quinta-feira, 9 de julho de 2020

Estudo com 17 milhões de pessoas identifica fatores de risco para Covid-19

Um estudo inglês, que reuniu dados de mais de 17 milhões de pessoas e foi publicado na revista Nature, destacou os principais fatores de risco que aumentam as chances de morte em casos de Covid-19. A análise é a maior até agora, e serviu tanto para confirmar fatos já estabelecidos como para revelar novos detalhes estatísticos sobre a doença.

Ao todo, a pesquisa analisou dados de 17.278.392 adultos que utilizaram o National Health System (NHS), o sistema público e nacional de saúde da Inglaterra, nos últimos três meses, por qualquer motivo. Desse grupo, 10,926 pessoas morreram de Covid-19. A maioria dos estudos sobre grupos de risco, até então, partia de uma amostragem que incluía apenas pessoas diagnosticadas com a doença. Os cientistas, porém, quiseram calcular os riscos de se contrair a doença e morrer em decorrência dela a partir de uma amostragem populacional mais ampla.

Os resultados repetem algumas informações que outros estudos já tinham deixado claro sobre grupo de risco: pessoas idosas, do sexo masculino, de etnias não-branca e de classes sociais mais baixas estão sob maior risco de morrer da doença. Além disso, condições pré-existentes como diabetes, obesidade e asma também estão ligadas a uma maior mortalidade.

Mas o estudo ofereceu novas pistas. A equipe descobriu, por exemplo, que pessoas com mais de 80 anos têm uma probabilidade de morte 20 vezes maior do que pessoas com idade na casa dos 50 anos, por exemplo. Se comparado a quem tem menos de 40 anos, as chances de morrer são “centenas” de vezes maiores.

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Outro fator que chamou a atenção dos pesquisadores foi a questão racial. Somente 11% dos pacientes analisados eram de etnias não-brancas (o que inclui negros e asiáticos, por exemplo), mas esses indivíduos correspondiam desproporcionalmente a um alto número de mortes, mesmo quando outros fatores como idade e sexo entravam na conta.

Essa informação dá destaque a pesquisas que apontam fatores raciais como agravantes da doença, seja por questões genéticas (como uma maior vulnerabilidade a doenças pré-existentes) ou também por desigualdades estruturais no acesso a cuidados de saúde decorrente do racismo. Não é só na Inglaterra: nos Estados Unidos e também no Brasil, a doença é mais letal para negros e pardos.

 


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