O tratamento para a hemofilia, uma doença que provoca sangramentos prolongados – internos ou externos –, segue avançando a passos largos. Prova disso é a ampliação da indicação de um remédio de última geração, o emicizumabe, da farmacêutica Roche, para praticamente todos os pacientes com hemofilia A (um subtipo do problema que responde por 80% de todos os casos).
Até pouco tempo atrás, essa droga estava restrita aos pacientes com hemofilia A que desenvolvem inibidores ao fator de coagulação VIII. Calma que a gente explica passo a passo.
A hemofilia é marcada pela deficiência de alguns fatores de coagulação. No caso da versão A, o que falta no organismo é o fator VIII. Ele nada mais é do que uma das moléculas que ajudam a coagular o sangue – e, portanto, a fechar feridas internas ou externas.
Acontece que 30% dos pacientes, ao reporem essa carência com versões artificiais do fator de coagulação, acabam desenvolvendo os tais inibidores. Estamos falando de partículas criadas pelo próprio organismo que neutralizam o tratamento.
O emicizumabe, por sua vez, consegue “imitar” a ação do fator de coagulação VIII sem ser bloqueado pelos inibidores. Daí porque recebeu aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser administrado nesses indivíduos em julho de 2018.
A novidade no tratamento da hemofilia
De acordo com o estudo Haven 3, o emicizumabe reduziu o índice de sangramentos em 96% nos pacientes com hemofilia A sem inibidores do fator de coagulação – isso quando comparado a outros enfermos que não passaram por qualquer tratamento preventivo.
Além disso, a droga reduziu em 68% a taxa anual de sangramento, mesmo quando comparada à reposição do fator de coagulação VIII. Ou seja, segundo esse trabalho, ela seria mais eficiente que o tratamento convencional – que já é bom, diga-se de passagem.
Graças a essas descobertas e a pedido da Roche, a Anvisa estendeu a indicação do emicizumabe para os pacientes com hemofilia A em geral – com ou sem inibidores do fator de coagulação VIII.
Fora a eficiência, o remédio é aplicado só uma vez por semana e com injeções subcutâneas. Já o tratamento atual envolve picadas intravenosas pelo menos três vezes na semana.
Só tem um adendo: esse estudo focou em adultos e adolescentes com pelo menos 12 anos de idade. Por outro lado, a bula anterior da medicação afirma que ele pode ser utilizado em todas as faixas etárias.
Em resumo, o uso desse fármaco depende de uma conversa com o médico, que vai avaliar cada caso. Cabe lembrar que ele não está disponível no Sistema Único de Saúde e não é voltado para a hemofilia do tipo B. Felizmente, essa categoria do problema também teve boas notícias nos últimos anos.
Remédio moderno para hemofilia agora pode ser aplicado em mais pacientes Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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