sexta-feira, 31 de maio de 2019

Assista ao primeiro eclipse solar filmado da história

Há 100 anos, o Eclipse de Sobral ajudava Einstein a provar a teoria da relatividade. Mas, acredite, antes disso eclipses já haviam deixado marcas importantes para a ciência.

Em 1900, foi a primeira vez que um eclipse solar total foi registrado em filme por um cinegrafista amador – amador porque, na época, todos eram. A primeira filmagem de um eclipse surgiu justamente no nascimento do cinema – e, graças ao processo de restauração desse vídeo centenário, podemos assisti-lo como se tivesse sido registrado ontem.

O curioso é que quem eternizou o acontecido não foi um cientista, e, sim… um mágico. O britânico Nevil Maskelyne precisou de duas tentativas para ter sucesso no feito: em 1898, ele viajou para a Índia para fotografar um eclipse, mas, apesar do sucesso da operação, Maskelyne teve seus planos frustrados após o roubo de seu rolo de filme na viagem de volta para casa.

Sua segunda tentativa, em 28 de maio de 1900, aconteceu durante uma expedição da Associação Astronômica Britânica à Carolina do Norte, EUA. Até hoje, esse é o único filme de Maskelyne que sabe-se ter sobrevivido.

Agora, o fragmento do filme original foi cuidadosamente escaneado e restaurado em 4K por especialistas em conservação do British Film Institute (BFI). Eles remontaram o filme quadro a quadro. Confira o vídeo:

Esse filme faz parte da coleção da Royal Astronomical Society, que reconheceu já no século 19 a importância da astrofotografia – ou seja, a fotografia astronômica. Já em 1887, a sociedade nomeou um comitê fotográfico permanente, e atuou recebendo e distribuindo fotografias astronômicas para pesquisa e ensino das décadas de 1880 a 1970.

Mas engana-se quem acha que filmar isso, há quase 120 anos, foi um tarefa fácil. Maskelyne precisou fazer um telescópio adaptado especial para sua câmera conseguir capturar o evento.

E você pode estar se perguntando: se Maskelyne era um mágico, porque essa curiosidade repentina por eclipses? Bem, nada tão mágico quanto a própria natureza, já diria o poeta. Na era Vitoriana, época que Nevil viveu, o avanço na tecnologia e na “magia” se misturavam.

Naquela época, a paixão pelas inovações científicas coexistia com uma crença profundamente arraigada na paranormalidade, investigada por instituições como a Society for Psychical Research (que pretendia “examinar alegados fenômenos paranormais de maneira científica e imparcial.”).

O cinema era uma arte nova (o vídeo dos Lumiére, por exemplo, é de 1862), e ainda envolta em mistérios. Não por acaso muitos cineastas e showmen desse período trabalharam em teatros de mágica ou até mesmo eram ilusionistas antes de adentrarem no mundo do cinema.

“O cinema, como a magia, combina arte e ciência. Esta é uma história sobre magia; magia e arte e ciência e cinema e as linhas borradas entre eles. Os primeiros historiadores do cinema têm procurado este filme há muitos anos. […] Aproveitando a magia técnica do século XXI, esta atração do século XIX foi reanimada”, disse Bryony Dixon, curadora do cinema mudo da BFI, sobre o vídeo.


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