quinta-feira, 18 de abril de 2019

Sai o primeiro livro editado inteiramente por um robô

Manter-se bem informado em uma era marcada pela sobrecarga de informações não é uma tarefa fácil. Ainda mais no meio científico: estima-se que um total de 33,1 mil periódicos ativos em inglês publiquem ao todo 3 milhões de novos artigos por ano. A literatura especializada se expande todo dia e de um jeito exponencial. Para quem está na labuta de se manter por dentro das principais novidades, os robôs podem ser grandes aliados.

É o que promete a publicação do primeiro livro preparado inteiramente por uma máquina. A obra é fruto de uma parceria entre a editora acadêmica Springer Nature e um grupo de pesquisadores da Universidade Goethe, na Alemanha. E o editor ali é o algoritmo Beta Writer, que escrutinou milhares de páginas que continham as mais recentes pesquisas sobre baterias de íons de lítio — as que armazenam a energia que alimenta seu smartphone e notebook.

O resultado foi a elaboração de uma apostila técnica com cerca de 250 páginas que facilita a vida de quem quer se atualizar sobre essa tecnologia. Toda a pesquisa na área foi compilada de maneira organizada pelo robô, dividida em capítulos temáticos dotados de conteúdos que são uma mão na roda para o pesquisador.

Cada artigo foi introduzido por uma breve descrição. Citações dos textos originais com hiperlinks para os trabalhos na íntegra passam uma noção das pesquisas e permitem que os interessados se aprofundem. Para finalizar, o bendito Beta Writer ainda incluiu sumários e referências — sem ajuda humana.

“Esse livro nos permitiu demonstrar o grau em que os desafios das publicações geradas por máquinas podem ser resolvidos quando especialistas de editoras acadêmicas colaboram com linguistas computacionais”, disse em um comunicado Christian Chiarcos, da Gothe, diretor do projeto. É claro que o trabalho não exige criatividade ou talento literário — é uma escrita mecânica e entediante. Mas muito promissora para a pesquisa científica.

Os editores da Springer Nature pegaram leve com o Beta Writer, sem fazer modificações como costumam exigir de autores humanos, publicando o texto exatamente da forma como o robô o escreveu. Foi por uma boa causa: assim ficam explícitos tanto o atual estágio da tecnologia quanto as limitações dos conteúdos gerados por máquinas. Dá para baixar de graça a apostila. O nome dela é Lithium-Ion Batteries: A Machine-Generated Summary of Current Research.

Para o futuro, a editora pretende fazer adaptações no algoritmo para produzir manuais de outras áreas da ciência. Como explica Henning Schoenenberger, da Springer Nature, a ideia é que pesquisadores e robôs trabalhem juntos, em harmonia. Sempre vão existir livros e artigos inteiramente escritos por humanos, mas deve crescer o espaço para conteúdos híbridos, em que o algoritmo colabora com os cientistas, ou vice-versa.

E, é claro, também vão se multiplicar os textos de autoria 100% robótica. “Esse protótipo é um importante marco inicial, esperamos que ele inicie um debate público sobre as oportunidades, implicações, desafios e potenciais riscos do conteúdo gerado por máquinas na publicação acadêmica”, disse Schoenenberger. Agora que tal criarem um Beta Writer para facilitar um pouquinho a vida dos jornalistas também?


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