Se a dengue costuma reinar no verão, a gripe faz mais estragos no inverno. Mas a verdade é que, às vezes, os sintomas dessas duas doenças se confundem – pense em febre, náuseas e dores no corpo.
O cenário fica mais nebuloso em situações como a de 2019, com aumento no número de infecções por dengue. Até junho, foram quase 600 mil casos e 366 mortes registrados, segundo o Ministério da Saúde. Mais de 1 milhão de episódios suspeitos estão em investigação.
E, quanto mais gente indo ao hospital com sinais suspeitos de dengue, maior a chance de confusão com a gripe. “O início dos sintomas é parecido. Estamos falando de febre, mal-estar, enjoo, dores de cabeça e no corpo”, elenca Kelem Chagas, imunologista e gerente médica da farmacêutica Sanofi Pasteur.
Essa semelhança atrapalha o diagnóstico. É comum que, nos primeiros dias, o quadro seja diagnosticado como virose (um termo mais genérico) no pronto-socorro. Conforme o quadro evolui, as diferenças geralmente ficam mais claras.
Como distinguir a dengue da gripe
As duas são causadas por vírus que derrubam o organismo inteiro. Só que, depois dos primeiros dias de incômodos, a gripe tende a causar uma febre mais alta. Também surgem os sintomas respiratórios: tosse, dor no peito e dificuldade para respirar.
Já a dengue provoca dores nas articulações, problemas gastrointestinais, inchaço, erupções e coceira na pele, além da queda no nível de plaquetas do sangue (o que leva aos sangramentos que caracterizam sua versão mais grave). Problemas respiratórios também podem dar as caras, mas são mais raros.
Para evitar qualquer confusão, o médico deve fazer uma investigação atenta sobre as queixas do paciente e eventualmente solicitar exames laboratoriais. Cada enfermidade tem o seu.
O teste que detecta o vírus influenza, causador da gripe, é rápido e pode ser feito até mesmo em alguns consultórios. O da dengue exige uma análise mais complexa do sangue.
“Fazer essa diferenciação é importante porque, quanto mais cedo começa o tratamento da gripe com antivirais, melhor é a evolução do quadro”, destaca Kelem.
Não existem remédios específicos para a dengue, mas há vários fármacos contraindicados em casos suspeitos. Está aí outro bom motivo para esclarecer qual é o vírus desencadeando os estragos.
A confusão é comum
Em 2015, um estudo conduzido em El Salvador avaliou 121 indivíduos internados com suspeita de dengue e descobriu que só 28% tinham a doença. Do total, 19% na verdade estava sofrendo com os ataques do vírus influenza.
O que justifica o aumento da dengue
“Em 2019, tivemos um início um pouco tardio da epidemia e nosso inverno está bastante quente”, explica Kelem. “Fora isso, os dados mostram que há mais de um tipo de vírus da dengue em circulação, o que ajuda a estender um pouco o período de surto”, completa a médica.
Por último, um estudo recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sugere que o Aedes aegypti, mosquito que transmite a doença, está mais resistente a inseticidas. A investigação foi realizada em 146 cidades brasileiras e mostrou que as larvas e os insetos adultos da espécie estão menos suscetíveis do que antes aos venenos aplicados pelas prefeituras.
Qual a diferença entre os sintomas da gripe e da dengue? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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