Machine learning, ou aprendizado da máquina, é uma área da ciência da computação que permite automatizar respostas ao usuário a partir de inteligência artificial e big data.
Você certamente já ouviu falar em machine learning.
Mas será que domina esse conceito tecnológico?
Então, é bom prestar atenção.
Afinal, o machine learning tem influência direta em muitos momentos do seu dia a dia.
Agora mesmo, em sua navegação até este artigo: essa jornada certamente passou pelo aprendizado de máquina e pela inteligência artificial.
Mais tarde, no Netflix ou no YouTube, esse mesmo tipo de tecnologia será aplicado para sugerir filmes e séries do seu interesse.
Amanhã, no caminho para o trabalho, o Waze também usará o machine learning para guiá-lo com maior rapidez e segurança no trânsito.
Percebe como o conceito permeia praticamente todas as suas interações com a tecnologia – e como sua importância tende a ser cada vez maior?
A má notícia é que esse subcampo da ciência da computação é um assunto complexo.
A boa notícia é que eu preparei um guia completo que vai destrinchar cada aspecto desse tema e apresentar, passo a passo, como encará-lo a partir de agora.
Preparado para dominar o machine learning?
Antes, é importante dar um passo atrás…
O começo de tudo
Nossa história começa na década de 1950, quando o pai da computação, Alan Turing, fez a célebre pergunta: “As máquinas podem pensar?”.
Nessa época, ele desenvolveu o famoso Teste de Turing, que testava a capacidade das máquinas de raciocinarem como seres humanos.
Alguns anos depois, em 1952, o engenheiro do MIT e pioneiro em inteligência artificial Arthur Samuel criou o primeiro programa capaz de aprender.
Tratava-se de um jogo de damas que ia melhorando seu desempenho a cada partida, estudando movimentos e propondo novas estratégias.
Esse passo foi fundamental para que, em 1959, Samuel usasse pela primeira vez o termo machine learning.
Nesse momento, a pergunta de Turing foi respondida: sim, as máquinas podem reproduzir o raciocínio humano.
Desde então, os computadores ficaram cada vez mais inteligentes, e a internet multiplicou essa capacidade.
O que é machine learning?
Machine learning, ou aprendizado de máquina, é uma forma de análise de dados orienta os computadores a aprenderem por conta própria, para que aprimorem seu desempenho diante de problemas específicos.
Ou seja: ao invés de serem programadas apenas para ações específicas, as máquinas usam algoritmos complexos para tomar decisões e interpretar dados, executando tarefas automaticamente.
Esses programas conseguem aprender a partir do alto poder de processamento de dados, sem intervenção humana.
Assim, aperfeiçoam suas tarefas conforme recebem novas informações, como alunos aplicados e incansáveis.
O machine learning faz parte do extenso campo da Inteligência Artificial (IA), que promete movimentar US$ 59,8 bilhões no mundo todo até 2025, segundo o estudo da Tractica.
Inclusive, esse mercado gigantesco já está presente no seu dia a dia.
Você já recebeu recomendações de produtos com base nas suas preferências?
Tem visto anúncios que parecem adivinhar o que você estava pensando?
Tudo isso é machine learning, e muito mais.
Mais dados, mais perguntas, mais respostas
No machine learning, o material de estudo das máquinas são os dados.
Quanto mais dados alimentarem os sistemas, mais perguntas serão feitas, e mais respostas surgirão para solucionar problemas.
É por isso que o machine learning alcança seu pleno potencial com o Big Data, o armazenamento e processamento de volumes gigantescos de dados.
Logo, os algoritmos inteligentes conseguem fazer uma varredura completa nessa imensidão de dados para encontrar padrões e chegar a previsões inimagináveis.
Para você ter uma ideia, nós produzimos 2,5 quintilhões de bytes de dados todos os dias.
Como consequência, 90% dos dados mundiais foram criados somente nos últimos dois anos (Domo).
Imagine aonde isso vai parar.
Como funciona o machine learning?
O machine learning funciona por meio dos algoritmos que mencionei acima.
Basicamente, um algoritmo é uma sequência de ações precisas, como um passo a passo que resolve uma tarefa automaticamente.
Cada algoritmo aciona um comando diferente para lidar com os dados que a máquina recebe, e a combinação entre eles gera o machine learning.
É assim que o Google Maps indica o caminho mais rápido com base na sua localização e eventos próximos e a Amazon recomenda produtos de acordo com seus hábitos.
Tipos de machine learning
Para cada problema, há um algoritmo de aprendizado ideal para encontrar a solução.
Confira os diferentes tipos de machine learning.
Aprendizado supervisionado
No aprendizado supervisionado, o sistema recebe um conjunto prévio de dados que contém a resposta correta.
Ou seja: os problemas e soluções já estão definidos e associados, e tudo o que a máquina tem que fazer é mostrar o resultado certo a partir das variáveis.
Um exemplo básico é a busca de imagens do Google, na qual o algoritmo localiza a origem da imagem e outras semelhantes.
Aprendizado não-supervisionado
Como aprendizado não-supervisionado, ocorre o contrário: não há um resultado específico esperado ou resposta correta.
Isso quer dizer que o cruzamento dos dados é imprevisível e depende das variáveis inseridas no sistema.
Por exemplo, em uma pesquisa sobre hábitos de consumo, é preciso agrupar informações como registros de compras, frequência e perfil do cliente para encontrar padrões.
Nesse tipo de machine learning, cada movimento é uma descoberta – por isso, também é muito mais complexo.
Aprendizado semi-supervisionado
Já o aprendizado semi-supervisionado combina os dois tipos de dados que vimos acima: rotulados e não rotulados.
Assim, há uma pequena quantidade de respostas definidas entre as incertezas, que ajudam a direcionar as descobertas da máquina.
Aprendizado por reforço
Por fim, o aprendizado por reforço é diferente de todos os tipos anteriores, pois não possui nenhum conjunto prévio de dados.
É como se um robô fosse solto em um lugar desconhecido, onde passa a realizar testes para coletar impressões e se adaptar ao ambiente.
Gosto de usar como exemplo um programa financeiro que monta portfólios de ações.
Esse software é capaz de melhorar cada vez mais suas combinações de ativos conforme analisa o retorno positivo ou negativo do ambiente.
Ou seja: a máquina estuda o retorno financeiro e a evolução do mercado para determinar as melhores soluções, sem um conjunto de treinamento específico.
Como escolher o melhor algoritmo?
O melhor algoritmo depende exclusivamente do problema a ser solucionado, pois não há um padrão que funcione em todos os casos.
Lembre-se de que as máquinas não fazem o que você quer: elas fazem o que você manda.
Com isso, quero dizer que a inteligência artificial depende 100% da inteligência humana.
É você quem treina a máquina e decide qual tipo de algoritmo vai chegar aos resultados esperados.
Por isso, você precisa conhecer a fundo o problema e seus possíveis caminhos antes de ensinar a máquina a resolvê-lo.
Para que serve o machine learning?
As aplicações do machine learning vão desde as sugestões a usuários da internet até o desenvolvimento de carros autônomos e identificação de estrelas pela NASA.
Estes são alguns dos usos mais comuns:
- Motores de busca online
- Coleta e análise de dados
- Detecção de spam
- Organização e classificação de informações
- Soluções em automação
- Reconhecimento biométrico e de voz
- Sistemas de recomendação
- Sistemas de vigilância
- Robôs e veículos autônomos.
6 benefícios do machine learning nos negócios
Os benefícios do machine learning nos negócios justificam o alto investimento das empresas.
Veja quais são as vantagens dessa tecnologia.
Decisões mais rápidas
Tomar a decisão certa antes da concorrência pode mudar o destino da empresa.
Por isso, o machine learning tem sido fundamental nesse processo, mostrando os caminhos mais inteligentes e providências imediatas aos gestores.
Afinal, a máquina consegue enxergar muito mais longe ao processar bilhões de dados.
Adaptabilidade
Os algoritmos mostram resultados aqui e agora, e não apenas em relação aos dados históricos.
Assim, os gestores conseguem ajustar o curso do negócio em tempo real, no ritmo acelerado das mudanças.
A empresa algorítmica
A “empresa algorítmica” é uma fábrica de inovação em alta velocidade.
Com inúmeros algoritmos trabalhando pelos objetivos do negócio e aprendendo mais a cada dia, o caminho do sucesso é garantido.
Quanto mais alto o nível de automação, melhor será a capacidade da empresa de inovar em modelos de negócio, produtos e serviços.
Insights mais profundos
Ainda não descobrimos como processar bilhões de informações de uma vez com o cérebro humano, mas temos as máquinas para fazer esse trabalho.
Assim, chegamos a insights muito mais profundos, que jamais seríamos capazes de identificar.
Eficiência
O machine learning focado em eficiência pode revolucionar os processos da empresa.
Basta pensar em algoritmos inteligentes fazendo previsões minuciosas e automatizando tarefas para reduzir custos e melhorar os resultados.
E claro, praticamente eliminando o erro humano do processo.
Melhores resultados
Por fim, o machine learning é a fórmula para identificar oportunidades e alavancar os resultados das empresas.
De acordo com a Accenture, a inteligência artificial vai aumentar a lucratividade em 38% e gerar mais de US$ 14 trilhões em lucro extra até 2035.
É isso que eu chamo de retorno sobre o investimento.
Qual a diferença entre mineração de dados e machine learning?
A mineração de dados e machine learning são tecnologias muito próximas, mas possuem diferenças significativas.
Enquanto o machine learning permite a construção de sistemas que aprendem com os dados, a mineração de dados extrai informações e organiza o conjunto de dados que será utilizado.
Em outras palavras, o primeiro é focado na análise e predição, e a segunda na descoberta de propriedades desconhecidas dos dados.
Qual a diferença entre deep learning e machine learning?
O deep learning está em uma camada mais profunda do machine learning, em que as redes neurais utilizadas são parecidas com as do cérebro humano.
Essas redes artificiais imitam a complexidade e funcionamento dos neurônios, e com isso chegam a soluções extraordinárias.
É por meio do deep learning que os carros autônomos se tornam, cada vez mais, autônomos, por exemplo.
Qual a diferença entre machine learning e inteligência artificial?
Essa é fácil: o machine learning é um dos pilares desse campo tecnológico gigantesco chamado inteligência artificial.
Já a inteligência artificial pode ser definida como a extensão da inteligência humana por meio de máquinas capazes de simular nosso raciocínio.
O artigo polêmico de Alan Turing sobre máquinas que pensam foi apenas o começo da IA, que explodiu no mundo todo a partir de 2015.
A importância da mineração de dados
Sem a mineração de dados, estaríamos perdidos no infinito do Big Data.
Essa tecnologia nos permite separar ruídos caóticos e repetitivos para classificar e organizar os dados, transformando um conjunto desconexo em informações compreensíveis.
Para isso, a mineração utiliza técnicas como o clustering (agrupamento de dados), regras de associação e detecção de anomalias.
Quem está usando?
As principais indústrias, universidades, organizações e instituições investem na mineração de dados para potencializar suas estratégias.
Aqui vão alguns exemplos dessa realidade.
Serviços financeiros
Os bancos e instituições financeiras estão usando a mineração de dados para entender a fundo sua base de clientes e bilhões de transações.
As principais vantagens são a previsão de riscos de mercado, detecção rápida de fraudes e gestão efetiva de compliance.
Governo
Para os governos, a mineração é fundamental para qualificar dados de milhões de cidadãos e tomar decisões mais assertivas.
No Brasil, a Receita Federal ganhou o prêmio As 100+ Inovadoras no Uso de TI da IT Mídia, graças ao uso da mineração de dados para aprimorar o sistema de arrecadação.
Operadoras de saúde
Já o setor da saúde se destaca pela previsão de US$ 6,6 bilhões em investimentos na inteligência artificial até 2021, segundo a Accenture.
As principais aplicações da mineração de dados na área são a triagem de risco de saúde, avaliação de dados médicos e monitoramento da saúde pública.
Marketing e vendas
A área de marketing e vendas é uma das mais impactadas pela mineração de dados, dando origem ao conceito de marketing mining.
Nesse caso, a tecnologia é aplicada para conhecer melhor o consumidor, identificar a percepção da marca e criar campanhas de sucesso.
Inclusive, é possível que 85% das relações entre consumidores e empresas não incluam a interação humana até 2020, conforme a Gartner.
Petróleo & gás
Na indústria de petróleo e gás, os dados são utilizados para os mais variados propósitos, desde previsão de riscos até garantia de compliance.
Alguns objetivos são aumentar a eficiência dos processos, obter recomendações sobre os poços que precisam de mais atenção e automatizar ordens de trabalho.
Transportes
No setor de transportes, a promessa da mineração de dados está no setor de logística.
Isso porque a enorme quantidade de informações geradas nessas operações ainda é pouco explorada.
Com as tecnologias certas, é possível aumentar a eficiência operacional, prever demandas sazonais e melhorar as redes de distribuição.
Além do machine learning
Estamos testemunhando um avanço surpreendente das plataformas, ferramentas e aplicações baseadas em machine learning.
Como vimos, os conceitos de machine learning, deep learning, inteligência artificial, mineração de dados e Big Data são complementares e retratam o panorama da inteligência analítica.
Para entender o que vem por aí, precisamos ficar de olho nas tendências que integram essas tecnologias e moldam a próxima etapa da era digital.
E não é fácil manter o radar aberto a todas as mudanças que estão acontecendo.
4 Aplicações de uso do machine learning
Se ainda restam dúvidas sobre o uso do machine learning, o que não faltam são exemplos.
Separei mais alguns para você.
Banco de dados autônomo
O banco de dados autônomo é capaz de listar várias tarefas de forma totalmente automatizada, graças ao machine learning.
Essa inovação descarta a indisponibilidade por falha humana e ainda libera tempo do administrador para tarefas mais importantes.
Combate a fraudes em sistemas de pagamento
As tentativas de fraude com cartões de crédito e meios de pagamento são um problema sério para as empresas.
Felizmente, o machine learning ensina as máquinas a identificar e combater esses golpes a tempo de evitar prejuízos.
Tradução de textos
Os tradutores automáticos estão ficando cada vez mais precisos com o machine learning, a ponto de reconhecer contextos e expressões.
O profissional de tradução ainda é indispensável, mas seu trabalho certamente ficou mais fácil.
Recomendação de conteúdo
Essa você conhece muito bem: são as recomendações de músicas, vídeos e publicações das suas plataformas preferidas.
Com o machine learning, os algoritmos ajudam você a descobrir um mundo de conteúdos com base no seu histórico e preferências.
O que é preciso para criar bons sistemas de machine learning?
Resumidamente, um bom sistema de machine learning tem cinco características:
- Algoritmos
- Processos automatizados e iterativos
- Escalabilidade
- Capacidade de preparação de dados
- Modelagem conjunta.
Mas você não pode se esquecer de um detalhe muito importante: não adianta construir algoritmos poderosos se os dados não tiverem a qualidade necessária.
A máxima dos dados continua valendo: garbage in, garbage out (lixo entra, lixo sai).
Essa expressão foi criada pelo técnico da IBM George Fuechsel, para nos lembrar de que os computadores não questionam a qualidade dos dados.
Ou seja: se você alimentar um algoritmo com dados imprecisos, terá resultados inúteis.
O futuro do machine learning
Nem as próprias máquinas podem prever até onde o machine learning nos levará, mas tenho alguns palpites.
Com a Internet das Coisas, é natural que a inteligência artificial entre no pacote, permitindo que relógios, televisores e geladeiras aprendam sobre nossos hábitos.
Outra tendência promissora é o Processamento de Linguagem Natural, que tornará realidade a ideia de conversar com uma máquina sem a preocupação com códigos.
Os hardwares também vão evoluir no mesmo ritmo para aumentar o poder de processamento, como já mostram os recentes chips de inteligência artificial.
Aliás, vem aí o chip da Intel em parceria com o Facebook, noticiado em janeiro pelo G1.
E se os algoritmos andam exibindo anúncios duvidosos, não se preocupe: a precisão das recomendações vai melhorar muito nos próximos anos.
Conclusão
Computadores que aprendem por conta própria soavam como ficção científica algumas décadas atrás.
Mas aqui estamos nós, conversando com assistentes virtuais em celulares e nos acostumando à ideia de carros que dirigem sozinhos.
Cada vez mais, a inteligência artificial soa menos artificial, não é mesmo?
O smartphone se transforma em uma extensão da nossa capacidade de processamento de dados, a um segundo de distância do nosso input.
Esse dispositivo nos conecta ao carro, ao apartamento, ao dinheiro e ao último lançamento da nossa série favorita.
Como entusiasta da tecnologia, não vejo a hora de aproveitar ainda mais oportunidades que as máquinas inteligentes nos reservam.
E você?
Já está com seu radar de tendências atualizado para captar todas as novidades trazidas pelo machine learning?
Deixe aqui um comentário com suas ideias e seus insights sobre o assunto.
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