sexta-feira, 19 de junho de 2020

O que são máquinas de movimento perpétuo?

São máquinas hipotéticas que reutilizariam infinitamente a energia gerada por seu próprio movimento. Ou seja: uma geringonça capaz de funcionar para sempre sem ninguém espetá-la na tomada. Alguns inventores pensaram máquinas do tipo com o único objetivo de provar que seriam possíveis. Outros tentaram criá-las com uma finalidade prática.

É um objetivo louvável – até o matemático indiano Bhaskara projetou a sua em 1159 –, mas as máquinas de movimento perpétuo são impossibilidades epistêmicas, ou seja: sua existência é impossível por princípio, não importa o quanto a tecnologia avance. Isso acontece porque elas desobedeceriam a primeira e a segunda leis da termodinâmica, que são dois pilares do funcionamento do Universo.

A primeira lei diz que a energia é uma coisa que não pode ser criada nem destruída, apenas transformada. Se você criar uma máquina de movimento perpétuo para manter uma lâmpada acesa, por exemplo, parte da energia disponível no sistema inevitavelmente será dissipada pela lâmpada em forma de luz e calor. Essa energia não pode voltar para a máquina para reiniciar o ciclo.

Por sua vez, a segunda lei diz que a entropia de um sistema (isto é, o grau de desordem) sempre tende a aumentar. Um vaso, ao se quebrar, atinge um estado mais desordenado – é impossível fazer com que ele volte à forma original sem gastar um bocado de energia recolhendo os cacos e colando todos de volta nas posições originais.

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Mesmo que sua máquina não desobedecesse à primeira lei (por não ter nenhum objetivo além de conservar toda sua energia) a energia que a mantém rodando eventualmente se dissiparia por causa do atrito com o ar ou a fricção entre os próprios componentes da máquina – e não poderia ser recuperada, em acordo com a segunda lei. Afinal, para recuperá-la, você precisaria usar um mecanismo que, por si, gastaria energia. 

Em resumo: “Se a sua teoria desobedece a segunda lei da termodinâmica, eu não posso dar nenhuma esperança a você; não se pode fazer nada além colapsar na mais profunda humilhação”, escreveu Arthur Eddington em 1927.


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