quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Alexandre, o Grande, pode ter sido entumbado vivo

Por mais de dois milênios, a morte de Alexandre, o Grande esteve envolta em mistério. É difícil digerir o fato de que o grande general jamais derrotado em batalha, que forjou um dos maiores impérios da história, possa ter morrido tão repentinamente e tão jovem, aos 32 anos. Teria sido envenenado? Bebido demais? Ou padecera após contrair alguma patologia fulminante, como malária ou febre tifoide? Uma nova teoria propõe uma explicação diferente — e assustadora. Em 323 antes de Cristo, na Babilônia, Alexandre teria sido declarado morto, mas só estava paralisado e, possivelmente, em coma.

Ser enterrado vivo é um dos maiores pesadelos de qualquer pessoa. De acordo com a médica Katherine Hall, da Universidade de Otago (Nova Zelândia), essa teria sido a terrível sina do lendário conquistador da Antiguidade. “A morte dele pode ser o caso mais famoso de falso óbito já registrado”, disse em nota a pesquisadora. Hall publicou seu estudo no volume mais recente da revista especializada Ancient History Bulletin. Ela acredita que Alexandre sofria de síndrome de Guillain-Barré (SGB).

Trata-se de uma doença autoimune na qual a musculatura é rapidamente enfraquecida devido a um ataque do sistema imunológico do paciente contra seu sistema nervoso. Talvez as próprias células do homem cujo império se estendeu por três continentes, do Egito à Índia, passando pela Pérsia, fossem belicosas – e tenham travado uma guerra mortal entre si, culminando no definhamento do corpo do guerreiro. Não há provas disso; mas o diagnóstico de SGB se encaixa nos sintomas.

Diz-se nos textos clássicos que Alexandre teria sido tomado por uma febre arrebatadora acompanhada de dores abdominais, que evoluiu depressa para um quadro mais grave, impedindo-o de andar, de se mover e de falar. Mas, de acordo com os relatos antigos, sua mente se manteve lúcida até o momento da morte. Segundo Hall, este detalhe que até então havia passado despercebido seria a chave para desvendar a real condição que teria acometido o discípulo de Aristóteles, nascido na Macedônia em 356 a.C.

“Trabalhei por cinco anos com medicina intensiva e vi provavelmente uns dez casos [de SGB]”, disse a médica em entrevista à emissora Fox News. “A combinação de paralisia ascendente com habilidade mental normal é muito rara, e eu só a vi na SGB”, afirma. A forma como Hall descreve os possíveis desdobramentos nos últimos dias de Alexandre é perturbadora.

“Sua visão teria ficado turva e, caso a pressão sanguínea estivesse muito baixa, ele teria entrado em coma. Mas há uma chance de que ele estivesse consciente do que se passava ao redor e pudesse ao menos ouvir. Então ele teria escutado seus generais discutindo sobre a sucessão, a chegada dos embalsamadores egípcios, seus planos de iniciar os trabalhos.” Isso explica o motivo do corpo não ter apodrecido por seis dias após a “morte”. Para os antigos gregos, seria uma prova da divindade de seu herói. Para a medicina moderna, um indício de que ele ainda estava vivo.


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