quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Nasa vai mandar rover para mapear água na Lua

Na última sexta (25), a Nasa revelou seus planos para uma empreitada inédita. Anunciou que vai enviar um rover – isto é, um jipinho robótico não-tripulado –, para explorar alguns quilômetros do polo sul da Lua por 100 dias em 2022. Apelidado com a sigla VIPER (“víbora”, em inglês), o nome oficial do veículo do tamanho de um carrinho de golfe é Rover de Exploração Polar para a Investigação de Voláteis. Seu maior objetivo é farejar água.

Com essa missão, a agência pretende solucionar algumas dúvidas cruciais que já há 10 anos permanecem sem resposta. Qual é a quantidade de água existente na Lua e quanto dessa água é passível de ser coletada? Onde exatamente ficam as maiores reservas? Desde que a agência espatifou um projétil no polo sul lunar e analisou a pluma de poeira com a sonda LCROSS, em 2009, sabe-se que nosso satélite natural tem grandes depósitos de H2O.

Outras sondas de países como a Índia confirmaram a constatação nos anos seguintes. Só que, de lá para cá, ninguém desenhou nenhuma espaçonave que fosse capaz de fazer um aprofundamento da questão. Ficou por isso mesmo. E a investigação é estratégica para o futuro da exploração espacial, no qual a água será tão vital quanto na Terra — ou mais. Quebrar moléculas de H2O ajudará astronautas a sobreviver e foguetes a sair do lugar. 

Com o oxigênio é possível abastecer os sistemas de suporte à vida que permitem aos seres humanos respirarem no vácuo do espaço. E tanto ele quanto o hidrogênio são combustíveis para naves espaciais explorarem Marte e o resto do Sistema Solar. Diante da importância imensa desse valioso recurso, não é nenhuma surpresa que a Nasa e outras agências espaciais, como a chinesa e a indiana, tenham grandes planos para o polo sul lunar.

É ali que os cientistas acreditam estar as maiores reservas. Para desvendar seus mistérios, o Viper contará com quatro instrumentos científicos que farão um belo trabalho em equipe. Vai funcionar assim: uma geringonça chamada NSS detecta as regiões “molhadas” promissoras do subterrâneo. Ela levanta a bola para o escrutínio de outras duas engenhocas chamadas MSolo e do NIRVSS, que vão determinar a composição e a concentração do recurso.

O quarto instrumento é o elemento central da missão — uma broca chamada TRIDENT, que vai perfurar o solo lunar a um metro de profundidade para coletar amostras fresquinhas dos terrenos mais auspiciosos. Para tornar o levantamento ainda mais abrangente, a Nasa planeja fazer o VIPER a estudar áreas com diferentes condições de temperatura e luminosidade.

Por meio da avaliação de três tipos de locais (eternamente sombreados, sempre iluminados e ocasionalmente na luz), será possível obter um entendimento mais global de como a água está armazenada no solo lunar e produzir o primeiro mapa detalhado do recurso. Dois anos depois, em 2024, a Nasa pretende enviar para o mesmo polo sul a missão Ártemis 3, que fará a primeira mulher e o próximo homem pisarem na Lua.

Esse novo programa da agência foi batizado em homenagem à deusa grega que era irmã gêmea de Apollo. É um duplo simbolismo que faz referência tanto ao pioneirismo feminino na exploração lunar quanto ao vínculo e continuidade com as missões Apollo. Mas, nessa nova era, o projeto é mais ambicioso: construir uma arquitetura sustentável e permanente.

Com a ajuda da indústria e de outras agências espaciais, a ideia é nada menos que fazer da Lua uma base, um entreposto para partir com maior facilidade para destinos mais distantes, como Marte e além. Só assim conseguiremos ascender aos céus — e efetivamente fazer deles nossa morada. É certo que lá, como aqui, a água será a substância mais preciosa.

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