sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Após 16 anos, Nasa aposenta telescópio Spitzer

Missões espaciais geram contribuições incontáveis à ciência. Mas, como tudo na vida, elas também têm um prazo de validade. Nos últimos anos, a Nasa aposentou Galex e Compton, telescópios que ficaram cerca de uma década em órbita, além do Kepler, seu mais prolífico caçador de exoplanetas, por exemplo. Agora foi a vez de desativar o satélite Spitzer. Na última quinta-feira (30), engenheiros programaram a ferramenta para fazer sua última manobra no espaço.

O Spitzer foi lançado da base de Cabo Canaveral, na Flórida, Estados Unidos, no dia 25 de agosto de 2003 – a princípio, para operar por apenas 2 anos e meio. Ao longo de mais de 16 anos e cinco meses, ele serviu para uma ampla gama de atividades de observação celeste.

Entre suas principais contribuições estão informações sobre nossos vizinhos de sistema solar (como a descoberta do maior anel de Saturno) ou mesmo segredos de galáxias distantes – como o sistema da TRAPPIST-1, estrela candidata a abrigar um exoplaneta semelhante à Terra. O Spitzer presenciou nascimentos e mortes de estrelas, flagrou galáxias antigas e acompanhou objetos espaciais que vagam pelo nosso Sistema Solar.

“Mas como o Spitzer conseguia fazer observações tão variadas?”, você, leitor pode estar pensando. Tudo pode ser explicado pela sua forma de funcionamento. Por ser um telescópio infravermelho, o Spitzer é interessado em observar comprimentos de onda diferentes da chamada “luz visível”. Isso é uma vantagem porque nuvens densas de gás e poeira que existem no Universo impedem a chegada da luz emitida por estrelas distantes, por exemplo, de chegarem a telescópios humanos. Analisando frequências de onda emitidas em um espectro diferente, que consegue atravessar essa barreira empoeirada, o Spitzer conseguia, assim, encurtar distâncias no espaço.

Abaixo, você pode assistir a um vídeo sobre o telescópio recém-aposentado feito pelo Laboratório de Propulsão à Jato da Nasa.

O Spitzer era um dos integrantes do programa Great Observatories, da Nasa, que reúne ferramentas especializadas em diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagnético. O programa conta também com os telescópios Hubble (responsável por observações no espectro de luz visível, ultravioleta e na fração próxima do infravermelho), Chandra (que analisa ondas de raios-X) e Compton (raios gama). Os dois primeiros ainda permanecem em funcionamento.

A escolha pela aposentadoria do telescópio se deu por questões práticas de operação. Para conseguir captar radiação infravermelha, o Spitzer precisava ter instrumentos funcionando a temperaturas baixíssimas, próximas ao zero absoluto. Garantir essas condições ideais de trabalho por anos a fio se mostrou uma tarefa cada vez mais custosa – só em 2018, foram gastos US$ 12 milhões para manter a missão. Além disso, a Nasa tem planos de lançar um sucessor mais moderno para o Spitzer – e para o Hubble, que acumula quase três décadas de serviço espacial – em breve.

O telescópio James Webb, cujo lançamento está programado para 2021, também foi projetado para operar na faixa do infravermelho. Trata-se do telescópio o mais potente a ganhar o espaço, e deve conseguir detectar galáxias e corpos celestes a uma distância ainda maior – expandindo ainda mais nosso conhecimento sobre o universo.


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