segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Cemitério mais antigo conhecido do mundo não foi feito pela nossa espécie

Uma nova descoberta realizada por uma equipe internacional de pesquisadores pode mudar algumas percepções científicas sobre a evolução humana. Encontrado na África do Sul, o cemitério mais antigo até então já encontrado não foi feito pelo Homo sapiens, mas sim por uma espécie mais antiga e com cérebro bem menor.

Até então, o sítio de enterro mais antigo que se tinha notícia pertencia ao H. sapiens, e datava de aproximadamente 100 mil anos atrás. Como a espécie surgiu há 300 mil anos, não seria surpresa encontrar algum cemitério mais antigo. Mas não foi esse o caso. 

Em escavações realizadas na África do Sul, a equipe de pesquisadores liderada pelo paleoantropólogo Lee Berger encontrou um cemitério que remonta a pelo menos 200 mil anos atrás, e pertencente ao Homo naledi, um hominídeo primitivo da Idade da Pedra. Encontrada pela mesma equipe em 2013, e descrita em 2015, o Homo naledi é uma das mais novas espécies descobertas a integrar o gênero Homo.

A descoberta já seria surpreendente não fosse um outro detalhe: o tamanho do cérebro desses hominídeos ancestrais. Até então, se acreditava que comportamentos do tipo só fossem possíveis em espécies com um cérebro grande, como o próprio H. sapiens e o Homem de Neandertal. Em uma espécie cujo cérebro era aproximadamente do tamanho de uma laranja, uma descoberta como essa pode alterar completamente o entendimento sobre a cognição e o tamanho do cérebro.

 

 

Ambas as descobertas foram realizadas no complexo de cavernas Rising Star, e que devido a sua complexidade e profundidade, só poderiam ser acessadas por algum motivo importante, como o do enterro. O complexo de cavernas está dentro do chamado Berço da Humanidade, localizado na África do Sul, patrimônio mundial da UNESCO que é conhecido pela quantidade de fósseis de espécies de hominídeos encontrados.

Em 2021, os pesquisadores já haviam encontrado um crânio infantil no complexo de cavernas, sugerindo que o local era utilizado pelo H.naledi para o sepultamento de seus mortos.  Agora, eles encontraram outros 5 indivíduos, em buracos, que para eles, foram deliberadamente cavados. E mais. Para Berger e sua equipe, essas não são as únicas evidências que indicam um possível comportamento cognitivo mais complexo do H.naledi.

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Em entrevista à AFP, Berger comenta que as descobertas mostram que a prática mortuária não está limitada a somente os hominídeos com cérebros grandes: “Isso significa não apenas que os seres humanos não são únicos no desenvolvimento de práticas simbólicas, mas talvez nem tenham inventado tais comportamentos.”

Com aproximadamente 1,5 metro de altura, acredita-se que o H.naledi descenda de uma linhagem antiga, tendo vivido entre 240 e 330 mil anos atrás.

Os pesquisadores ponderam que ainda faltam mais análises adicionais a serem feitas, mas que caso confirmadas, as descobertas sobre o H.naledi podem adicionar mais um capítulo à já complexa história da origem humana.

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Cemitério mais antigo conhecido do mundo não foi feito pela nossa espécie Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed

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