segunda-feira, 11 de março de 2019

Quase metade dos americanos tem um familiar próximo que já foi preso

Uma pesquisa recente da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, traz um dado preocupante. 45% dos americanos possuem algum parente próximo (pai, mãe, irmão ou cônjuge) que já passou algum tempo na prisão.

Os pesquisadores se surpreenderam com o número, que foi mais do que o dobro do que eles esperavam. “Ter um membro da família encarcerado é uma experiência onipresente nos EUA”, disseram os autores do estudo, publicado no início do mês na revista Socius: Sociological Research for a Dynamic World. O levantamento, que foi tido como um dos mais completos do tipo, entrevistou 4.041 pessoas em todo o território do país.

A pesquisa foi realizada em inglês e em espanhol e contou com voluntários para entrevistar pessoas difíceis de contatar, como quem não possui acesso à internet. O objetivo do estudo foi mostrar um dos aspectos da realidade das prisões nos EUA, país com a maior população carcerária do mundo, com 2,1 milhões de pessoas. Em segundo e terceiro lugar estão, respectivamente, China (1,6 milhão) e Brasil (725 mil). Eles ganham de nós proporcionalmente também. Lá 0,64% da população está presa. Aqui, 0,34%.

Durante o estudo, os participantes que afirmavam ter um parente próximo preso respondiam a um questionário mais detalhado para saber por quanto tempo essa pessoa esteve atrás das grades, quantas vezes isso aconteceu e se o entrevistado havia feito visitas a ela nesse período.

Desigualdades

Os números ficam diferentes quando comparamos diferentes partes da população dos EUA. Entre afro-americanos, 63% possuem algum parente na cadeia; entre os hispânicos, a taxa foi de 48%, e entre os brancos, 42%.

Pessoas sem um diploma de ensino médio têm 60% mais chance de ter um membro da família encarcerado, e esse risco diminui à medida que o nível de educação aumenta. Outros resultados da pesquisa apontam para mais desigualdades raciais. 23% dos brancos que não possuem um diploma do ensino médio se enquadram nessa categoria, contra 46% para os negros que não terminaram o colégio.

Em relação ao diploma universitário, 5% dos brancos que possuem algum nível de formação superior apresentavam ter familiares presos. Para os afro-americanos formados, a taxa era de 23% – a mesma que para a população branca sem diploma do colegial.

Os participantes das entrevistas foram questionados sobre outros assuntos, como sua experiência com a polícia, estado de saúde e até o consumo de drogas e bebidas. De acordo com os pesquisadores, o objetivo agora é analisar essas informações para tentar entender como o fato de ter um parente próximo preso pode afetar o cotidiano dessas famílias.


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