terça-feira, 23 de julho de 2019

Astrônomos detectam nascimento de exolua pela primeira vez

Uma equipe internacional de pesquisadores deu um passo importante na busca por satélites naturais em outras estrelas – as chamadas exoluas. Eles detectaram, pela primeira vez, um disco circumplanetário, anel de poeira e gás que fornece o material para a formação de gigantes gasosos e suas luas. É algo bem parecido com o sistema que formou Júpiter, nosso vizinho de sistema solar.

O tal disco fica a 370 anos-luz de distância da Terra, onde dois planetas descobertos há pouco tempo orbitam uma estrela jovem. Esses exoplanetas apareceram a partir de observações do VLT, telescópio de grande porte do ESO, o Observatório Europeu do Sul, localizado no deserto do Atacama. 

Agora, os astrônomos reuniram um novo conjunto de observações feitas pelo poderoso radiotelescópio ALMA, formado por 66 antenas. O ALMA está localizado no elevado e seco planalto de Chajnantor, no desértico norte chileno, local que reúne as condições são perfeitas para o estudo do Universo. O radiotelescópio é excelente para a detectar minúsculas partículas de poeira, com um décimo de um milímetro, ao redor de estrelas distantes.

Juntando estes dados aos encontrados previamente pelo VLT, os pesquisadores conseguiram uma evidência sólida da existência de um disco de poeira formador de luas em volta  do PDS 70 c, o mais afastado dos dois exoplanetas observados. Sua órbita fica a 5,3 bilhões de quilômetros da estrela PDS 70 – mais ou menos a distância entre Netuno e o Sol. Os cientistas estimaram que o gigante gasoso tenha algo em torno de uma até dez vezes a massa de Júpiter.

“É bem possível que existam luas do tamanho de planetas em formação ao redor dele”, disse em comunicado o astrônomo Andrea Isella, da Universidade Rice, que liderou o estudo, publicado na revista científica Astrophysical Journal Letters. Ganímede, lua de Júpiter e maior satélite natural do Sistema Solar, é 8% maior que Mercúrio e tem dois terços o tamanho de Marte.

O planeta mais interno, PDS 70 b, tem órbita semelhante a de Urano e também apresenta um traço peculiar: a mesma pesquisa detectou uma nuvem massiva de poeira na cola dele. Ainda não se sabe o que pode ser essa estrutura nem o que ela representa para o sistema planetário.

Ao contrário dos anéis de Saturno, formados bem mais recentemente da colisão de cometas e asteroides, o disco circumplanetário do PDS 70 c é mais primordial. Ele congrega o mesmo material que formou os planetas. Além de ter sido a primeira vez que essa estrutura foi detectada, é também a primeira evidência direta e confiável de que luas existem em outros sistemas solares.


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