Tão certo quanto o especial de Natal do Roberto Carlos na TV, o aumento anual das emissões de CO2 segue implacável desde a Revolução Industrial. Em 2018, mais uma vez, a humanidade bateu seu recorde: mesmo com os esforços internacionais – leia-se Acordo de Paris – pressionando os países a diminuir a poluição do ar, fechamos o ano com um saldo de 37 bilhões de toneladas. Um total 2,7% maior em relação ao ano anterior.
É normal que as temperaturas da Terra oscilem de tempos em tempos. Muito antes de existir Homo sapiens para contar história, a Terra já havia passado por várias glaciações. Mas sabe-se hoje que a ação humana desregulou esses ciclos, e acelerou a chegada de um período de calor mais intenso.
O principal resultado disso é a maior incidência de desastres ambientais. Pode ser que você não se lembre, mas 2018 registrou vários casos do tipo em todo o mundo – entre enchentes, incêndios de grandes proporções, furacões, secas e muito, muito calor. A tendência é que tudo seja cada vez mais comum.
Além de fazer crescer o número de mortes, desabrigados e engrossar o total de perdas materiais, problemas causados por alterações drásticas do clima acabam fazendo estrago também no bolso dos países. É o que mostrou um relatório elaborado pela organização cristã de ajuda humanitária Christian Aid, que tem sede no Reino Unido.
Segundo o levantamento “Contando os custos”, elaborado pela entidade, os 10 eventos mais devastadores de 2018 ligados ao aumento das temperaturas tiveram danos econômicos que ultrapassaram US$ 1 bilhão.
Quatro destes, ainda, superaram a marca dos US$ 7 bilhões. Integram o grupo os furacões Florence e Michael, que arrasaram o sul dos Estados Unidos entre setembro e outubro deste ano. Contando somente o prejuízo financeiro, estima-se que os fenômenos tenham tido impacto de US$ 17 milhões e US$ 15 milhões, respectivamente. Segundo pesquisas, as chuvas do período tiveram intensidade até 50% maior graças à interferência humana no clima.
Ainda nos EUA, os incêndios que atingiram a Califórnia em novembro e deixaram dezenas de mortos somam impacto de US$ 7,5 bilhões. O mesmo montante vale também para a onda de secas da Europa, que teve início ainda em maio de 2018 – como destacou a BBC, mudanças climáticas causadas pelo homem dobram a chance de eventos do tipo. Completam a lista as enchentes entre junho e julho no Japão, que tiraram 250 vidas e oneraram o país em pelo menos US$ 7 bilhões.
O top 10 de desastres com mais impacto financeiro conta, ainda, com ondas de enchentes na China (US$ 3,9 bilhões) e Índia (US$ 3,7 bilhões), e secas na Argentina (US$ 6 bilhões), África do Sul (US$ 1,2 bilhão) e Austrália (US$ 5,8 bilhões). Nas Filipinas e na China, os custos relativos à passagem do tufão Mangkhut podem ter chegado aos US$ 2 bilhões.
E a tendência é que, para os próximos anos, o cenário seja parecido. “Apesar do impacto que alterações climáticas extremas tiveram no mundo, o ano de 2018 não deve ser exceção. Na verdade, é provável que seja um ano qualquer”, diz o relatório da Christian Aid. “Projeta-se para 2019 a ocorrência do fenômeno El Niño, que causa um aumento natural nas temperaturas, fazendo com que o ano que vem seja, ao que tudo indica, ainda mais quente”.
De acordo com Organização Mundial de Meteorologia, 2018 foi o quarto ano mais quente da história, com médias de temperatura globais até 1ºC mais elevadas do que costumavam ser na era pré-industrial.
O impacto financeiro do aquecimento global em 2018 Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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