Quando os rins de uma pessoa perdem a capacidade de purificar o sangue, eles precisam ser substituídos por filtragens artificiais – muitas vezes pelo resto da vida. A técnica mais usada para isso é a hemodiálise, na qual uma máquina tira, limpa e devolve aos pouquinhos o sangue do paciente. No Brasil, porém, as clínicas que fazem o procedimento têm mais demanda do que conseguem atender. Uma alternativa é a diálise peritoneal (DP), que faz essa filtragem dentro do corpo, usando o peritôneo, membrana que recobre o abdome. Um líquido é inserido ali e atrai as impurezas do sangue que passa pela região. O que sobra é removido do corpo por um cateter. A DP é mais barata que a hemodiálise e pode ser feita em casa, dispensando as visitas às clínicas, mas só é usada por 7% dos pacientes renais. Por quê? Quem responde é a nefrologista Daniela Ponce, do Hospital das Clínicas de Botucatu.
Por que a DP é tão pouco utilizada?
Até 2011, os grandes estudos mostravam que a hemodiálise trazia uma sobrevida maior que a DP.
Em 2014, porém, notou-se que esses estudos excluíam 50% dos pacientes renais, porque desconsideravam quem iniciava o tratamento nas urgências e emergências. Ajustando a metodologia, novos estudos mostraram que a DP pode ser tão eficaz quanto a hemodiálise na doença renal crônica nesses casos.
Quais são as maiores dificuldades de popularizar o tratamento?
A diálise peritoneal exige a inserção de um cateter pelo abdome do paciente. Muitas vezes, o nefrologista em si não faz o implante e depende de um cirurgião para isso. Acredito que, quando o nefrologista aprende a fazer, a chance de que ele prescreva o tratamento aumenta. A gente indica o que conhece. Além disso, os repasses de planos de saúde para os médicos e clínicas são menores para DP do que para hemodiálise.
Diálise peritoneal, a irmã esquecida da hemodiálise Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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