quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Buracos negros podem abrigar milhares de planetas exótico em sua órbita

Fomos educados a pensar em planetas como bolinhas (ou bolonas) rodeando estrelas. É um clichê espacial. Mas a ciência tem mostrado cada vez mais que esse senso comum é mais um reflexo da nossa visão antropocêntrica. Há planetas errantes que vagam soltos pela galáxia — nenhuma estrela envolvida. E, segundo um novo estudo, deve haver montes de mundos no lugar mais inóspito possível: ao redor de buracos negros supermassivos.

Três pesquisadores japoneses desenvolveram um estudo matemático em que calcularam a possibilidade de planetas se formarem em volta desses objetos monstruosos que ficam no centro dos núcleos galácticos ativos — aqueles que são bem mais luminosos que o normal. Perceberam que, apesar das condições aparentemente proibitivas daquele ambiente, onde a radiação e a gravidade são caóticas, corpos planetários podem, sim, nascer e viver por ali.

Mas como nascem os planetas, afinal? Os astrônomos ainda estão atrás de desvendar os detalhes desse processo, mas já têm uma bela noção de como funciona. O primeiro passo é dispor de um volumoso disco de poeira e gás (o disco de acreção) orbitando um corpo bem massivo. Esses chamados discos protoplanetários são comuns ao redor de estrelas bebês. Mas eles também existem circundando os buracos negros — e muito maiores, por sinal.

E, naturalmente, com uma maior fartura de “alimento” no núcleo das galáxias, é normal que os mundos nascidos nesses lugares sejam mais “gordinhos” e também mais numerosos. “Nossos cálculos mostram que dezenas de milhares de planetas com 10 vezes a massa da Terra podem se formar a cerca de 10 anos-luz de um buraco negro”, disse em comunicado Eiichiro Kokubo, professor do Observatório Astronômico Nacional do Japão.

A maior diferença entre esse disco de acreção encorpado para o disco protoplanetário das estrelas jovens é a densidade. No centro das galáxias, a massa da poeira é 1 bilhão de vezes maior que a de sistemas solares em formação, e algo como 100 mil vezes a massa do Sol. Mas como esses planetas sobrevivem à ira de um buraco negro?

Mais uma vez, é o fato de aquela matéria em órbita ser tão densa que faz toda a diferença. Os grãozinhos mais externos vão aos poucos absorvendo a imensa radiação recebida, e criam “bolsões” internos mais amenos. Ali, grãozinhos congelados vão se aglutinando e, ao longo de milhões de anos, viram um planeta. Agora falta descobrir como detectar esses mundos hipotéticos tão excêntricos. Já pensou como seria o céu nesses planetas?


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