quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Criadores do LHC projetam acelerador de partículas 7 vezes mais potente

Talvez você tenha traçado resoluções para 2019. Estipular metas é importante para alcançar objetivos, e isso vale tanto para pessoas comuns em busca de uma vida melhor, quanto para cientistas que sondam as fronteiras do conhecimento para compreender os segredos mais profundos do Universo. Só que, no segundo caso, o planejamento costuma abranger décadas em vez de um só ano. Foi isso que o CERN, a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, acabou de fazer.

Ao longo dos últimos cinco anos, uma enorme colaboração internacional elaborou as bases para o futuro da física de partículas no continente europeu. O projeto reuniu mais de 1,3 mil especialistas de 150 universidades, institutos de pesquisa e parceiros industriais — todos trabalhando em conjunto para conceber o sucessor do LHC, o Grande Colisor de Hádrons, em funcionamento desde 2008. 

Com seus 27 quilômetros de extensão e operando a uma energia de 13 trilhões de elétronvolts (13 TeV), um recorde absoluto entre os aceleradores, o LHC conseguiu em 2012 a façanha de detectar o famoso Bóson de Higgs. Com isso, ao mesmo tempo confirmou a última partícula que faltava entre as previstas pelo Modelo Padrão, teoria formulada nos anos 60 para descrever as menores estruturas da matéria, e abriu portas para expandir os horizontes da física conhecida. Agora, é preciso dar um passo além.

O consenso entre os especialistas diz que deve haver uma explicação mais precisa da realidade que o Modelo Padrão, além de partículas ainda desconhecidas pela teoria. Desvendar essa nova física seria a chave para responder algumas das maiores questões científicas de nossos tempos: o que é a matéria escura? Onde está toda a antimatéria do Universo? Por que a gravidade é muito mais fraca que as outras forças? Para tentar achar respostas, os pesquisadores propuseram a construção do Futuro Colisor Circular (FCC).

Ele também ficaria em Genebra, na fronteira entre a Suíça e a França, e foi pensado como um anel de 100 quilômetros de extensão – quatro vezes o tamanho do LHC. O superacelerador seria capaz de operar a 100 TeV, potência oito com seus 100 TeV, uma potência 7,6 vezes maior que a atual.

Se aprovado, o acelerador de prótons custará € 15 bilhões e ficará pronto até o final da década de 2050. Mas não será preciso esperar tanto tempo assim para ver o despertar de uma possível nova era para a ciência. O projeto do CERN prevê a construção até 2040 de um precursor do FCC, no mesmo túnel de 100 quilômetros. Ele custaria um pouco menos, € 9 bilhões, e só colidiria elétrons e pósitrons — mais fáceis de estudar que os prótons, pois resultam em colisões mais “limpas”.

China e Japão também têm planos de criar seus próprios aceleradores gigantes. Nos próximos dois anos, as resoluções “de ano novo” da física de partículas europeia devem ser definidas, e então saberemos se o FCC será aprovado ou não. Enquanto isso, veja o vídeo oficial de apresentação do projeto:


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