terça-feira, 23 de abril de 2019

Como preparar os seios para a amamentação

A amamentação tem inúmeros benefícios tanto para o bebê como para a mãe. Apesar desse ato ser apresentado, muitas vezes, como algo que toda mulher sabe fazer naturalmente, o cotidiano mostra que a história não é bem assim.

Para que a amamentação ocorra numa boa, é preciso ouvir as recomendações de médicos e enfermeiros e começar a preparar as mamas semanas antes do parto. Problemas persistentes durante o processo devem ser compartilhados e sanados junto aos especialistas.

Agora, um recado importante: desconfie de conselhos e invencionices disseminados pelas redes sociais. Veja abaixo, recomendações indicadas por experts a serem seguidas antes e após o nascimento — e o que não passa de boato, podendo até prejudicar o processo.

O que não é recomendado antes do parto

Esfoliar os seios: durante muito tempo se acreditou que era preciso engrossar a pele do mamilo por meio de esfoliações com bucha vegetal para que o peito resistisse às investidas do bebê. Essa fricção, porém, não tem efeito protetor e pode ainda render pequenas lesões.

Passar cremes no mamilo: hidratantes, loções e compressas não devem ser aplicados diretamente no mamilo ou na aréola, pois afinam a espessura desses tecidos, o que abre caminho para fissuras que mais tarde podem atrapalhar a mamada. Na verdade, as mamas e o resto do corpo acabam se preparando naturalmente para o aleitamento.

E o que pode ajudar antes de o bebê nascer

Tomar sol: no período mais próximo ao parto, expor os mamilos ao sol — de preferência o do início da manhã ou o do fim da tarde — fortalece a pele no local, minimizando o risco de machucados mais pra frente.

Conhecer seu corpo melhor: como o bebê pega a aréola toda, e não apenas o bico, só o mamilo invertido pode, de fato, atrapalhar o aleitamento. Na maioria dos casos, contudo, a mulher tem um “falso invertido”, que volta para a posição normal com a sucção. Exercícios manuais para o mamilo não são mais recomendados atualmente.

O que não fazer após o nascimento

Ficar com a casa cheia: a mãe deve estar calma e em um ambiente tranquilo para que a produção de leite ocorra. Por isso, o ideal é não receber muitas visitas nos primeiros dias.

Hidratar com o próprio leite: como o líquido é rico em açúcar e gordura, caso haja alguma rachadura no local pode haver proliferação de bactérias que levam a infecções.

Usar adaptadores: dispositivos chamados intermediários são vendidos para mulheres com mamilos invertidos ou planos. Mas eles mais atrapalham do que facilitam as coisas.

Passar pomadas para evitar lesões

Sem prescrição médica, elas podem acelerar a descamação local e favorecer a multiplicação das bactérias. O ideal é higienizar com água e sabão. E só.

Tomar cerveja preta, comer canjica e adotar outros truques para produzir mais leite: é tudo lenda! Nem tomar cerveja preta nem consumir um ingrediente específico vai resultar em mais leite ou em um líquido mais rico. Não há melhor estímulo do que a interação e as mamadas do próprio bebê.

Dicas para auxiliar no período da amamentação

Adotar uma posição: a mais fácil é sentada, com a barriga do bebê encostada na barriga da mãe e os cotovelos apoiados para dar firmeza.

Controlar o ressecamento: apenas no caso de os mamilos estarem ressecados demais, cremes neutros como manteiga de cacau estão liberados.

Ter atenção logo no início: os primeiros 15 dias são cruciais para consertar grande parte dos fatores que aparentemente sabotam o aleitamento.

Fazer a pega adequada: o bebê suga toda a aréola e não deve haver dor nesse momento. O ideal é que o pediatra avalie o movimento no consultório. Ao final da mamada, introduza delicadamente o dedinho na boca do nenê para que ele solte o mamilo aos poucos.

Usar o sutiã certo: existem modelos específicos para essa temporada. Eles facilitam a circulação de sangue no local e, como consequência, a fabricação do leite.

Hidratar-se: tomar bastante água ao longo do dia está entre os segredos para que não falte leite no estoque.

Sem culpa!

Podem, sim, surgir obstáculos mais complexos à amamentação nos seis primeiros meses da criança. Assim, se mesmo com todo empenho e esforço o processo não rolar, não se desespere nem se feche para o mundo. Hoje existem fórmulas substitutas cada vez mais modernas para o leite materno, além de bancos de leite. O mais importante é manter o carinho e o cuidado, independentemente de como o filho é alimentado.

Fontes: Anastasio Berrettini, mastologista da Sociedade Brasileira de Mastologia; Barbara Giesser, neurologista da Academia Americana de Neurologia; Clery Gallacci, coordenadora dos Berçários Setoriais do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP); Eunice Martins, professora do Departamento de Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais; Moises Chencinski, pediatra do departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria de São Paulo; Renata de Camargo Menezes, ginecologista do Comitê de Mortalidade Materno-Infantil de Barueri (SP)


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