segunda-feira, 8 de julho de 2019

Fungo alucinógeno torna cigarras compulsivas por sexo

Alucinógenos também produzem efeitos estranhos em insetos. Um estudo publicado na Fungal Ecology mostrou que cigarras podem apresentar um comportamento bizarro, e compulsivo, quando afetadas por essas substâncias.

As cigarras nascem debaixo da terra, e por lá ficam por 17 anos. Só aí emergem para a superfície, onde sobrevivem por apenas algumas semanas. Enquanto estão saindo do solo, elas são infectadas por uma espécie de fungo chamado Massospora. Além de comer partes do inseto, o fungo também funciona como “alucinógeno”, já que altera o comportamento da vítima.

No caso das cigarras macho, o efeito colateral é um impulso descontrolado por sexo. Eles tentam acasalar com absolutamente tudo que veem pela frente. Devido à presença do fungo do organismo do inseto, alguns de seus membros chegam a se desprender do corpo — mas nem isso é suficiente para fazê-los parar. Até dois terços do corpo da cigarra podem ser perdidos nesse processo.

Para descobrir o que estava provocando o comportamento inusitado, os cientistas analisaram cigarras infectadas pelo fungo Massospora. Eles descobriram que uma espécie específica desse fungo, o Massospora cicadina, é capaz de produzir catinona, uma anfetamina que só havia sido detectada em plantas até então. Na esfera dos humanos, as catinonas sintéticas são comumente conhecidas como “sais de banho”, uma droga estimulante que afeta o sistema nervoso central.

As catinonas podem não ser as únicas responsáveis pelo comportamento inusual. As cigarras também eram afetadas por alucinógenos produzidos por outras variações do fungo. As espécies Massospora platypediae e Massospora levispora produzem uma substância química chamada psilocibina – a mesma substância dos cogumelos alucinógenos. Essa é a primeira vez, aliás, que a psilocibina é detectada em outros tipos de fungos além do cogumelo.

O estudo não serviu apenas para explicar a prática bizarra das cigarras. Segundo o pesquisador Matthew Kasson, coautor da pesquisa, os compostos psicoativos podem ser importantes para a medicina. Não estamos falando de um viagra super potente, mas sim de medicamentos para o tratamento de doenças mentais. Estudos recentes sugerem que pequenas doses de psilocibina podem ajudar até na depressão.


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