O aumento da expectativa de vida vem sendo discutido amplamente, com todos os desafios que essa realidade impõe.
Do ponto de vista histórico, a ciência que estuda o envelhecimento é relativamente recente, mas já temos algumas respostas para nos guiar diante dos dilemas da longevidade.
Será que o envelhecimento tem de significar, obrigatoriamente, o início de uma etapa na qual enfrentaremos a inevitável deterioração da saúde e da autonomia?
Definitivamente, não.
Para vivenciar uma maturidade feliz e produtiva, no entanto, é preciso que cada um de nós assuma um compromisso com a própria saúde.
E, nesse sentido, ainda há um abismo entre homens e mulheres.
Os dados atuais nos mostram que a população masculina não se conscientizou sobre a necessidade de se cuidar, o que lhe dá uma expectativa de vida oito anos menor que a feminina.
Elas vivem mais porque fazem exames desde a juventude, vão ao médico e adotam hábitos mais equilibrados.
Informações colhidas junto ao SUS revelam que, na adolescência, meninas se consultam 18 vezes mais com um médico do que os meninos.
A discrepância começa cedo. E isso representa um risco porque a maioria das doenças que comprometem a qualidade de vida não provoca nenhum sintoma em sua fase inicial. É um silêncio traiçoeiro.
Boa parte de tudo que se complica depois poderia ser evitada com diagnóstico e controle precoces.
Uma pesquisa recém-realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) constatou que apenas 32% dos homens acima de 40 anos se consideram muito preocupados com a saúde e 46% só vão ao médico quando sentem algo (número que salta para 58% se eles dependem do SUS).
Metade desse público tem medo ou ansiedade quando pensa em sua saúde, mas isso não se converte em exames regulares. A tendência só se inverte com a população mais velha, após os 60 anos.
Esses achados permitem concluir que, ainda que tema problemas como o câncer e a impotência sexual, o homem passa muito tempo distante dos cuidados com a saúde, comportamento que aumenta o risco de encarar doenças quando elas já estão mais graves.
Ilustra bem o caso o câncer de próstata, que pode ser curado quando diagnosticado em fase inicial, sem sintomas. Avaliações médicas periódicas, com exames como o toque retal e a dosagem do PSA no sangue, são recomendadas a partir dos 50 anos, sendo antecipadas se houver maior propensão ao quadro, o que inclui grupos como homens pretos, com obesidade ou história familiar da doença.
Infelizmente, porém, muitos homens só chegam ao urologista quando surge um sintoma e, não raro, o câncer já se encontra avançado e sem possibilidade de cura.
+Leia também: Entenda o debate sobre o rastreamento do câncer de próstata no Brasil
Fora isso, os encontros em consultório são uma oportunidade para analisar o estilo de vida e orientar a mudança de hábitos.
Controle do peso, dieta adequada, atividade física rotineira e controle de problemas prevalentes como diabetes e hipertensão também contam pontos para o homem envelhecer bem.
Que bom que estamos vivendo mais… Resta agora nos cuidar para viver melhor.
*Alfredo Canalini é médico e presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)
O homem envelhece. Mas será que ele anda se cuidando? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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