quarta-feira, 6 de maio de 2020

Não programamos o isolamento, mas podemos pensar em como sair melhor dele

Quando a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) começou, não tínhamos ideia da mudança que estava reservada para nossas vidas. Em poucos dias, muitos brasileiros se transformaram em tele-trabalhadores, ou tele-professores, ou tele-alunos. Ou mesmo tele-amigos e tele-familiares. Tudo em nome do distanciamento social, que é realmente importante.

Estamos com essa situação instalada há cerca de um mês e meio — e vendo os europeus começando a programar a saída do isolamento. Para nós, latinos, esse momento representará um desafio acima do comum. Não acredito que o término do isolamento será como fim de uma Copa do Mundo, em que todos saem correndo pelas ruas abraçando os outros. O retorno à normalidade será vagaroso, com eventuais recuos — e compreender isso é a primeira lição que podemos tomar para manejarmos as expectativas e preservarmos o bem-estar mental.

Mas vamos falar da forma física. Há velhos chavões que atribuem a obesidade a um ou outro inimigo. “A culpa é da indústria dos alimentos”; “A culpa é dos almoços fora de casa”; “A culpa é do lanche da cantina da escola”. Em tempos de isolamento, essas situações deixaram de ocorrer para várias pessoas. E mesmo assim elas engordaram.

O interessante é que muita gente reservou tempo para atividades físicas programadas durante o isolamento. Diferentes amigos que seguiram se exercitando me confidenciaram que, ainda assim, viram a barriga se avolumar, o sono piorar de qualidade e por aí vai.

Se esse pessoal está comendo em casa e reservando tempo na agenda para exercícios físicos, onde então se encontram os fatores que determinam o ganho de peso? Sem medo de errar, está na sobra de energia.

Por mais que a gente separe momentos para exercícios programados durante o período de distanciamento social, no restante do dia ficamos sentados, trabalhando em casa. Ou deitados mesmo. Sequer fazemos mais aqueles deslocamentos de casa para o ponto de ônibus ou para a padaria, da mesa do trabalho para a de um restaurante self-service

Nesse sentido, vale se mexer mais em casa, caminhar pela sala enquanto fala no celular, brincar mais com o cachorro, levantar mais para conversar. Ainda assim, é possível que a gente não alcance o grau de movimentação adequado.

Mas esse cenário pelo menos pode servir para que valorizemos mais a movimentação diária. Deixei abaixo alguns aprendizados do período de isolamento que podem contribuir para que, uma vez superado esse momento de crise, você consiga ajustar sua rotina em nome de bons hábitos e da forma física desejada:

1) A atividade física programada é fundamental, mas não resolve todos os nossos problemas. Precisamos estabelecer uma rotina ativa

2) Realizar deslocamentos frequentes de cinco minutos a cada hora sentada é uma prática mais poderosa do que você imagina

3) Aproveite os horários das refeições para fazer deslocamentos maiores, que ponham o corpo em movimento

4) Quando possível, preparar as refeições ajuda a saborear os alimentos, o que torna nosso corpo mais satisfeito com menos comida

5) Evitar as monotonias alimentares garante o acervo dos nutrientes e a riqueza de sabor, contribuindo para o controle do consumo

6) Estar presente integralmente nas refeições tornará a experiência única, auxiliando a sensação de saciedade

Que a gente saia dessa situação com uma versão melhor de nós mesmos.

 


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