Exatamente às 16h18 de hoje (11), Israel comemorou, em uma transmissão ao vivo com 95 mil espectadores, sua entrada para a história da exploração espacial.
O país, que no dia 5 deste mês se tornou o sétimo a chegar à órbita da Lua, comemorava se tornar a quarta nação a pousar no satélite natural. Antes dele, apenas a antiga União Soviética (1966), os Estados Unidos (1969), e a China (2013) haviam conseguido esse feito.
“Se o pouso não tivesse dado certo, tentaríamos de novo”, disse o primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu na transmissão ao vivo, ao comemorar o sucesso da missão. Infelizmente, foi cedo demais. Por que a nave Beresheet não conseguiu pousar em segurança na Lua.
Se tudo tivesse ocorrido como planejado, essa seria a primeira vez que uma agência espacial particular, sem nenhuma ligação governamental, tocaria o solo da Lua. A SpaceIL, fundada em 2011, nasceu com o único objetivo de realizar a primeira expedição israelense em solo lunar. A nave responsável pela empreitada se chamava Beresheet pois significa “Gênesis”, ou “o início de tudo”, em hebraico.
A missão custou cerca de US$ 100 milhões, muito menos do que o custo de outras naves espaciais que estiveram na Lua. Isso é porque a Beresheet era uma nave relativamente simples, que foi projetada para sobreviver apenas alguns dias, não levando nenhum tipo de equipamento sofisticado.
A nave foi lançada ao espaço como uma carga secundária de um foguete Falcon 9 da SpaceX (a empresa do Elon Musk), que decolou do Cabo Canaveral, Flórida, em 21 de fevereiro deste ano.
Fora do foguete, a Beresheet entrou em uma órbita elíptica (isto é, oval) em torno da Terra, que foi se tornando gradualmente maior até alcançar a distância da Lua, onde desacelerou o suficiente para ser capturada pela atração gravitacional do satélite natural em 4 de abril. Não entendeu a explicação? Calma que a gente desenha: você pode acompanhar a rota completa da nave nesta perfeita simulação.
O pouso seria em uma região da lua chamada Mare Serenitatis, uma antiga planície de lava com 674 km de diâmetro que a NASA já explorou anteriormente. Beresheet pousaria mais ou menos a meio caminho dos locais de pouso da Apollo 15 e Apollo 17 – que foi a missão final da NASA para a Lua. Você pode ver, em uma excelente animação interativa, todos os locais de pouso na Lua aqui (as animações são muito legais. Vale a pena clicar).
No satélite natural, a Beresheet planejava tirar fotos em alta resolução (incluindo uma selfie, lógico), estudar o campo magnético da Lua (coletando dados para ajudar os pesquisadores a descobrir por que esse campo varia no Mare Serenitatis), deixar um retrorrefletor da NASA (para refletir raios laser da Terra para a Lua) – o que ajuda a agência americana a calcular com mais precisão a distância exata entre a Terra e a seu amado satélite natural.
A nave israelense também levava uma “cápsula do tempo”. Nela havia uma cópia digital de toda a Wikipedia em inglês, dicionários em 27 idiomas, a bandeira e a Declaração de Independência de Israel, uma Bíblia, desenhos infantis e textos da literatura israelense.
Problemas técnicos
A agência israelense ainda não se manifestou sobre o que, de fato, ocorreu para a missão não ter sido concluída com sucesso. O que se sabe até agora é que a nave perdeu contato com a Terra quando estava a uma distância de 22 quilômetros da Lua. Acredita-se que ela quebrou ao tentar pousar.
O mais provável que o problema tenha sido com o motor da Beresheet. Ele foi construído na Grã-Bretanha, desenvolvido pela empresa de tecnologia Nammo. Antes do pouso, Rob Westcott, engenheiro sênior de propulsão da empresa, disse: “Nós nunca usamos esse motor para isso antes”.
Para pousar, a espaçonave tinha que reduzir bruscamente sua velocidade – um processo que envolve ligar e desligar o motor em um intervalo muito curto. Como, na segunda ativação, o motor ainda estaria quente por causa da primeira, tudo precisava ser feito com muita precisão para evitar erros. [esta nota será atualizada assim que a SpaceIL liberar um comunicado oficial sobre a falha]
O pouso bem-sucedido representaria a chegada mais rápida e barata já feita a Lua. Isso seria um marco para os ambiciosos planos de algumas agências espaciais e empresas privadas, que buscam oportunidades de negócios lunares. Vai ficar para a próxima.
Israel (quase) se torna a 4º nação a conquistar a Lua Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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