Decorridos quatro meses da presença do coronavírus no país, ainda vivemos uma curva ascendente de casos e óbitos. O isolamento, importantíssimo para evitar superlotação dos hospitais e o colapso do sistema de saúde no curto prazo, é naturalmente uma medida transitória, já que exige ponderar o momento da pandemia, os recursos disponíveis no sistema e os impactos indiretos na sociedade.
Esse desafiador equilíbrio indica o desenvolvimento de estratégias de afrouxamento do isolamento social para a retomada gradual da atividade econômica — e isso precisa acontecer de forma planejada, segura, com decisões pautadas por informações científicas. E elas virão, em grande parte, da medicina laboratorial.
A pandemia de Sars-CoV-2 tornou os testes diagnósticos o principal pilar para o manejo adequado da doença, não apenas no âmbito médico mas também no social e econômico.
Entre os especialistas, temos um consenso da importância de identificar portadores (com e sem sintomas), mantê-los em quarentena, descobrir quem teve contato e, sobretudo, conservar os cuidados com higiene e uso de máscaras em ambientes públicos.
Para o diagnóstico da Covid-19, existem diferentes metodologias de exames, que cumprem diferentes papéis no decorrer do tempo e da curva de infecção. A ferramenta de escolha com maior valor para o diagnóstico no momento agudo da pandemia é o teste molecular de RT-PCR, que identifica a carga genética do vírus desde os primeiros dias da infecção, permitindo uma ação rápida sobre os pacientes identificados.
Trata-se de exames de execução complexa, que utilizam equipamentos sofisticados e reagentes disputados pelo mundo todo.
Além de desenvolver e disponibilizar um amplo portfólio de exames a seus pacientes, a Dasa se mobilizou com o chamamento do Ministério da Saúde e anunciou a criação do Centro de Diagnóstico Emergencial para Covid-19 (CDE-COVID-19). Ele nasce a partir da doação do processamento de 3 milhões de exames de RT-PCR à população brasileira.
O desafio é crescer a produção de 4 mil testes por dia para até 30 mil testes por dia. Essa capacidade pode tornar o CDE-COVID-19 a maior operação do mundo, talvez superior até que a da China, que é produtora de insumos e autossuficiente em testes moleculares.
O primeiro esforço, agora, é identificar as tecnologias disponíveis no curto prazo que sejam capazes de suprir essa expressiva demanda durante os próximos seis meses. A enorme linha de produção criada para o CDE-COVID-19 receberá diariamente amostras coletadas em todo o Brasil para processamento, em média em 24 horas.
A operação de processamento dos exames está prevista para começar em 18 de maio, com equipe de especialistas vindos da Dasa e dedicados exclusivamente para atuar nesse centro.
Nosso envolvimento, que é uma doação e não envolve nenhuma remuneração, tem caráter científico e social. É um esforço coordenado e organizado, que está em sintonia com a nossa visão de cuidar da saúde das pessoas. O momento é de união para contribuirmos com o nosso Brasil e para superarmos, juntos e de forma segura e responsável, essa imprevisível turbulência.
* Dr. Emerson Gasparetto é vice-presidente da área médica da Dasa
O desafio de ampliar testes para a Covid-19 no Brasil Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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