sexta-feira, 22 de março de 2019

Por que o tempo parece passar mais rápido conforme envelhecemos?

A chuva é campeã invicta das conversas de elevador. Mas o tempo na acepção do relógio, e não do clima, não fica muito atrás. “Puxa, como o verão passou rápido”. Ou então, “daqui a pouco já é Natal”. Por que, afinal, o tempo parece passar cada vez mais rápido conforme envelhecemos? Um cientista acaba de propor uma nova explicação.

De acordo com o engenheiro mecânico Adrian Bejan, da Universidade Duke, nos EUA, “não é que as experiências fossem mais profundas ou mais significativas, é só que elas estavam sendo processadas rapidamente”.

Calma, a gente explica: a ideia é que, quando você é criança, seu cérebro gera mais imagens de uma cena por segundo do que ela gera depois de velho. Em outras palavras, conforme envelhecemos, a nossa taxa de frames por segundo diminui.

Nossos neurônios conversam entre si por meio de estímulos eletroquímicos, que passam por uma rede emaranhada de dendritos e axônios (os “rabinhos” dos neurônios). Conforme vamos envelhecendo, essas redes também amadurecem, ficam maiores e mais complexas, e decaem aos poucos.

Ou seja: um sinal que antes percorria uma linha reta e estável no cérebro agora dá voltas e mais voltas por uma estrada esburacada e cheia de curvas.

Esse fenômeno faz com que a taxa através da qual o cérebro adquire e processa novas imagens decaia ao longo da vida. E quanto menos imagens de alguma coisa você registra, mais rápido essa coisa parece se passar.

Até então, as hipóteses para explicar esse fenômeno se referiam mais ao aspecto psicológico das memórias e como o sistema nervoso as armazena. Bejan defende que o que realmente muda nossa percepção do tempo são alterações físicas que ocorrem no cérebro conforme ele envelhece.

“Os dias pareciam durar mais na sua juventude porque a mente jovem recebe mais imagens durante um dia do que a mesma mente na velhice”, resume Bejan. “A mente humana sente o tempo mudando quando a percepção das imagens muda.”

A hipótese foi publicada nesta segunda (18) no periódico European Review. É interessante saber a causa do fenômeno — mas seria ainda melhor descobrir como fazer o tempo parar de voar.


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