sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Viaje pelas entranhas de uma nebulosa com este vídeo incrível da Nasa

Uma das nebulosas mais populares do céu noturno acaba de ganhar uma estonteante visualização 3D. Produzido por pesquisadores a partir de imagens obtidas por telescópios espaciais da Nasa, o vídeo mostra em nível inédito de detalhes o interior da Nebulosa do Caranguejo – objeto que há séculos fascina os astrônomos e que virou alvo de intensos estudos de lá para cá. Agora, temos a chance de contemplar suas entranhas. 

Isso só foi possível graças à união de esforços dos três grandes observatórios que a Nasa opera fora da Terra: o Hubble, o Chandra e o Spitzer. Cada um observa o Universo de sua própria maneira, explorando regiões distintas do espectro eletromagnético. Como bem sabemos, o Hubble foca suas pesquisas na luz visível, enquanto o Spitzer conduz estudos na faixa infravermelha do espectro, e o Chandra capta a frequência dos raios X.

Seria impossível dissecar a Nebulosa do Caranguejo usando só dados de um deles, já que ela contém processos e estruturas visíveis apenas em um dos três comprimentos de onda. Frank Summers, cientista de visualização que liderou a criação do vídeo, explica o que motivou a produção. “Ver imagens bidimensionais de um objeto, especialmente de uma estrutura complexa como a Nebulosa do Caranguejo, não passa uma boa ideia de sua natureza tridimensional”, disse.

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A empreitada foi conduzida pelo programa Universe of Learning, da Nasa, que tem como objetivo criar experiências incríveis a partir da exploração do Universo. “Com essa interpretação científica, queremos ajudar as pessoas a entender a geometria em forma de ninho e interconectada da Nebulosa do Caranguejo. A interação das observações em múltiplos comprimentos de onda ilumina todas essas estruturas. Sem combinar raios X, infravermelho e luz visível, você não enxerga o todo.”

Após mostrar a localização da bela nebulosa na constelação do Touro, o vídeo dá um zoom e então começa a contextualizar cada “camada” do objeto — criado a partir da explosão violenta de uma estrela muito massiva. No centro fica um pulsar: os restos mortais da antiga estrela em um estado extremamente denso e com rotação frenética, emitindo 30 pulsos por segundo. Nesse regime de altas energias, a melhor pedida é o raio X.

Além do pulsar, o Chandra capturou também o disco de material energizado que gira ao seu redor, e também os dois jatos de partículas que ele emite em direções opostas. Em seguida, o vídeo mostra a nuvem de gás e poeira que envolve o sistema, bem como o brilho de uma forma específica de radiação que surge da interação entre partículas carregadas e campos magnéticos — a luz síncrotron. E aqui a boa é o infravermelho, observado pelo Spitzer.

Já a luz visível do Hubble foi fundamental para modelar a “concha” externa do caranguejo, que parece enjaular tudo o que há lá dentro. Esses tentáculos são formados por filamentos de oxigênio ionizado (que tem um ou mais elétrons faltando). Com o vídeo, além de escrutinar a nebulosa de uma estrela que explodiu em 1054 e foi observada pelos chineses, o público também entende de forma contundente e educativa por que os astrônomos precisam de vários comprimentos de onda para investigar o cosmos como se deve.


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