quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Colesterol alto não prejudica só seu coração, mas também seu cérebro

O colesterol alto é um dos responsáveis pela principal causa de morte no mundo: as doenças cardiovasculares. Em grandes quantidades, essa glicoproteína se deposita nas artérias e ajuda a formar placas de gordura nos vasos, o que pode resultar em infarto ou AVC.

De acordo com o Ministério da Saúde, 40% dos brasileiros sofre com o excesso de colesterol no sangue. Um dado que soa pior ainda agora que pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelaram que o colesterol não é apenas inimigo do seu coração: ele também prejudica bastante o cérebro.

Em um estudo publicado no periódico Molecular Metabolism, eles demonstraram que o aumento dos níveis de colesterol no sangue compromete a formação de novos neurônios em camundongos.

Essa relação do colesterol com o cérebro já é conhecida há algum tempo: na década de 1990, pesquisas com coelhos e ratos indicaram que o colesterol alto pode prejudicar a memória e o aprendizado. Além disso, experimentos com voluntários humanos demonstraram que pessoas com hipercolesterolemia (colesterol alto herdado de família, uma doença genética) tinham pequenos problemas de memória.

Para atestar novamente essa relação, os pesquisadores brasileiros fizeram um teste com camundongos geneticamente modificados para terem colesterol alto. A experiência era simples: os ratinhos foram apresentados a dois objetos e passaram um tempinho com eles para conhecê-los. 24 horas depois, eles foram novamente expostos a dois objetos – desta vez, um era conhecido da rodada anterior, e o outro, totalmente novo.

Ao contrário dos ratinhos normais, que passavam menos tempo no objeto já conhecido e se dedicavam a explorar mais o novo, os camundongos com alto colesterol pareciam não reconhecer o objeto com que eles já haviam brincado no dia anterior. Assim, os pesquisadores atestaram a relação entre a hipercolesterolemia e o déficit de memória.

O pulo do gato do estudo brasileiro é que eles descobriram o motivo do déficit: o alto colesterol atrapalha a neurogênese adulta. Explicando em termos menos técnicos: neurogênese é o processo de formação de novos neurônios no cérebro depois de adulto. Antes, a medicina acreditava que todo ser humano nascia e morria com a mesma quantidade de neurônios. Agora, já é de conhecimento da ciência que, numa região do cérebro chamada hipocampo, existem células progenitoras (similares a células-tronco) que se diferenciam em novos neurônios ao longo da vida.

No estudo, ao isolar células progenitoras in vitro e expô-las a partículas de LDL (o colesterol ruim), os cientistas atestaram que as células não conseguiam se diferenciar em novos neurônios. Por que isso acontece, segue um mistério: “A gente tem algumas pistas, mas ainda não temos a causa principal. Não sabemos exatamente o que o colesterol em excesso faz com a bioquímica das células progenitoras”, disse a pesquisadora Andreza de Bem, que participou do estudo, à SUPER.

Pelo bem não só do seu coração, mas também do seu cérebro, é bom maneirar na pizza.


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