quinta-feira, 18 de abril de 2019

A Terra pode ter sido atingida por um meteorito interestelar

Oumuamua foi só o começo. Depois que a comunidade astronômica descobriu o primeiro corpo interestelar rondando pelo Sistema Solar, os cientistas têm aberto a cabeça para a ideia de que esses objetos podem ser bem mais comuns do que parece. Em uma sacada científica, astrônomos da Universidade Harvard decidiram olhar mais perto à procura de indícios dos forasteiros galácticos: nos meteoros que atingem nosso planeta todos os dias.

A decisão faz bastante sentido. “Em vez de olhar para longe no espaço, e dado o fato de que deve haver uma maior abundância de objetos interestelares menores que Oumuamua, pensamos, ‘por que não olhar localmente e achá-los conforme colidem com a atmosfera da Terra?'”, explicou à Newsweek o primeiro autor da pesquisa, Amir Siraj. Em um artigo ainda não revisado por pares, ele e o colega Abraham Loeb exploraram a hipótese.

Para tentar achar o que procuravam, estrelas cadentes produzidas por corpos forjados em outros sistemas solares, Siraj e Loeb vasculharam um grande catálogo de meteoros mantido pela Nasa. Escondido nos dados no CNEOS, o Centro para Estudos de NEOs (Objetos Próximos à Terra), os astrônomos encontraram um evento que reunia todas as características indicando se tratar de um emissário interestelar.

A bola de fogo detectada em 2014 enquanto queimava pelos céus de Papua Nova Guiné adentrou a atmosfera terrestre a uma velocidade muito acima do normal. De acordo com os cálculos dos pesquisadores de Harvard, o objeto movia-se rápido demais para orbitar o Sol. Só havia uma explicação para os fumegantes 60 quilômetros por segundo: aquele corpo se incinerou em nosso planeta após um voo sem escala vindo de muito, mas muito longe.

Como escrevem os astrônomos no manuscrito submetido ao periódico The Astrophysical Journal Letters, o peregrino cósmico realmente percorreu um longo caminho até a Terra. “Sua alta velocidade implica uma possível origem no interior profundo de algum sistema planetário ou estrela no disco espesso da galáxia Via Láctea”, afirma a dupla de cientistas.

Será preciso estudar outros eventos do gênero para confirmar se as ideias dos astrônomos de Harvard fazem mesmo sentido. Mas, se comprovada, as implicações dessa descoberta são enormes. Os autores observam que esses eventos de bólidos interestelares devem ter acontecido incontáveis vezes ao longo da história terrestre.

E vão acontecer outras tantas mais no futuro. Levantamentos de meteoros podem vir a identificar os ligeiros intrusos extrassolares ainda no espaço, antes que se desfaçam na atmosfera. Observações antes e durante o impacto são uma excelente oportunidade de descobrir a composição desses objetos.

E é aí que a coisa pode ficar ainda mais intrigante. “Potencialmente, meteoros interestelares seriam capazes de entregar vida formada em outro sistema planetário e mediar a panspermia”, conjecturam Siraj e Loeb sobre a teoria segundo a qual a vida é “polinizada” pelo cosmos — e as “abelhas” seriam justamente objetos errante como o que caiu sobre Papua Nova Guiné. É ou não é uma linha de pesquisa que parece promissora?


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