspensão ou rescisão unilateral do contrato.

+Leia também: O plano de saúde está caro? Saiba o que fazer para mudar de convênio

Para que seja considerada válida, a operadora deverá conceder o prazo de dez dias, contados da notificação, para que o beneficiário efetue a quitação do débito. Se a assistência médica concordar com o parcelamento do débito, não poderá prosseguir com a rescisão contratual.

É importante destacar que houve uma ampliação dos meios de comunicação prévia, como o correio eletrônico (e-mail) com certificado digital e com confirmação de leitura, mensagem de texto para telefones celulares (SMS), mensagem em aplicativo de dispositivos móveis que permita a troca de mensagens criptografadas, ligação telefônica gravada com confirmação de dados pelo interlocutor, carta, com aviso de recebimento (AR) dos correios.

A ANS garante que a confirmação inequívoca ocorrerá quando o beneficiário responder, seja por SMS ou aplicativo de dispositivos móveis, ou ao retornar o aviso de recebimento (AR) em caso de carta enviada pelos correios. No entanto, se a operadora comprovar que esgotou todas as opções previstas, ela terá permissão para suspender ou cancelar unilateralmente o plano devido à inadimplência, após decorridos dez dias da última tentativa.

Leia também: Dengue: calor, chuva e outro sorotipo criam cenário ideal para a doença

A nova regra também delimitou o teor da notificação ao permitir informações como inscrição do devedor em cadastros restritivos de crédito, cobrança da dívida, bem como a possibilidade de imputação de novos prazos de carência e de cobertura parcial temporária de doença preexistente de 24 meses, de modo a não denotar um tom ameaçador, tampouco de constrangimento ao consumidor.

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Evidentemente, é vedada a rescisão contratual se o usuário, seja titular ou dependente, estiver internado. Todavia, após a alta hospitalar, a operadora está autorizada a prosseguir com o trâmite cancelamento da avença se o consumidor não cumprir a obrigação de quitação da mensalidade.

Neste contexto, a regulamentação dos meios de comunicação e a imprescindibilidade da ciência inequívoca da notificação prévia de inadimplência, em casos de cancelamento, deve impedir condutas abusivas das operadoras de planos de saúde. Nota-se que, após várias denúncias dos consumidores, a Agência pretende sanar uma das falhas regulatórias mais antigas do setor de saúde suplementar.

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Por que os navios de guerra são cinza claro?

Para um observador usando binóculos na praia, em um dia ensolarado, um navio azul da cor do céu talvez sumisse contra a cor do horizonte.

Mas a realidade da guerra é mais lúgubre: neblina, garoa, chuva e águas acinzentadas são mais comuns, e a cor também precisa ser discreta à noite.

Também há o problema de que aviões, submarinos e defesas litorâneas verão o navio contra fundos diferentes, e que o resultado final também varia conforme a posição do atacante em relação ao sol. Por fim, a manutenção tem que ser fácil: idealmente, toda a frota precisa ser da mesmíssima cor. 

Em um manual de 1953 – que já foi liberado por ser antigo –, a Marinha dos EUA explica exatamente quais cinzas são mais eficazes contra cada ameaça, em várias condições de luminosidade, e conclui que dois tons – chamados “cinza névoa” (haze gray) e “cinza oceano” (ocean gray) – são as alternativas mais versáteis. O haze gray é o tom usado até hoje. 

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Essa cinza sem sal também é interessante porque reduz o contraste entre as partes do próprio navio (quando o objetivo é sumir, luz e sombra são tão importantes quanto cor: toda farda tem manchas pretas, porque há sombras entre as flores e galhos da floresta).

Fotografia de navios no porto, por volta de 1918.
<span class="hidden">–</span>Wikimedia Commons/Domínio Público

Já existiram navios com esquemas de cor mais exóticos: na época em que os torpedos andavam em linha reta – e precisavam ser disparados na direção em que o alvo estaria no futuro  –, várias marinhas usaram formas geométricas pretas e brancas para quebrar os contornos do casco e impedir os adversários de calcular a trajetória e a velocidade da embarcação. Com o advento dos torpedos guiados, esse estilão op art caiu em desuso. 

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Você pode ler mais sobre esse e outros tipos de camuflagem disruptiva na nossa matéria sobre a história da camuflagem, aqui no link.

Fonte: documento “Ship Concealment Camouflage Instructions” (1953) da Marinha dos EUA.

Pergunta de saraivasony19, via e-mail.

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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Micróbios interferem na inteligência infantil

Crianças com maior quantidade das bactérias A. obesi, E. eligens e F. prausnitzii, que vivem no sistema digestivo humano, têm maior desempenho cognitivo.

Essa é a conclusão de cientistas da Universidade de Nova York, que analisaram o microbioma de 381 crianças, com até 10 anos de idade, e as submetaram a testes de inteligência verbal e espacial(1).

O estudo também encontrou relação entre o desenvolvimento mental e os níveis de 50 outras bactérias – sendo que uma delas, a S. wadsworthensis, tinha efeito negativo sobre a inteligência.

A análise do microbioma se mostrou tão eficaz, para prever a capacidade cognitiva das crianças, quanto a análise de fatores demográficos (como o nível educacional da mãe).

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Os pesquisadores ainda não sabem explicar por que isso acontece. Mas supõem que as bactérias atuem em certos processos, como a síntese de acetato, que são importantes para o funcionamento do cérebro.

Fonte 1. Gut-resident microorganisms and their genes are associated with cognition and neuroanatomy in children. K Bonham e outros, 2023.

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Respondemos às principais perguntas sobre seu carro

Desde a hora em que você liga o carro até o momento em que chega ao destino, uma série de processos acontece à sua volta. No motor, no entorno das rodas, dentro do veículo e na relação da lataria com o ambiente.

Você não precisa, necessariamente, conhecer a fundo a engenharia de um veículo de passeio para fazer uma viagem segura, mas pode muito bem saber algumas informações que ajudam a conduzir do jeito mais seguro e econômico possível.

Acontece que existem por aí muitos mitos sobre os automóveis. É fácil se confundir. Para ajudar os motoristas, esta lista reúne perguntas e respostas que podem assegurar a longevidade do veículo, especialmente quando o assunto é utilizar a melhor gasolina para garantir o desempenho e a eficiência do motor – um assunto que a Fit Combustíveis conhece bem.

1. Carros automáticos são mais seguros que carros manuais?

Sim, em teoria eles são. O câmbio automático exige menor esforço do condutor, o que representa um diferencial importante – menos desgaste representa menor risco. Por outro lado, o conforto tem um preço: o consumo de combustível aumenta na comparação com o manual. Isso porque a versão automática utiliza um meio hidráulico e um grupo extra de engrenagens que demanda um esforço adicional. A versão manual consome menos e proporciona ao motorista um maior controle do veículo.

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2. O óleo do motor tem que ser trocado a cada 10 000 quilômetros?

Essa é de fato a quilometragem indicada pelos fabricantes da maioria dos veículos para o uso de óleo sintético. Mas não é o único fator: de toda forma, é preciso fazer a troca depois de 12 meses, mesmo que o motorista tenha rodado muito pouco nesse período. Isso acontece porque os aditivos contidos no óleo têm validade e, depois desse tempo, deixam de fazer efeito, mesmo que não tenham sido utilizados. Essa quilometragem vale para o óleo sintético. No caso do óleo mineral, por exemplo, ela é reduzida pela metade ou até os mesmos 12 meses.

3. Gasta mais dirigir com o ar-condicionado ligado?

Depende. Na estrada, é mais vantajoso usar o ar do que rodar com as janelas abertas, já que isso reduz o desempenho aerodinâmico e exige um esforço adicional do motor – o que, é claro, demanda maior consumo de combustível. Quanto mais rápido o carro, maior o prejuízo com os vidros abaixados, já que a resistência do ar aumenta exponencialmente. Agora, na cidade, o ar-condicionado ligado pode, sim, aumentar o consumo, especialmente nos dias mais quentes, quando ele acaba sendo usado com maior intensidade e a baixas velocidades.

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4. Um carro mais pesado gasta mais combustível?

Sem dúvida. Afinal, o motor precisa trabalhar mais para manter o desempenho. Por isso, é bom evitar carregar objetos desnecessários que muitas vezes podem estar esquecidos no porta-malas. Mas, se a lotação for proposital, como em caso de viagens em família, é importante conferir no manual qual a calibragem de pneus mais adequada – sim, ela varia de acordo com a carga transportada, e se não estiver correta, pode provocar desgaste, além de aumentar ainda mais o consumo de combustível.

5. O que é octanagem?

É um nome complicado para um conceito relativamente simples: octanagem é a capacidade do combustível de resistir a altas temperaturas, dentro da câmara de combustão, sem sofrer detonação, o que é especialmente importante para motores de alto desempenho. Eles só vão entregar o máximo de potência para os quais foram fabricados caso sejam alimentados com combustível com a octanagem adequada. Desde 2019, a Fit Combustíveis produz gasolina com octanagem RON 93, que se tornou padrão nacional em janeiro de 2022.

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6. Gasolina aditivada ou comum?

O grau de octanagem delas é o mesmo. O que muda é que a gasolina aditivada conta com detergentes e dispersantes que ajudam a manter limpo o sistema de alimentação do veículo. Mas você sabia que é possível comprar gasolina aditivada de fábrica com o preço da comum? É essa a proposta da Fit Combustíveis, cujo combustível recebe aditivos detergentes e dispersantes ainda durante a fabricação. A companhia também fabrica a gasolina Fit, que recebe uma segunda aplicação de aditivos, anticorrosivos e antioxidantes.

Para saber mais sobre a gasolina aditivada da série da Fit Combustíveis, clique aqui.

7. É seguro abastecer além da trava de segurança da bomba?

Não caia na tentação de pedir que o frentista encha o tanque além da trava – afinal, existe um motivo para ela existir. Qualquer quantidade acima do limite pode danificar o cânister, filtro que utiliza carvão ativado e é responsável por reter os gases gerados pela evaporação do combustível. Inutilizado, esse filtro deixa de cumprir sua função, o que pode provocar uma série de outros problemas no sistema de injeção. O excesso também expõe os profissionais dedicados ao abastecimento a riscos elevados para a saúde.

8. Por que é preciso desligar o carro na hora de abastecer?

Injetar gasolina no tanque com o motor ligado pode prejudicar a mecânica. Mas esse nem é o risco mais grave: manter o veículo em funcionamento durante o abastecimento pode provocar uma explosão no automóvel, com potencial impacto para todo o posto. Afinal, o combustível é inflamável e qualquer faísca pode desencadear um acidente grave. Ou seja: mesmo em dias de calor, em que a tentação de manter o ar-condicionado é grande, é fundamental desligar o carro. Pelo mesmo motivo é proibido acender cigarros e isqueiros durante o uso da bomba. 

9. Qual é a diferença entre etanol e gasolina?

A principal está na eficiência energética: a gasolina tem um rendimento médio até 30% superior ao do etanol, segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Além disso, a gasolina proporciona um ótimo desempenho na limpeza do motor – especialmente a aditivada, composta por detergentes e dispersantes, que, inclusive, contribuem para retirar a sujeira já acumulada no sistema de combustão. Também utiliza anticorrosivos, que diminuem a degradação das partes metálicas. Ao abastecer com a gasolina Fit aditivada de fábrica, o consumidor acessa todos esses diferenciais.

10. Deixar o carro em ponto morto economiza gasolina?

Não economiza. Ao contrário, aumenta o consumo, porque o sistema de injeção eletrônica identifica que o veículo está em movimento e em marcha lenta, o que demanda maior injeção de combustível. O melhor é utilizar o carro engrenado, sem pisar no acelerador, assim o giro das rodas movimenta o eixo e a caixa de câmbio, o que coloca o motor para rodar com menor consumo. A chamada “banguela” também aumenta os riscos para a mecânica e a segurança, especialmente para os freios, mas também outras peças, como a correia dentada e a caixa de câmbio.

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Prescrições do editor: as obsessões nas narrativas do Nobel de Literatura

Dono de um estilo peculiar, denso e ao mesmo tempo fluido, o escritor norueguês Jon Fosse ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2023. Sorte a nossa que as editoras já estão traduzindo e publicando o autor por aqui. É o que podemos conferir em É a Ales (Companhia das Letras) e Brancura (Fósforo), dois livros curtos, porém potentes do premiado. No Brasil, outro romance pode ser encontrado em sebos e livrarias online, Melancolia (Tordesilhas).

E, felizmente, a safra está aumentando: a Companhia das Letras já anunciou a publicação de Trilogia e a Fósforo trará o esperado Septologia.

É a Ales

Autor: Jon Fosse
Tradução: Guilherme da Silva Braga
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 112

Uma mulher espera, um homem se vai, e, na mistura dos tempos e das lembranças, a história e as perdas de uma família no litoral da Noruega nos prendem de frase em frase.

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Brancura

Autor: Jon Fosse
Tradução: Leonardo Pinto Silva
Editora: Fósforo
Páginas: 64

O narrador sai de carro e acaba atolado próximo a uma floresta. Na imersão pela mata, depara com criaturas ou aparições que desafiam o senso de realidade e destilam um ar de transcendência.

Melancolia

Autor: Jon Fosse
Tradução: Marcelo Rondinelli
Editora: Tordesilhas
Páginas: 408

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As angústias de um jovem músico introduzem uma paisagem de histórias com outros cenários, tempos e personagens. Uma sinfonia entre passado e presente se repetindo e se apoderando da nossa mente.

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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Sobre honrar os nossos desejos

Cookie bem chocolatudo e fácil de fazer“. Essa era a chamada no feed de uma nutricionista. Salivei e fui checar os ingredientes. Ovo, chocolate 70%, farinha de amêndoas, farinha de arroz, açúcar de coco, óleo de coco, extrato de baunilha e bicarbonato de sódio. O preparo era jogo rápido, mas só se eu fosse antes no mercado. E eu nem queria um cookie low carb, só queria um cookie bem chocolatudo e fácil de fazer…

Não precisava ser nutritivo, só gostoso mesmo. Outro dia caí no conto do mousse de chocolate delicioso e com apenas dois ingredientes. Fui ver e era abacate com chocolate em pó. Pode apostar: geralmente as receitas incríveis com apenas dois ingredientes são cilada. 

Vamos concordar que, às vezes, a gente só quer o gostoso mesmo. Pode ter açúcar, gordura, glúten, lactose. O pacote completo, se for o caso.

+Leia também: Adoçante ou açúcar: qual devo usar?

Devemos honrar os nossos desejos. Nem tudo que comemos precisa ser nutritivo. A base da alimentação deveria ser, mas não tudo. Precisa haver espaço para o “só gostoso”. 

É sem lactose? Sem glúten? Não, só gostoso mesmo. É sem açúcar? Não, só gostoso mesmo.

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Muito se fala em propósito de vida, que devemos buscar nossa missão por aqui. Pois eu acredito que cada alimento tem seu propósito. 

E o do brigadeiro, por exemplo, não é ser fit, diet, light ou low carb. Ele veio ao mundo para nos dar prazer. Para fazer a gente fechar os olhos enquanto saboreia.

Brigadeiro, pudim, quindim, chocottone recheado, ovo de Páscoa. Eles só existem para serem gostosos, escandalosamente gostosos. A gente tem outras trilhões de oportunidades para ser saudável.

E é aí que está o pulo do gato: para que os “só gostosos” façam parte da nossa rotina – sem culpa, sem neura -, boa parte da alimentação deveria pertencer à categoria “gostoso e nutritivo”. Comida saborosa, cheirosa, apetitosa e repleta de nutrientes. E que privilegia alimentos frescos e integrais.  

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Olha só: nada contra as versões mais saudáveis de pratos ou doces tradicionais. Se elas forem realmente gostosas e fizerem você sorrir, tá valendo. 

Tem espaço, sim, para carboidrato na dieta. Espaguete, lasanha e arroz nos dão energia. Não há motivo algum para demonizá-los. Farelo de arroz não é e nunca será nada parecido com um arroz feito na hora, com alho e cebola refogadinhos. Parem, simplesmente parem.

Honre seus desejos. Isso vale para a comida, o trabalho, as relações pessoais, os momentos de lazer. No final das contas, estamos todos aqui com a mesma missão: sermos felizes. E isso a gente dificilmente alcança com versões fit dos nossos desejos. 

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A luz pode desacelerar?

Pode sim. Sabe-se que o limite de velocidade do Universo é a velocidade da luz no vácuo, equivalente a 299,7 mil quilômetros por segundo (km/s).

Mas a radiação eletromagnética viaja mais devagar na água, no ar e em outros meios transparentes – esse é um fato conhecido desde 1850 – e o tanto exato de velocidade que ela perde depende de uma propriedade intrínseca a cada um desses materiais, o índice de refração. Na água, são 225 mil km/s; no vidro, 200 mil km/s. 

Existem ocasiões em que uma partícula subatômica qualquer “quebra a barreira da luz” – como um avião quebrando a barreira do som. Essa peripécia não é possível no vácuo, porque nada pode ir mais rápido que 299,7 mil km/s. Nos oceanos da Terra, porém, trata-se de algo corriqueiro.

Partículas que superam a velocidade da luz na água (aqueles 225 mil km/s) emanam um brilho azulado fantasmagórico chamado radiação Cherenkov.

Um uso importante da radiação Cherenkov é a detecção de neutrinos – um tipo de partícula subatômica imperceptível e inofensiva; há mastodontilhões delas vagando pelo Universo. A maioria dos neutrinos de alta energia atravessa o planeta sem qualquer percalço. Você pode ignorá-los completamente.

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Mas, quando algum deles dá o azar de colidir com uma partícula terráquea – digamos, um elétron –, a pobrezinha é arremessada como uma bola de sinuca. Se sua velocidade após a colisão for mais alta que a da luz, bingo: temos radiação Cherenkov.

O maior detector de neutrinos do mundo fica na Antártica. Afinal, lá existe uma grande quantidade de água congelada, que é sinônimo de controle total sobre o experimento.

O IceCube consiste em 5.160 detectores de luz redondinhos distribuídos como contas de um colar ao longo de 86 cabos, em intervalos de 17 metros. São 60 por cabo. Esses cabos têm 2,5 km de comprimento e ficam enfiados verticalmente no lençol de gelo que, no Polo Sul, é profundo o suficiente para isso. 

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Usar detectores de luz para captar a radiação Cherenkov é a única maneira de identificar a passagem de neutrinos pela Terra: não há nenhum equipamento conhecido capaz de interagir diretamente com eles. Leia mais sobre o IceCube nesta matéria da Super.

Fonte: textos “Is the speed of light constant?”, e “Is there an equivalent of the sonic boom for light?” de Philip Gibbs. 

Pergunta de @jvcalderaro, via Instagram.

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Exercícios na água: mergulhe nessa!

Nadar deixou de ser o único verbo regido por quem gosta de se exercitar debaixo d’água.

Hoje dá para correr, pedalar, se alongar e até fazer posturas de ioga dentro da piscina ou em cima de uma prancha na praia.

É líquido e claro: as modalidades aquáticas, praticadas em academias, clubes ou mesmo no mar, vivem um processo de diversificação e popularização. Pudera: com um calor desses, nada melhor do que unir o útil dos movimentos com o agradável dos esguichos.

Diante da necessidade (e da oportunidade) de tornar as piscinas tão atraentes quanto as salas de musculação e as arenas esportivas, surgiram adaptações de atividades originalmente concebidas para terra firme, caso da hidrobike e do biribol, o vôlei aquático.

Sim, foi-se o tempo em que só havia espaço para natação e hidroginástica. Agora as pessoas procuram treinos de força na água, aulas de surfe em piscinas com ondas e até o ketball, uma mistura de squash com beach tênis jogada no rasinho com uma rede no meio.

+Leia Também: Quanto de água é preciso tomar por dia?

Mas o que explica essa onda? Fora o calorão que acompanha as mudanças climáticas, o médico do esporte e ortopedista André Pedrinelli credita o avanço na oferta a inovações de mercado para fisgar praticantes.

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“Entre chegar, trocar de roupa, entrar na água e tomar banho, muita gente achava que perdia tempo demais na piscina em comparação com a academia comum”, avalia o professor da Universidade de São Paulo (USP).

Solução: encontrar outras iscas para o povo mergulhar e cumprir esse ritual.

Os precursores foram os esportes em equipe, como polo, vôlei e basquete aquático, que nem exigiam grandes adaptações no ambiente. Mas práticas individuais foram ganhando espaço, com direito a surfe no meio da cidade.

Quer algo mais suave e bacana para aprimorar o equilíbrio? Sessões de ioga na água podem ser uma boa pedida. Prefere uma prática mais dinâmica capaz de queimar calorias? Que tal o HIITAQ, sigla em inglês para treino intervalado de alta intensidade na água?

exercicio-agua-dicas
<em>O que você precisa saber antes de começar!</em>Ilustração: Rafaela Pascotto/SAÚDE é Vital

Uma revisão de estudos conduzida por pesquisadores noruegueses acaba de concluir que a versão aquática do HIIT, famoso nos circuitos tradicionais em solo, é tão efetiva para pessoas que convivem com doenças crônicas (diabetes, hipertensão…) quanto o treino original.

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Contudo, as modalidades que mais carregam evidências de benefícios à saúde, talvez por serem justamente as mais praticadas e estudadas, são a natação e a hidroginástica.

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Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), experimentos buscam saber que perfil mais tiraria vantagem das aulas de hidro — o destaque, por ora, vai para idosos com artrose no joelho, obesidade e Parkinson.

“Para essas condições, o meio aquático é a única forma de realizar um treino mais intenso sem o impacto nas articulações”, resume o educador físico Paulo Cesar Bento, líder das pesquisas.

A mecânica de caminhar ou fazer ginástica é a mesma fora e dentro d’água, mas as variáveis de cada ambiente modulam os efeitos no corpo.

Devido ao empuxo da água, ficamos mais leves, o que interfere na percepção de esforço: você exige mais dos músculos sem notar e seu corpo responde a esse empenho intensificando os batimentos cardíacos e a circulação.

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Nesse modo “consumo de energia”, o coração aumenta a produção do peptídeo natriurético atrial, molécula que participa da queima de gordura.

Ao mesmo tempo, a resistência da água requer um esforço extra: ou seja, você está trabalhando mais os músculos e as articulações sem sentir o baque e os impactos que poderiam levar a lesões.

“Tanto nas sessões de hidroginástica como nas de HIITAQ, é possível alcançar uma frequência cardíaca intensa sem o desconforto e a pressão nas articulações. Se fizessem o mesmo exercício fora da água, muitas pessoas simplesmente não conseguiriam”, observa a educadora física e pedagoga Maria de Fátima Aguiar Lopes, doutora pela UFPR.

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E não pense que é preciso passar dos 50 para tirar onda disso. A pesquisadora desenvolveu um estudo com o treino intervalado dentro da piscina recrutando adolescentes com obesidade entre 12 e 17 anos.

Eles foram avaliados antes e depois de três meses de exercícios. Além da redução no índice de massa corporal (IMC), métricas como taxa de metabolismo basal e níveis de colesterol também melhoraram.

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Os achados evocam a já citada revisão norueguesa publicada no braço de medicina esportiva do British Medical Journal. Segundo o artigo, pessoas com condições crônicas, como doenças respiratórias ou cardiovasculares, se saem bem com o HIITAQ, com a vantagem de poder praticar algo que provavelmente não seria indicado fora da piscina — a pesquisa levou em consideração dados de 868 pessoas que praticaram pelo menos seis semanas de treino intervalado aquático.

A capacidade respiratória também tem o que comemorar. Assim como o músculo cardíaco, os pulmões são pressionados quando estamos com o tronco submerso.

Então, no momento de expirar o ar, é preciso imprimir mais potência, o que fortalece a dupla pulmonar. A benesse é tão conhecida e respaldada pelos médicos que a natação virou recomendação para asmáticos.

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Já reparou que uma porção de atletas olímpicos começou a cair na água para enfrentar, quando pequenos, as crises de asma? Medalhistas como o brasileiro César Cielo fazem parte desse time.

“Conseguir respirar no meio aquático é um treino que modifica a capacidade respiratória por completo, já que você precisa expirar o ar contra a resistência da água”, descreve Bento.

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Para compensar tanto esforço, um relaxamento: a pressão hidrostática funciona como um massageador natural da musculatura, favorecendo o que os cientistas chamam de “reeducação circulatória” das pernas.

“É o casamento perfeito. Temos os benefícios da imersão e do exercício combinados”, afirma Ana Kanitz, doutora em ciências do movimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os frutos dessa união? Melhora do condicionamento, aumento de força, ganho de mobilidade e equilíbrio… Dentro e fora da água.

Tantos trunfos, é claro, exigem dedicação e regularidade. Máxima que se aplica a qualquer modalidade, na água ou no solo.

“A atividade física só começa a ser prazerosa depois de um tempo, algo ao redor de um mês, e a partir daí vêm os resultados”, esclarece Pedrinelli.

Mas, nesse quesito, os esportes aquáticos saem na frente. O simples fato de estar submerso induz o corpo a liberar hormônios com propriedades anti-inflamatórias, tornando o processo de adaptação ao exercício menos doloroso do que fora d’água.

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Apesar de associarmos água com verão, as modalidades aquáticas na piscina não são necessariamente refrescantes — nem devem ser. A temperatura da piscina deve estar amena: cerca de 24°C para a natação e 30°C para a hidroginástica.

O ajuste no termômetro é necessário para controlar a perda de calor corporal. No ambiente seco, transpiramos como forma de aliviar o esforço físico. Na água não é bem assim. O organismo dissipa o calor naquele meio.

De modo que, se a piscina estiver fria além da conta, o corpo precisará de empenho extra para manter o equilíbrio térmico e poderá ser alvo de uma sobrecarga.

“Nesse cenário, o sangue se concentra mais nos órgãos vitais e menos nos músculos, prejudicando o rendimento”, avisa Bento. Não é à toa que as modalidades esportivas em mar aberto não costumam ser indicadas a iniciantes.

Quem pula de cabeça nos exercícios aquáticos também precisa se munir de alguns cuidados. Um deles é botar a pressa de lado para se adaptar ao estado pós-exercício — e não só pelo risco de escorregar no piso na saída.

“Na natação, que é praticada na horizontal e costuma ser intensa, quando você para e fica em pé, uma alteração brusca na pressão arterial pode causar tontura e perda de consciência”, diz o cardiologista Marcelo Leitão, que acompanhou a delegação paralímpica nacional nas competições de Sydney (2000) e Atenas (2004).

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Outro ponto de atenção diz respeito ao cloro e demais produtos utilizados no tratamento da água.

Embora não exista um consenso cristalino a respeito, o pneumologista Sérgio Pinto, professor da UFRGS e ex-atleta olímpico, sugere observar como o corpo reage aos componentes presentes na piscina após os treinos.

Ele mesmo nunca sentiu nenhum incômodo, mas há quem reporte piora em quadros alérgicos e respiratórios — para driblar esses riscos, hoje alguns estabelecimentos tratam a água com sal marinho ou ozônio.

O que todo mundo concorda é que, especialmente na presença de doenças crônicas, cabe escutar o médico e o treinador antes de eleger a modalidade ideal, E, de passo em passo bem molhado, evoluir nas braçadas, caminhadas ou pedaladas sob as águas.

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<span class="hidden">–</span>Ilustração: Rafaela Pascotto/SAÚDE é Vital

NATAÇÃO

O mais famoso, praticado e difundido dos esportes aquáticos é também o mais completo em termos de benefícios ao corpo: reduz impacto nas articulações, melhora a circulação e a capacidade respiratória e trabalha vários grupos musculares.

Diferentes estilos de nado turbinam músculos específicos, dependendo do objetivo. A modalidade demanda esforço físico, e uma temperatura da água mais fria do que as de hidroginástica, em torno de 24 a 27°C.

Não é recomendada para pessoas com insuficiência cardíaca, pois exige bastante do coração. A frequência cardíaca média de quem nada fica acima dos 150 batimentos por minuto, elevada para quem tem condições do gênero.

Para pessoas com quadros respiratórios, como a asma, o esporte é indicado, sim, mas cobra cuidados. “Evite choques térmicos na saída da piscina. Eles podem causar problemas entre indivíduos alérgicos e mais sensíveis às variações de temperatura”, diz o pneumologista Sérgio Pinto.

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HIDROGINÁSTICA

Apesar do rótulo de ser ideal para idosos e gestantes, a hidroginástica é bem democrática e pode inclusive ser intensa.

São atividades feitas em grupo, com músicas e instruções do professor, que contam com flutuadores, boias de espaguete, pranchinhas e halteres. Os alunos intercalam alongamentos com exercícios aeróbicos e de força.

A temperatura da água tende a ser mais quente, ficando próxima aos 29°C. Não tem como fugir: o corpo humano precisa desse calor para se sentir confortável durante a prática.

Não faltam benefícios com aulas regulares de hidro, mas dois são vistos como os principais: os ganhos na circulação sanguínea dos membros inferiores (por ser praticado em grande parte em pé dentro da piscina) e no equilíbrio através do ganho de massa muscular.

Em uma sessão puxada, o aluno chega a perder 500 calorias, índice na cola da média de 600 calorias da natação.

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<span class="hidden">–</span>Ilustração: Rafaela Pascotto/SAÚDE é Vital

TREINO AERÓBICO DE FORÇA

O treino intervalado de alta intensidade na água (HIITAQ) ainda não está entre as modalidades mais populares, mas tem tudo para deslanchar. É um dos estilos que melhor usam o empuxo da água a favor do atleta — páreo duro para a consagrada natação.

As sessões englobam exercícios que alternam ritmos intensos e mais leves, utilizando a resistência da água e o peso corporal como carga. Também pedem que o praticante fique boa parte do tempo na vertical, otimizando a circulação nas pernas.

Como o HIITAQ depende de picos de esforço físico para evoluir e atingir os resultados, convém checar a saúde cardíaca antes de se jogar na piscina.

Para evitar que o metabolismo se acostume e o condicionamento e o ganho de massa muscular estacionem, é recomendado que os treinos aumentem de intensidade e velocidade com o passar do tempo.

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WATER YOGA

Até a milenar ioga caiu na água. As ásanas, nome dado às posturas clássicas, exigem equilíbrio em qualquer ambiente, mas, dentro da piscina, o peso do corpo é anulado, com a vantagem de evitar quedas e torções — limitação eventualmente apontada na prática em solo.

Não são todas as posições que podem ser executadas, claro. Porém, dá para realizar desde posturas como a da árvore como contar com o auxílio de boias e pranchas.

A water yoga é indicada para aquele perfil que quer algo a mais que um exercício físico.

Às ásanas aliam-se os pranayamas (o controle da respiração) e os recursos da meditação e do agradecimento. Em sânscrito, “yoga” significa “união” — do corpo, mente e espírito. O relaxamento proporcionado pela água, dizem os especialistas, favorece esse matrimônio.

A ioga também pode ser praticada sobre a prancha em piscina ou mar calmo — algo mais indicado aos iniciados.

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SURFE NA PISCINA

Essa versão do esporte imita as características da prática no mar em um ambiente mais seguro e controlado.

É válido lembrar que existem dois tipos de piscinas de ondas, e cada uma estimula o corpo de forma diferente. No mais difundido, a água se comporta de forma semelhante a uma correnteza, o que induz o atleta a treinar o equilíbrio e a força dos membros inferiores sobre a prancha.Embora seja uma atividade física, esse modo costuma ser mais visto em ambientes de lazer, como parques aquáticos e cruzeiros.

O outro modelo, menos comum no Brasil, simula as ondas de forma mais realista, e exige muito dos braços, músculos dorsais, membros inferiores e abdômen. A tecnologia ainda não consegue reproduzir com perfeição os grandes tubos que os surfistas profissionais rasgam nas competições, mas pode servir como uma preparação para o surfe no mar — a despeito da idade de quem vai se aventurar.

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ESPORTES COLETIVOS

Com exceção do polo aquático, que surge a partir de uma mistura entre futebol, rúgbi e natação, a maioria das modalidades aquáticas em equipe é uma adaptação da versão homóloga praticada em terra, como biribol, ketball e basquete.

O basquete aquático segue a mesma lógica de encestar a bola (impermeável). No vôlei na água (ou biribol), o objetivo é fazer a bola cair do lado do adversário. Até aí tudo quase igual, incluindo a infraestrutura das piscinas, que não precisa de muitas mudanças para se tornar adequada para esses esportes.

A sacada está na movimentação submersa, que passa por uma resistência maior conforme a área de contato e profundidade.

Tirando o ketball, em que os jogadores ficam submersos só até o joelho, nos demais grande parte do corpo fica dentro da água, e a resistência funciona com uma carga natural, exigindo um gasto energético maior.

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Para praticar no mar

As opções para quem mora no litoral ou tem acesso fácil a praias exigem mais experiência, cautela e orientação

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<span class="hidden">–</span>Ilustração: Rafaela Pascotto/SAÚDE é Vital

Mergulho
Exercita toda a musculatura do corpo, com foco nos tríceps e nos ombros. Como é necessário racionar o oxigênio, o sistema respiratório é recrutado o tempo todo. A prática envolve diferentes etapas e tipos, com cilindro ou controle da respiração.

Surfe
O esporte olímpico por trás de toda uma cultura requer condicionamento, força, coordenação, equilíbrio e resistência. Apesar de não ficar o tempo todo com o corpo submerso, o surfe é considerado um treino para o corpo inteiro. Mas cobra prudência.

Windsurf
Uma mistura de vela com surfe na qual o atleta controla os movimentos do mastro através de uma barra. Exercita muito pernas, costas e braços. Lembre-se de prestar atenção na posição correta da lombar para evitar dores e torções. Só dá para fazer após instrução.

Nado livre
Bota o corpo para enfrentar a resistência da água e as ondas, proporcionando cargas naturais e trabalhando o ritmo cardiorrespiratório, o gasto calórico e o ganho de massa muscular. Mas deve ser praticado apenas por quem já sabe nadar.

Kitesurf
Semelhante ao surfe, com manobras acrobáticas e tudo, tem como diferencial a necessidade de manter o equilíbrio mesmo sendo puxado por um paraquedas. Podendo ser praticado em lagos e no mar, mesmo em água calma, exige bastante dos músculos.

Stand up paddle
Com a tradução literal para “remo em pé”, pode ser praticado no mar, rios ou lagos com água mais calma. Trabalha a musculatura do abdômen, com foco nas laterais e na lombar, além de aprimorar o equilíbrio e reduzir o estresse.

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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Microbiota do sêmen pode estar por trás da infertilidade masculina, segundo estudo

Você já ouviu falar da microbiota intestinal – o conjunto de bactérias que vive no seu sistema digestório, e são importantíssimas para o funcionamento do intestino e até do cérebro. A microbiota da pele e da vagina também influenciam a saúde desses órgãos.

O sêmen, por outro lado, geralmente não têm bactérias enquanto está nos testículos. Mas isso muda quando o fluido passa pela última porção do pênis, que carrega sua própria população de micróbios. O sêmen sai, então, com algumas bactérias, dependendo de como está a microbiota daquela região.

Nem todas as bactérias são danosas. Assim como em outras partes do corpo, o equilíbrio da microbiota é benéfico para o sêmen. No entanto, um estudo da Universidade da Califórnia mostrou uma relação entre algumas bactérias e a baixa mobilidade dos espermatozoides – que pode ser uma das causas da infertilidade masculina.

O artigo foi publicado no periódico Nature Scientific Reports. Os pesquisadores analisaram amostras de sêmen de 73 homens que procuravam fazer uma avaliação de fertilidade ou exames preparatórios para vasectomia.

Das amostras coletadas, os espermatozoides de 27 homens apresentaram mobilidade fora do normal – basicamente, os gametas tinham mais dificuldade para chegar ao óvulo. Os outros 46 estavam dentro do esperado. O grupo de esperma anormal também tinha maior concentração da bactéria Lactobacillus iners (9,4%) em comparação ao segundo grupo (2,6%).

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Essa bactéria faz parte da microbiota vaginal, e geralmente encontra-se em níveis saudáveis para a mulher. No entanto, os pesquisadores acreditam que a L. iners pode estar impactando a fertilidade dos homens. 

Estudos in vitro realizados com outras espécies revelaram que o ácido lático pode reduzir a mobilidade dos espermatozoides. E a bactéria L. iners produz, justamente, ácido lático. 

Vale lembrar que a nova pesquisa encontrou apenas uma relação estatística entre a concentração de bactérias e o sêmen de baixa mobilidade. Ainda não sabemos se a L. iners é, necessariamente, a causa do problema. É possível que exista um terceiro fator em jogo, que influencia tanto os espermatozoides quanto as bactérias.

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Além disso, três bactérias do gênero Pseudomonas também foram encontradas – tanto no sêmen “normal” quanto no “anormal”. As espécies P. fluorescens e P. stutzeri eram mais comuns no grupo com baixa mobilidade de espermatozoides, enquanto a P. putida aparecia em baixas quantidades, quando comparado ao outro grupo de homens.

É cedo para dizer se essas bactérias também podem estar relacionadas à fertilidade. O estudo só começa a olhar a microbiota do sêmen, e abre possibilidades de investigação para pesquisas mais rigorosas.

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Febre oropouche: entenda a doença com sintomas parecidos com os da dengue

O Amazonas registrou mais da metade do número de casos de febre oropouche na primeira quinzena deste janeiro, em comparação com todo o ano passado — foram 223 casos da doença nas primeiras duas semanas de 2024, contra 424 registros totalizados em 2023. Devido ao aumento expressivo de registros, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do estado emitiu um alerta epidemiológico.

Segundo o órgão estadual, não há registro de mortes. A febre oropouche causa sintomas parecidos com os da dengue e os da chikungunya:

  • Dor de cabeça
  • Dor muscular
  • Dor nas articulações
  • Tontura
  • Náusea
  • Diarreia

A febre oropouche é uma arbovirose, ou seja, é transmitida pela picada de um mosquito, o Culicoides paraense, também conhecido como maruim.

No entanto, de acordo com Tatyana Amorim, diretora-presidente da FVS, os mosquitos do gênero Culex – mais espalhados pelo país – também podem ser vetores. No ciclo selvagem, os hospedeiros são animais primatas e o bicho-preguiça, enquanto no ciclo urbano o ser humano continua sendo o principal hospedeiro.

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“A transmissão do vírus ocorre pela picada do mosquito infectado. Não há registro de casos de transmissão de pessoa para pessoa diretamente”, explica Amorim.

O período de incubação do vírus é de quatro a oito dias, quando surgem os primeiros sinais. A manifestação dos sintomas costuma durar de cinco a sete dias, mas, segundo o alerta emitido, a recuperação total do paciente pode levar semanas.

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Os casos atuais estão concentrados em adultos jovens, com idades entre 20 e 59 anos, embora existam registros confirmados em todas as faixas etárias.

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O tratamento e o risco de a febre oropouche se espalhar pelo Brasil

Pelos sinais clínicos semelhantes, as arboviroses dificultam o diagnóstico correto e a intervenção médica adequada para evitar a ocorrência de formas graves e, eventualmente, mortes.

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O tratamento da febre oropouche é realizado com medicamentos para tratar os sintomas e hidratação. Até o momento, não existe vacina ou um antiviral disponível para essa doença.

De acordo com a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a emergência do vírus oropouche no Brasil está sendo alertada há anos por cientistas e pesquisadores. Para ela, esse aumento considerável no número de casos é preocupante pelo risco de a doença se espalhar para outros estados.

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“O homem acaba se infectando acidentalmente ao entrar nas matas e acaba levando a infecção para as cidades, mantendo o ciclo de transmissão. Há uma grande preocupação de que ocorra surtos nas cidades”, reforça a médica.

Gouveia acrescenta que nem todos os laboratórios do país estão capacitados para a realização do diagnóstico correto. “O vírus já pode estar circulando em algumas regiões do Brasil sem sabermos. Os casos no Amazonas podem estar refletindo apenas a ponta do iceberg”, alertou.

O Amazonas ainda não define o aumento de casos como um surto, mas reconhece a necessidade de monitoramento constante.

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Como evitar a febre oropouche?

As medidas de prevenção são as mesmas de outras doenças causadas por picadas de mosquitos:

  • Usar repelentes, principalmente no início e no fim do dia
  • Vstir preferencialmente blusa de manga longa e calça comprida ao entrar áreas de mata e beira de rios
  • Instalar telas e mosquiteiros em áreas rurais e silvestres

Segundo Amorim, da FVS, a eliminação dos criadouros do mosquito envolve evitar acúmulo de lixo, limpar terrenos, caixas d’água, cisternas, realizar vistorias para evitar água parada que propicie que os mosquitos depositem os ovos, entre outras.

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A FVS também emitiu uma nota técnica orientando sobre a intensificação das ações de vigilância, prevenção e controle da doença.

*Conteúdo publicado originalmente na Agência Einstein.

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Câncer de colo do útero: pouco mudou em 25 anos

Um quarto de século pode parecer bastante tempo. Mas, no combate ao câncer de colo do útero, o relógio parece que pouco andou: terminamos 2023 com um contexto pouco diferente daquele de 1998, quando foi lançada pelo Ministério da Saúde a campanha nacional de combate a este que era – e continua sendo – o câncer ginecológico mais incidente nas brasileiras.

Na ocasião, o ministro da Saúde, José Serra, na presença da primeira-dama Ruth Cardoso, anunciou que, até o dia 19 de setembro daquele ano, seriam realizados 4 milhões de exames de papanicolau gratuitamente em mulheres entre 35 e 49 anos que nunca haviam passado pelo procedimento.

A proposta, considerando o conhecimento da época em políticas de prevenção secundária (que foca no diagnóstico precoce), visava diagnosticar as lesões pré-cancerígenas o mais rapidamente possível.

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Em 1998, o câncer de colo do útero foi diagnosticado em cerca de 21 mil brasileiras. Para 2024, apesar do crescimento populacional, são previstos 17 mil novos casos desta doença.

Olhando apenas para estes números, parece que temos uma ótima notícia. Porém, na prática, pouco avançamos em como evitar este que é o mais evitável de todos os tipos de tumor.

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Essa afirmação é possível porque sabemos qual é o vilão e como ele pode ser eliminado. O papilomavírus humano (HPV) gera lesões potencialmente cancerígenas e é responsável por 99,7% dos casos de câncer de colo de útero, além de influenciar em outros tumores de órgãos genitais.

Não existe uma relação tão estreita entre um agente causador e um câncer como a do HPV e os tumores malignos de colo de útero. Nem a do cigarro com câncer de pulmão chega perto.

Se duas décadas e meia atrás havia a falta de acesso ao exame de papanicolau (um gargalo que persiste), vemos também uma baixa adesão à vacina contra HPV no Brasil. Criada em 2006, na Austrália, essa vacina integra o programa de imunização de mais de 50 países.

No Brasil, é distribuída gratuitamente pelo Sistema Público de Saúde (SUS) desde 2014 (para meninas) e 2017 (meninos). O melhor resultado foi obtido, justamente, em 2014, quando foram aplicadas quase 8 milhões de doses nas meninas brasileiras.

O número caiu para abaixo de 6 milhões de doses no ano seguinte e, entre 2016 e 2022, não superou nem a marca de 2 milhões. Entre os meninos, o número de doses aplicadas também vem caindo desde quando eles tiveram acesso a elas pelo SUS, em 2017.

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Com isso, estamos distantes da meta almejada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2020, a entidade declarou que seria necessário reduzir a incidência do câncer de colo de útero para abaixo de quatro casos por 100 mil mulheres por ano, em todos os países, até 2030.

No Brasil, os números estão três vezes acima disso. Para termos um país sem câncer de colo do útero, devemos fortalecer as campanhas de conscientização, aumentar o acesso aos exames preventivos e fazer subir as taxas de adesão à vacina contra HPV.

Unindo vozes, com gestão pública de qualidade, conseguiremos desfrutar melhor do tempo e avançar verdadeiramente.

*Gustavo Cardoso Guimarães é cirurgião oncológico, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e diretor dos departamentos cirúrgicos oncológico da BP – A Beneficência Portuguesa de SP. Andréa Gadêlha Guimarães é oncologista clínica, coordenadora de advocacy do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) e líder da Oncologia do Centro de Referência de Tumores Ginecológicos do A.C.Camargo Cancer Center.

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Câncer de colo do útero: pouco mudou em 25 anos Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br