“Entendemos que se trata de vidas, não de doenças. Vidas que estão em risco e um sofrimento que pode ser evitado se seguirmos comprometidos com a prevenção, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento adequado e ao cuidado interdisciplinar e paliativo.” Foi com essa mensagem de boas-vindas que Merula Steagall, presidente da Abrale, abriu o 7º Congresso Todos Juntos contra o Câncer, realizado na última semana pela primeira vez online.
Um dos destaques foram os desdobramentos e desafios do tratamento oncológico durante a pandemia de Covid-19. Tema este debatido na abertura do congresso, comandada pelo jornalista Rodrigo Bocardi, e que teve sequência com os convidados para o primeiro painel, Henrique Prata, presidente do Hospital de Amor, Phillip Scheinberg, coordenador de hematologia clínica do Centro de Oncologia da BP – Beneficência Portuguesa, e Andre Ilbawi, doutor em oncologia, oficial técnico de controle do câncer do Departamento de Doenças Não Transmissíveis e da Divisão de Cobertura Universal de Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo Ilbawi, pessoas em condições mais vulneráveis, tanto na saúde quanto economicamente, são as que estão sofrendo mais com a pandemia atualmente. “Infelizmente, não temos certeza do que os atrasos nos tratamentos significam, às vezes eles são prejudiciais, às vezes não”, afirmou. IIbawi destacou também que a OMS vê a telemedicina como uma ferramenta em potencial para o sistema de saúde.
O impacto da pandemia nos fatores de risco para o câncer, como tabagismo, uso de álcool, inatividade física e má alimentação, foi tema de outro painel do congresso. Segundo Vera Luiza da Costa e Silva, médica e consultora da OMS e ex-chefe do Secretariado da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco/OMS, mais de 8 milhões de pessoas morrem no mundo todo por conta do tabagismo. “O coronavírus, em um ano, felizmente, não vai matar o que o tabaco mata em um ano.” Ainda de acordo com a médica, o tabagismo precisa ser atacado de frente, principalmente em situações como a Covid-19, já que ele aumenta o desfecho fatal em relação ao vírus.
No painel Pós-Coronavírus: Como Ficará a Atenção Oncológica, Clarissa Matias, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), destacou que será necessário um processo de educação global. “Precisamos dar à população a segurança para a não propagação do vírus e entre as ações estão as zonas chamadas de ‘covid free’. Pacientes em tratamento oral não precisam ir ao hospital, e esse foi um apelo que fizemos ao governo”, afirmou. Segundo Clarissa, 80 000 diagnósticos na IQVIA não foram realizados no período da pandemia) e 67% das cirurgias oncológicas foram reduzidas (SBOC).
Temas inovadores
Outros assuntos também foram destaque na agenda deste ano, como o respeito à diversidade na saúde, novas tecnologias, sexualidade e qualidade de vida do paciente idoso e inovação no cuidado integrado.
O evento foi organizado pelo Movimento Todos Juntos contra o Câncer, o qual envolve mais de 200 instituições que buscam pequenos avanços no tratamento oncológico no país e o compromisso em ampliar o espaço de discussão e colaboração.
Ao todo foram mais de 170 palestrantes nacionais e internacionais e 41 módulos de conteúdo organizados em simpósios planejados pelas equipes multidisciplinares, palestras satélites organizadas pelas empresas e painéis programados por ONGs, sociedades médicas, fundações e hospitais. “São informações relevantes que nos ajudarão a planejar ações colaborativas que contribuirão para o aprimoramento da política nacional de prevenção e controle do câncer no país. O Brasil é um país continental, o que implica aspectos complexos, geográficos e populacionais e muitas desigualdades, inclusive de recursos, conhecimento e riqueza”, comentou a presidente da Abrale durante o evento.
Tratamento oncológico na pandemia é destaque em congresso Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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