segunda-feira, 15 de julho de 2019

“É difícil conversar com quem prefere não entender as evidências”, diz expert na Apollo 11

A Lua não é mais um lugar tão calmo como costumava ser. A União Soviética, Estados Unidos, China já pousaram no satélite natural. Até Israel tentou atracar por lá recentemente. A maioria dessas viagens não transportaram passageiros humanos, apenas sondas e robôs para coletar informações científicas. As únicas espaçonaves que levaram humanos para a Lua faziam parte da Missão Apollo, no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.

Essa missão é justamente o foco das pesquisas da historiadora Teasel Muir-Harmony. Além de autora de um livro sobre a Apollo 11 – missão de Neil Armstrong e Buzz Aldrin, que completa 50 anos neste dia 16 de julho – Teasel também é PhD em ciência e tecnologia pelo MIT e curadora do Museu Nacional do Ar & Espaço do Instituto Smithsonian, em Washington.

A SUPER conversou com a historiadora sobre o passado e o futuro das viagens humanas à Lua.

A motivação para mandar o homem à Lua é diferente hoje do que era nos anos 1960?

Eu acho que sim, a resposta dessa pergunta hoje é um pouco diferente do que as pessoas teriam respondido na década de 1950 ou 1960. No início da exploração espacial havia a concepção de que os humanos iriam cativar o interesse da população, que as pessoas na Terra iriam se sentir representadas, tornando as viagens mais interessantes para serem acompanhadas de perto. Muito da exploração humana do espaço foi motivada pela Guerra Fria e pela intenção de conquistar os corações e mentes do público mundial. Então havia muita motivação política.

Mas será que essa motivação ainda se justifica?

Existe um outro elemento que poderia se tornar relevante e que eu acho que vale a pena considerar. A realidade aumentada e realidade virtual aumentou a familiaridade das pessoas em visitar outros espaços através da tecnologia. Com a observação dos robôs em Marte, eu acho que as pessoas realmente sentem uma conexão com a exploração robótica do espaço, bem mais do que teriam imaginado em 1950 e 1960. Isso deve ser levado em consideração hoje ao enviar sondas, drones ou humanos para explorar.

A Nasa anunciou que a próxima astronauta a pisar na lua será uma mulher. Por que você acha que a agência tomou essa decisão?

Eu acho que a decisão é uma resposta à história do início da Nasa. Você tinha que ser homem para participar do programa espacial na época.

A primeira mulher americana foi para o espaço no início da década de 1980. O Projeto Artemis é uma demonstração de reconhecimento de que  o programa evoluiu muito desde aquela época. Há o interesse e a intenção de valorizar a diversidade na exploração espacial.

 

Em maio deste ano, a NASA anunciou que a próxima pessoa a pisar na Lua será uma mulher. Se nem o motivo de enviar um homem à Lua está claro, por que uma mulher?  Segundo Harmony, essa é uma resposta da agência ao seu próprio passado. “Você tinha que ser homem para participar do programa espacial na época das primeiras viagens espaciais”.

Algumas pessoas insistem em acreditar até hoje que o homem nunca pisou na lua. O que você teria a dizer para essas pessoas? 

Existem infinitas informações e evidências que os humanos viajaram para a Lua. Além das evidências fotográficas, existe o fato de que mais de 400 mil pessoas participaram do programa. Enganar esse número de pessoas ou conseguir que elas guardassem o segredo por tanto tempo já seria um fato extraordinário por si só.

A minha impressão principal é que os conspiracionistas não estão procurando entender a exploração espacial se baseando em evidências. Fica bem difícil conversar com pessoas que preferem não entender as evidências.


Se você quiser saber mais sobre o programa que mandou o homem para a Lua, a partir do dia 15 de julho às 21h, o canal Smithsonian vai transmitir diariamente o programa “Missão Lua”, uma série de seis episódios em homenagem aos 50 anos do acontecimento. No dia 20 de julho às 22h, para finalizar o especial, o canal também exibirá o documentário “O dia em que caminhamos na Lua”, que retrata os momentos em que a humanidade esteve na Lua pela primeira vez.


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