quinta-feira, 25 de abril de 2019

Hubble confirma: o cosmos está se expandindo mais rápido do que se pensava

Ontem (24), o telescópio Hubble completou 29 anos e divulgou uma imagem inédita da Nebulosa Caranguejo do Sul. Mas essa não foi a única surpresa que ele trouxe. Hoje (25) foram publicados cálculos e medições que confirmam que o universo está se expandindo mais rápido do que se acreditava.

A diferença de velocidade pode não parecer tão grande: a expansão é 9% mais rápida do que se esperava baseando-se na trajetória observada logo após o big bang. Mas o impacto dessa informação é bem maior. Segundo os pesquisadores, pode ser que uma nova física seja necessária para compreender o cosmos.

Para entender melhor, vamos começar do início. Antes do big bang, toda a matéria do universo estava concentrada em um ponto infinitamente pequeno e denso, chamado de singularidade. O big bang foi a expansão desse pontinho, originando tudo que conhecemos hoje. Toda essa matéria que estava concentrada começou a se separar, adquirindo velocidade. Essa separação ou expansão ocorre até hoje. E é essa velocidade que os cientistas calculam.

Acontece que o universo não está se expandindo em uma velocidade constante, como se esperava. Na verdade, ele está acelerando, e ninguém sabe exatamente o porquê. As novas observações do Hubble, além de confirmar essa constatação, também diminui as chances de que essa disparidade entre velocidades seja apenas um acidente.

“Isso não significa apenas dois experimentos discordando. Nós estamos medindo coisas fundamentalmente diferentes. Uma é o quão rápido o universo está se expandindo hoje. A outra é uma previsão do quão rápido ele deveria estar se expandindo, baseado no que entendemos sobre a física do universo primitivo. Se esses valores não concordam, é bem provável que estejamos desprezando alguma coisa no modelo cosmológico que conecta as duas eras”, afirma Adam Riess, professor da Universidade Johns Hopkings (EUA) e líder do projeto.

Esses 9% realmente fazem uma grande diferença. A nova informação reduz em mais de 33 vezes a possibilidade de que a diferença entre expectativa e realidade aconteça por acaso. Antes, as chances eram de 1 em 3 mil. Agora, ela saltou para 1 em 100 mil.

Para chegar aos dados, o time de pesquisadores analisou a luz de 70 estrelas de uma galáxia vizinha, a Grande Nuvem de Magalhães. Eles utilizaram um novo método que possibilita a captura rápida de imagens, aumentando a eficiência em 12 vezes quando comparado aos métodos tradicionais. Essas estrelas piscam em um ritmo previsível e ajudam a medir a distância entre galáxias.

Os dados foram publicados pelo Astrophysical Journal e são resultado de uma parceria internacional entre cientistas do grupo SH0ES e Araucaria Project. Eles ajudam a calcular valores cada vez mais precisos para a constante de Hubble, um número que estima o quão rápido o cosmos se expande ao longo do tempo.

Quanto mais precisas são as medições, mais elas se distanciam do esperado. “Chegamos em um ponto em que é impossível considerá-las um acaso”, diz Riess. Ele afirma que não possui uma razão para a discrepância, mas os pesquisadores irão continuar a estudar a constante de Hubble e torná-la cada vez mais precisa. Em 2001, o nível de incerteza da constante era de 10%. Já em 2009, ela diminuiu para 5%. Com o novo estudo ela chega a apenas 1,9%.


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