terça-feira, 14 de julho de 2020

Três países planejam decolar para Marte este mês

De acordo com a Agência Espacial Europeia, a exploração em território marciano é sustentada por três pilares principais: o entendimento de sua superfície e evolução do planeta; a busca por vida; e a preparação para futuras expedições humanas. Dentro do nosso Sistema Solar, devido aos resquícios de água, matéria orgânica e gás metano no ambiente, Marte já mostrou ser o planeta mais semelhante à Terra. 

Tais características indicam que Marte pode ter sido, no passado, um planeta habitável. Mas a possibilidade não é confirmação, e as dúvidas sobre seu passado persistem. Também fica o questionamento para o futuro: será que um dia poderemos habitá-lo? 

Cientistas sugerem que, há quatro bilhões de anos, quando começava a surgir vida na Terra, Marte passava por mudanças climáticas abruptas. O planeta deixava de ser quente e úmido para se tornar frio e desértico. As camadas de gelo que conhecemos hoje já podem ter sido rios. A crise climática já é uma realidade em solo terrestre, por isso a compreensão de processos geofísicos e ciclos atmosféricos de Marte pode ajudar os cientistas a lidar com nossa própria situação.

Estados Unidos, China e Emirados Árabes são apenas alguns dos países nessa corrida para aprender mais sobre Marte. As datas de lançamento das missões se aproximam, sendo, respectivamente, os dias 30, 24 e 14 de julho, mas elas só devem chegar no planeta vermelho no início de 2021. Mas não pense que o mês de julho caracteriza uma coincidência nos calendários espaciais, na verdade, há um motivo para isso e já vamos te explicar.

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Na linguagem astronáutica, existe um termo chamado “janela de lançamento”. Ele simboliza o momento em que as condições estão favoráveis para o lançamento de um foguete. Simplificando: nesse período, os planetas estão “encaixados” em um alinhamento ideal para que a nave siga uma trajetória mais simples, rápida, segura e gastando menos combustível. 

Para viagens a Marte, essa janela se abre a cada 26 meses, e está disponível agora. As viagens estão programadas para as próximas semanas, mas imprevistos técnicos ou mesmo naturais (como uma mudança repentina no clima, que atrasou a partida de astronautas americanos para a Estação Internacional em maio) podem acontecer. Se esse for o caso, as missões de julho podem ser adiadas até, no máximo, meados de agosto, época em que a janela se fecha. Uma missão europeia que estava também prevista para esse mês, por exemplo, teve que adiar seu lançamento para a próxima janela devido a atrasos técnicos ocasionados pela pandemia de Covid-19. 

Apesar da exploração em Marte ter pontos em comum, os países planejam estudar regiões diferentes do planeta e têm objetivos distintos. Entenda, a seguir, cada uma das missões:

Estados Unidos

Para a Nasa, Marte não é nenhuma novidade. A agência enviou naves americanas em seis das últimas oito janelas de lançamento para o planeta vermelho. Dessa vez, o que muda é a ousadia do plano, que custará US$ 2,5 bilhões.

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O veículo espacial Perseverance (Perseverança, em português), deve recolher rochas que possam ter evidências fósseis de que existiu vida em Marte. O rover vai fazer sua busca na cratera Jezero, área que já constituiu um rio e hoje conta com muitas rochas de diferentes eras geológicas. 

O plano não para por aí. Além de analisar as amostras das rochas e do solo, parte delas deve ser armazenada em cilindros que ficarão em uma área de “depósito” em Marte por cerca de dez anos. Então, em 2031, uma equipe de astronautas deve ser enviada ao planeta vermelho para resgatar as amostras, que serão melhor estudadas na Terra. Se tudo correr como o planejado, será a primeira vez em que objetos marcianos entram em ambiente terrestre.

O lançamento será transmitido ao vivo pela Nasa no dia 30 de julho. Você pode acompanhar clicando aqui.

China

Essa é a primeira missão para Marte organizada pela China. Em 2011, o país tentou enviar uma sonda ao planeta, mas ela acabou se perdendo no caminho e caindo no Oceano Pacífico. Agora, na missão Tianwen-1, a China pretende enviar um satélite e um rover, que terá vida útil de 90 dias marcianos (cada dia com 24,6 horas).

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O rover é equipado com um radar capaz de penetrar dezenas de metros abaixo da superfície do solo. O objetivo é revelar a geologia local e explorar a distribuição de rochas, poeira e gelo que há por ali. Além disso, a missão chinesa deve estudar a influência dos campos magnéticos e gravitacionais de Marte. O valor investido na missão não foi divulgado. 

Emirados Árabes

Assim como a China, será a primeira vez dos Emirados Árabes – e de um país árabe, no geral – em uma missão a Marte. A missão, denominada Hope Mars, planeja acompanhar diariamente o clima de Marte, registrando todas suas oscilações.

Isso será feito através de uma sonda com três sensores, que devem avaliar a composição atmosférica do planeta. O país planeja disponibilizar os resultados cerca de dois meses após a sonda iniciar sua órbita, para complementar outros estudos já em andamento sobre Marte.

Além de quebrar a dominação no setor – que pertence à Nasa e Agência Espacial Europeia – a missão dos Emirados Árabes representa também um estímulo econômico ao país e um convite aos jovens para que se envolvam no campo da ciência e sigam profissões relacionadas à essa área do conhecimento. 

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A base da missão foi desenvolvida pelos árabes, mas vale lembrar que outros institutos de pesquisa auxiliaram na construção da sonda. Participaram do projeto a Universidade do Colorado, Universidade Estadual do Arizona e o Laboratório de Ciências Espaciais em Berkeley (Califórnia). O país ainda não tem plataforma de lançamento em território nacional, então o evento ocorrerá no Centro Espacial Tanegashima, no Japão, amanhã (14).

O lançamento da missão Hope Mars, organizada pelos Emirados Árabes, foi adiado devido a problemas climáticos. A nova data ficou definida para o dia 17 de julho. Você poderá acompanhar a transmissão ao vivo através deste link


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