Em 1998, a animação Mulan, da Disney, foi a responsável por popularizar no Ocidente uma antiga lenda chinesa, que conta como uma guerreira precisou se fingir de homem para entrar no exército.
22 anos depois, em 2020, o estúdio lançará uma versão live-action da história, com atores em carne e osso. Para alguns, será novidade. Para outros, nostalgia. Mas antes disso tudo, a lenda já era tópico fundamental nos livros escolares da China. Afinal, apesar do conto ter conquistado o mundo no final do século 20, sua origem remonta a uma época bem mais distante.
Estamos falando da Dinastia Wei do Norte, na China, implantada pelo clã Tuoba, do grupo étnico de Xianbei, que governou o país entre os anos de 386 d.C e 534 d.C.. Foi nessa época em que um autor anônimo escreveu o poema Balada de Mulan.
Para quem não conhece a história, um rápido resumo: é a saga de uma mulher chamada Hua Mulan, que ao descobrir que seu pai seria convocado para a guerra, finge ser homem e vai para a batalha em seu lugar. Após uma década de luta, ela é convidada a falar com o Imperador, que a recebe com honra e oferece vários prêmios.
Mulan, contudo, pede apenas um cavalo para retornar a sua casa. Ao chegar, ainda vestida de homem, avisa a sua família que colocará suas antigas roupas. Seus companheiros de batalha, que estavam esperando no portão, ficam impressionados ao notar que o guerreiro, que lutou ao lado deles durante anos, era, na verdade, uma mulher.
De acordo com o Ancient Origins, na época em que o poema foi escrito, a China precisava de uma fonte de esperança após seu governo ter sido destruído por um grupo nômade entre os séculos 4 e 5. Mulan, como mulher guerreira, foi o que inspirou os soldados a lutarem. Mas, até então, não havia indícios históricos de que ela realmente existiu ou se era apenas uma lenda. Até agora.
As guerreiras da vida real
Christine Lee e Yahaira Gonzalez, antropólogas da Universidade Estadual da Califórnia, encontraram evidências físicas de que mulheres heroínas, como Mulan, podem ter lutado onde é hoje a Mongólia. Já havia suspeitas de que a personagem do poema teria sido inspirada em guerreiras do grupo Xianbei, mas só agora as hipóteses foram confirmadas.
As pesquisadoras estavam reanalisando restos descobertos anteriormente em 29 cemitérios antigos, quando encontraram dois esqueletos femininos Xianbei, desenterrados na atual Mongólia. As ossadas traziam marcas de esforços físicos, que poderiam ser atribuídas a passeios a cavalo e práticas de luta, como arco e flecha.
Apesar de não haver uma Mulan em específico, a datação dos vestígios remonta para a época em que o poema foi criado. As pesquisadoras acreditam que a história já poderia ter sido comprovada antes – mas elas foram as primeiras a buscar uma confirmação arqueológica.
O estudo ainda não foi publicado em nenhuma revista e ainda não passou pela revisão de outros cientistas. A ideia era anunciar a descoberta na reunião da Associação Americana de Antropólogos Físicos, mas o evento foi cancelado devido à pandemia de Covid-19. O coronavírus também atrapalhou o lançamento do novo live-action de Mulan: previsto para março, foi adiado para 23 de julho.
Mulan da vida real? Pesquisadoras encontram evidências de guerreiras que teriam inspirado a personagem Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
Nenhum comentário:
Postar um comentário