CoD: Modern Warfare III faz o mínimo para continuar liderando o mercado de shooters; curta duração do modo single-player gera polêmica
Em outubro, após 18 meses de análises, a Microsoft finalmente obteve permissão das autoridades regulatórias dos EUA e do Reino Unido para concretizar, por US$ 68,7 bilhões, a compra da produtora Activision.
Com o negócio, o maior da história dos games, a Microsoft passa a ser dona de várias franquias: as duas maiores são Candy Crush, para celular, e a série de tiro Call of Duty, para PC e consoles.
Ambas são titãnicas. Candy Crush já faturou US$ 20 bilhões, e Call of Duty vendeu 425 milhões de cópias ao longo das últimas duas décadas.
CoD é tão importante que a Microsoft teve de se comprometer a continuar lançando o jogo também no PlayStation pelos próximos 10 anos, para que as autoridades liberassem a compra da Activision (havia o receio de que ela tornasse o game exclusivo do Xbox).
Sua nova versão, Call of Duty: Modern Warfare III, será lançada amanhã para PlayStation, Xbox e PC. Como costuma acontecer com coisas que dão muito dinheiro, trata-se de um produto bem conservador: lembra muito o antecessor, Modern Warfare II, do ano passado.
Os gráficos, por exemplo, se parecem. Eles são otimizados para o modo multiplayer, o que acaba exigindo algumas concessões – são bonitos, mas não alcançam o mesmo nível de Call of Duty: Vanguard (2021), o shooter visualmente mais avançado da atual geração.
Mas o visual é bom, e o game roda impecavelmente: no PlayStation 5, plataforma em que testamos, ele mantém 60 fps estáveis mesmo nos momentos mais intensos.
Modern Warfare III explora muito bem a resposta háptica e os gatilhos adaptáveis do controle do PS5, com trancos realistas e que variam conforme a arma em uso. Outros CoD, como Black Ops: Cold War (2020) e o próprio Vanguard (2021) já faziam isso; mas o novo está um degrau acima.
Por outro lado, MW III fica um pouco aquém deles no modo single-player. A campanha em si é boa: tem fases não-lineares, com mapas ao estilo multiplayer, e outras que se passam em cenários interessantes, como um estádio de futebol na Rússia.
Esse estágio, em que você precisa desviar a mira de civis, faz uma referência inteligente à polêmica fase “No Russian”, de CoD: MW2 (2009), em que o jogador era estimulado a atirar em pessoas num aeroporto russo (ao lançar o game na Rússia, a Activision cortou esse nível).
Em Modern Warfare III, o objetivo é parar Vladimir Makarov, terrorista internacional que planeja ataques de bandeira falsa para tentar começar uma guerra. Nada muito profundo, mas ok. Veja no trailer abaixo:
O que tem causado polêmica é a duração da campanha: apenas 4 a 5 horas. É pouco. Modern Warfare III é um game “triple-A”, de alto orçamento, e está sendo vendido a preço cheio.
Ok, a maioria das pessoas prioriza o modo multijogador (Battlefield 2042, da Electronic Arts, nem tem modo single-player). Mas a Activision poderia ter se empenhado mais, com uma campanha de no mínimo 10h.
Como outros títulos da série, MW III ocupa um caminhão de espaço na memória do PC ou console. No PlayStation 5, são nada menos do que 234,1 GB – mais de 30% de todo o armazenamento livre no console (667,2 GB).
Você pode desinstalar a campanha e outros componentes do jogo para liberar memória, mas ele continua grande. No Xbox Series S, que tem 360 GB de espaço livre (e usa cartões de expansão caros), pode ser um problema.
O novo Call of Duty é pesado por questões técnicas, mas também porque inclui bastante conteúdo. Traz versões remasterizadas de todos os 16 mapas multijogador de CoD: MW2 (2009), bem como vários modos online – incluindo os populares Warzone e Zombies.
A variedade de armas, a qualidade dos mapas, a precisão dos controles e a popularidade da série, sempre com muitos jogadores online, tornam Call of Duty um shooter difícil de superar. A Activision sabe – e, por isso, foi especialmente conservadora em Modern Warfare III.
Ela parece o ucraniano Sergey Bubka, que foi recordista mundial de salto com vara por quase 21 anos: Bubka aumentava a altura do salto bem devagar, aos pouquinhos, e por isso quebrou a própria marca nada menos do que 35 vezes.
Direito dele. Só que ousar pode ser bom, às vezes. Isso também vale para a Microsoft, nova dona da Activision, que optou por não incluir Modern Warfare III no serviço Xbox Game Pass. Ela não quer abrir mão da receita com a venda do jogo – o que, apesar de ser um pouco decepcionante, é legítimo.
Mas liberar MW III no Game Pass provocaria um terremoto no mercado – e, após o êxito de Starfield, seria outra forte reação do Xbox.
Call of Duty: Modern Warfare III será lançado amanhã, dia 10/11, para PC, Xbox One e Series X/S e PlayStation 4 e 5. Preço: R$ 299.
Primeiro “Call of Duty” da era Microsoft poderia ser melhor Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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