sábado, 14 de setembro de 2019

Quanto você pagaria para usar o Facebook? Esta pesquisa tentou estimar

No início da internet, era quase impossível imaginar em conteúdos pagos. Torrents, sites para download de música, enciclopédias, salas de bate-papo…Estar na rede significava não precisar pagar pelo que fosse consumir.

Hoje, as coisas mudaram. Fazer assinaturas em portais de notícia e, principalmente, em plataformas de streaming têm se tornado algo natural para muitas pessoas – Netflix e Spotify, com seus milhões de assinantes, que o digam. Mas o que dizer de outros serviços da internet, como Facebook, WhatsApp e Twitter? Ou ainda Instagram, Google Drive e Google Maps? Você pagaria para usá-los?

É difícil imaginar como seria pagar uma mensalidade para sites do tipo porque muitos nasceram com (e abraçaram) a premissa da gratuidade. O Facebook, por exemplo, manteve por anos em sua página inicial o lema “É gratuito e sempre será” até bem recentemente, quando alterou para “É rápido e fácil”. Uma mudança sutil, que muito provavelmente não significa nada, mas que algumas pessoas acreditam que pode ser um indício de a rede social esteja mais aberta a ideia de cobrar pelo serviço no futuro.

E se antes as pessoas eram avessas à ideia de pagar para acessar sites do tipo, uma recente pesquisa mostrou que não é bem assim. A agência de marketing McGuffin entrevistou mais de duas mil pessoas, de 18 a 71 anos, sobre a possibilidade de um valor mensal para 16 dos aplicativos mais usados da internet.

Na enquente, era possível escolher não pagar por determinado serviço. Foi montando, então, a porcentagem de usuários dispostos a arcar com os custos e, desse grupo, o valor médio da mensalidade que eles estariam dispostos a pagar. Na tabela abaixo, você confere os números de algumas das plataformas:

Plataforma % de pessoas que pagariam por ela

Valor médio (em US$)

WhatsApp 89% 2,38
Google Drive 79% 3,31
LinkedIn 79% 2,84
Google Maps 78% 3,48
Google Tradutor 78% 2,29
Reddit 77% 2,74
YouTube 72% 4,20
Twitter 72% 2,35
Instagram 70% 2,56
Facebook 64% 2,92

9 em cada 10 entrevistados pagaria para usar o WhatsApp. O aplicativo de mensagens instantâneas custaria, se dependesse de quem participou da entrevista, US$ 2,38 (R$ 9,70) por mês.

Nesse cenário, o serviço mais caro seria o YouTube (US$ 4,20, ou R$ 17,10). Os mais baratos seriam o Snapchat (US$ 1,89, com 77% de adesão) e o Yelp, aplicativo para encontrar utilidades e serviços (restaurantes, postos de gasolina, etc.), com US$ 1,87 e 73% de adesão. Instagram e Google Maps eram os favoritos dos mais jovens: a geração millenial pagaria, respectivamente, 78% e 42% a mais por eles em relação aos mais velhos.

Bom negócio?

Além disso, a pesquisa estimou quanto os serviços ganhariam caso adotassem esse modelo de negócios. Para isso, foi usada como base a porcentagem de adesão de cada um para calcular quantos usuários de fato entrariam na conta. Depois, esse número foi multiplicado pelo valor médio de mensalidade para cada plataforma até se chegar ao faturamento anual.

Esse valor foi comparado com os atuais ganhos que as companhias têm com publicidade, a principal fonte de renda dessas empresas. A pesquisa mostrou que, em todos os casos, o modelo da mensalidade, mesmo com menos usuários, faria com que as plataformas aumentassem o seu faturamento.

Ficou confuso? Vamos pegar o Facebook de exemplo. A rede social, apesar de gratuita, ganha uma bolada com a sua plataforma de publicidade, permitindo que anunciantes criem propagandas personalizadas para os usuários. Em 2018, a receita foi de US$ 46 bilhões. De acordo com a projeção da McGuffin, mesmo com a menor taxa de adesão (64%), o Face faturaria US$ 53,4 bilhões – um crescimento de 16%.

Quem lidera esse ranking de faturamento é o fórum Reddit, que passaria a ganhar US$ 8,3 bilhões ao invés dos US$ 77 milhões vindos de propaganda – 10.771% de aumento.

Mudar o modelo de negócio de plataformas bilionárias não é tão simples assim, claro. Mas a pesquisa questiona a antiga premissa de que ninguém estaria disposto a pagar para utilizar determinados serviços da internet. Em uma época em que as gigantes da tecnologia são investigadas por monopólio e a privacidade dos nossos dados já viveu dias melhores, isso não deixa de ser algo a se pensar.

 


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