quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

12 marcos culturais que fazem 10, 20 ou 30 anos em 2019

Há 30 anos

Batman, de Tim Burton

Não foi o primeiro filme de super-herói da era moderna – quem inaugurou o gênero foi Superman, de 1978, e que teve mais três continuações ao longo dos anos 1980. Só que o maior marco foi outro: o Batman de Tim Burton, com Michael Keaton no papel principal e Jack Nicholson sob a maquiagem do Coringa.

Michael Keaton parecia frágil e ordinário demais para interpretar Bruce Wayne. Mas a contradição estética ornou bem com a tinta surrealista de Tim Burton (que depois faria Edward Mãos de Tesoura, O Estranho Mundo de Jack, Alice no País das Maravilhas, Peixe Grande…). E o filme fez US$ 835 milhões de bilheteria, em valores de hoje.

A atuação de Jack Nicholson foi celebrada na época. Só tem um detalhe. Depois que o australiano Heath Ledger (1979- 2008) recriou o personagem numa versão mais sombria, em O Cavaleiro das Trevas, a atuação de Nicholson pareceu bem menos brilhante. De fato: lá atrás, Nicholson não fez muito mais do que imitar o Coringa comédia de Cesar Romero, que fazia o vilão na série de TV do Batman, de 1966.

As Quatro Estações, do Legião Urbana

Antes de cada seção de Batman começar, surgia Renato Russo nos trailers avisando as crianças da platéia que “parece cocaína, mas é só tristeza”. É que, pelo menos em alguns cinemas de São Paulo, passava este clipe aqui em cima, o de Há Tempos. Era uma das peças promocionais de As Quatro Estações – ainda não havia MTV; ela só surgiria em 1990.

O álbum que também tinha Pais e Filhos, talvez o maior clássico da banda; Monte Castelo, cuja letra misturava Camões e o Novo Testamento; e Meninos e Meninas, em que Renato Russo (1960-1995) fala abertamente de sua bissexualidade, num tempo em que nenhuma personalidade pública tratava do assunto.

O disco vendeu 2,6 milhões de cópias, e impulsionou todos os os outros álbuns do Legião – os que já tinham saído e os que viriam a sair. Isso transformou o grupo no segundo maior fenômeno da história do rock brasileiro, com 25 milhões de álbuns vendidos – o maior segue sendo Rita Lee, que, com 55 milhões, vendeu mais que a Xuxa (50 milhões) e só perde para Roberto Carlos (120 milhões) e Nelson Gonçalves (75 milhões) no ranking geral. Há 30 anos, aliás, Rita Lee fazia uma participação especial em outro fenômeno da cultura pop nacional. Este aqui:

Top Model, de Walther Negrão e Antônio Calmon 

Rita fez a bruxa Belatrix, uma das ex-mulheres de Gaspar Kundera, o surfista quarentão que vivia em frente à praia com os filhos John Lennon, Jane Fonda, Ringo Starr,  Elvis e Olívia (Newton-John). A novela de Wather Negrão e Antônio Calmon marcou por dar destaque a dramas adolescentes (dos filhos de Gaspar e seus amigos) – bem antes de Malhação e da avalanche de séries gringas.

O centro da narrativa, de qualquer forma, era convencional. Girava em torno da carreira de Duda (Malu Mader), a “top model” do título da novela. O tema espelhava bem o mundo de 1989, quando Cindy Crawford e Naomi Campbell elevaram o status das modelos de passarela a um patamar inédito de celebridade. O termo “top model” seria mais tarde inflacionado para “über-model” – termo criado para definir uma modelo que parecia mais relevante que todas as outras juntas: Gisele Bündchen, que tinha 9 anos naquela época.

Há 20 anos

  • A New York Magazine cunhava o termo “über-model” (“supermodelo” em alemão, que soa mais grandioso) para Gisele Bündchen.

  • “Bruce Willys está morto” era uma frase proibida em mesas de bar e saídas de cinema. Sim: já faz 20 anos que estreou O Sexto Sentido, que redefiniria o peso da palavra spoiller. O ano de 1999, diga-se, prolífico em lançamentos criativos: Clube da Luta, Matrix, Quero Ser John Malkovich, Beleza Americana, Magnólia, De Olhos Bem Fechados, O Grande Lebowski e Tudo Sobre Minha Mãe.

  • Jar Jar Binks também faz 20 anos, junto com Star Wars – Episódio 1. Ahmed Best, o ator que serviu de base para o boneco de computação gráfica, disse em julho de 2018 no Twitter que pensou em suicidar-se depois da repercussão negativa que o personagem gerou – repercussão um tanto exagerada para uma série de filmes que já tinha produzido os Ewoks.

  • Nas disqueteiras dos Astras, Corsas e Gols Bolinha tocava Living La Vida Loca, de Ricky Martin, e a não menos vida lôca Mambo Number 5, de Lou Bega (A little bit of Monica in my life/A little bit of Erica by my side/A little bit of Rita is all I need/A little bit of Tina is what I see).
  • Os Raimundos lançavam seu último disco de inéditas antes de Rodolfo sair da banda: Só no Forévis (com Mulher de Fases e A Mais Pedida), que se tornaria o mais vendido deles (1,8 milhão de cópias).

Há 10 anos

  • Aposentaram a trema da língua portuguesa, as palavras “para” (preposição) e “para” (verbo “parar” na terceira pessoa do presente do indicativo) perdem o assento diferencial, abrindo as portas para aberrações frasais como “Brasil para para ver não-sei-o-quê”. Surgem palavras como “veem” (o antigo vêem, do verbo “ver”). E caiu um asteroide no elegante acento da palavra “asteróide”. O Novo Acordo Ortográfico tornou-se obrigatório – e ai de quem tivesse cometido o erro de alfabetizar-se antes dele.

  • Uh-la-lá: Stefani Germanotta, a Lady Gaga, lançava Bad Romance, hit de seu terceiro disco, The Fame Monster. A canção, que elevou o estrelato de Gaga à décima potência, é uma de suas várias parcerias com o sueco de origem marroquina Nadir Khayat, que atende pelo nome artístico RedOne. Nadir, que também compôs para Jennifer Lopez e Enrique Iglesias, já tinha trabalhado como produtor para Rod Stewart, U2 e Michael Jackson.

  • No cinema: Avatar, de James Cameron, inaugurava a era do iMax 3D. Crepúsculo já estava no segundo filme da “saga”. “Era do Gelo”, no terceiro. Harry Potter, no sexto. É. Passa rápido.

 


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