segunda-feira, 22 de junho de 2020

The Last of Us: Part II é o melhor game de 2020 – e de todos os tempos

Superprodução sobre mundo devastado por pandemia alcança níveis artísticos e técnicos jamais vistos – e fecha com chave de ouro a era do PlayStation 4

Eleger um game como o melhor de todos os tempos é um pouco subjetivo. Talvez você prefira a genialidade de um Mario Galaxy,
a liberdade de um GTA, a profundidade de um Civilization, a criatividade de um Horizon: Zero Dawn, ou a ação frenética de um Gears of War. É questão de gosto. Mas como obra artística, e como realização técnica, The Last of Us: Part II está um passo à frente de qualquer game já lançado. Por vários motivos.

A premissa do jogo é similar à realidade atual, só que pior: uma pandemia devastou o mundo, as cidades foram abandonadas, e os poucos sobreviventes se agruparam em vilas. A busca por uma vacina fracassou – e isso é culpa da protagonista, Ellie, única pessoa do planeta imune à doença. É uma história interessante e bem contada, no mesmo nível de uma boa série de TV: o roteiro foi escrito pela americana Halley Gross, de Westworld. Os diálogos e as atuações também são boas. Interpretada pela atriz Ashley Johnson, Ellie convence como protagonista – se The Last of Us: Part II fosse um filme, certamente seria indicada ao Oscar.

As cutscenes, cenas não-interativas que contam a história, estão um degrau acima dos outros games. Esqueça as animações meio malfeitas, com expressões faciais ruinzinhas e gestos desengonçados, que afetam até superproduções como GTA. Em The Last of Us: Part II, elas são quase foto-realistas: realmente parece, pela primeira vez, que você está vendo um filme. A transição entre essas cenas (que são pre-renderizadas em servidores muito mais potentes do que o PlayStation 4, e por isso têm alta qualidade gráfica) e o jogo propriamente dito é muito bem-feita, com movimentos de câmera que evitam a ruptura – e aumentam a sensação de imersão.

Você joga como outros personagens além de Ellie, o que leva a outra característica única do jogo. Mais ou menos na metade da história (que dura 25 a 30 horas), ele volta no tempo – para que você assuma o papel dos “inimigos” que matou. Você revive cenas por uma perspectiva totalmente diferente, entende por que aquelas pessoas fizeram o que fizeram, e vê que elas não são más. Só estão tentando sobreviver, como você. Esse relativismo moral torna a história mais realista e interessante.

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A ação propriamente dita, aliás, é bem mais realista do que na maioria dos games. Você sempre tem pouca munição, vive tentando encontrar mais e por isso precisa pensar bem antes de atacar inimigos. Em alguns momentos, é melhor simplesmente se esconder deles, pegando caminhos alternativos pela cidade (a maior parte do jogo se passa numa versão abandonada de Seattle). Em vez de sair por aí metralhando tudo, como nos shooters tradicionais, o objetivo é apenas se manter vivo, do jeito que der. Essa sensação é especialmente envolvente se você jogar o game no modo “difícil” – e leva a batalhas épicas, que chegam a durar quase uma hora.

A Naughty Dog, produtora do jogo, desenvolveu seu próprio “motor” gráfico – e o resultado disso é evidente. Algumas fases, como as que se passam em mata fechada (veja clipe abaixo), encantam pela qualidade da iluminação, dos reflexos e das texturas. Em alguns momentos, parece que você está jogando no PlayStation 5, não no PS4.

The Last of Us: Part II não é perfeito. A segunda metade da história tem trechos desnecessários, meio arrastados, e algumas de suas cutscenes apresentam qualidade gráfica visivelmente inferior (parecem feitas por outros artistas, inclusive). Também há quem considere o game violento demais, mas isso deriva de uma qualidade dele – a violência choca porque é realista, não cartunesca como na maioria dos games.

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Se você tem um PS4, The Last of Us: Part II é obrigatório, imperdível. Encerra, em grande estilo, o ciclo de desenvolvimento do console – com o que é, provavelmente, o melhor game de todos os tempos.


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