Casas e prédios sem janelas, repletos de lixo e caindo aos pedaços. Não há o menor sinal de moradores andando pelas ruas. Para encontrar algum resquício de civilização por ali, aliás, seria preciso voltar mais de trinta anos no tempo. Vivas mesmo, só as plantinhas que arrumam um espaço para despontar entre as construções cinzas – sem conseguirem, claro, restaurar a aparência da cidade-fantasma. Bem-vindo a região da usina de Chernobyl, Ucrânia, palco do pior acidente nuclear da história.
O cenário inóspito e o histórico de radiação não impedem que Chernobyl seja um destino cada vez mais visitado entre as opções do leste europeu. Só ano passado, a região onde ficava a usina recebeu cerca de 67 mil turistas, ávidos por contemplarem com os próprios olhos os efeitos devastadores da radiação. E esse número tem tudo para ser superado com folga em 2019.
A “Explore”, principal agência de turismo local, registrou aumento de 40% na procura por passeios guiados pelos arredores de Chernobyl no último mês, em comparação ao mesmo período do ano passado. O mesmo aconteceu com a “SoloEast tours”, outra empresa que oferece o serviço. Sergiy Ivanchuk, diretor da companhia de viagens, disse à Reuters que o aumento foi de 30%, também comparado a maio de 2018. As reservas entre os meses de junho, julho e agosto também saltaram para números 40% maiores.
O aumento repentino tem uma explicação: a estreia da série de TV americana “Chernobyl”, que exibiu seu primeiro episódio em 6 de maio no canal no assinatura HBO. O conteúdo da produção não é exatamente propagandístico. Pelo contrário: o foco são os efeitos da explosão, que contaminou dezenas de milhares de pessoas, o trabalho intensivo de limpeza dos rejeitos radioativos e os desdobramentos judiciais da história.
Ainda assim, a qualidade da história impactou o público de forma bastante positiva. Não é exagero dizer que a crítica nunca abraçou abraçou tanto uma produção de TV – no IMDb, site que avalia filmes e séries, “Chernobyl” ostenta a melhor avaliação que uma produção já atingiu na história.
A realização de excursões pelos arredores de Chernobyl foi liberada em 2010, após autoridades garantirem que não existia mais risco de contaminação por radiação. Ainda assim, a questão não foi eliminada totalmente. Problema? Não mesmo. “A radiação torna a zona [da usina] particularmente interessante”, escreve a agência ucraniana “Chernobyl Tour” em seu site.
As excursões guiadas, feitas em inglês, costumam custar US$ 99 (quase R$ 400) por pessoa. Saindo de Kiev, capital da Ucrânia 120 quilômetros distante do local, a viagem têm duração de um dia. Achou pouco tempo para conhecer tudo? Estender a visita e explorar os detalhes por conta própria não é uma boa ideia. É altamente recomendado permanecer no local apenas por algumas horas – culpa dos índices de radiação de algumas áreas, que permanecem acima da média tolerada.
Série de TV sobre Chernobyl já impacta o número de turistas na região Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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