O câncer é um problema de saúde pública global e a segunda causa de morte no Brasil, um inimigo que precisa ser enfrentado com múltiplas ações e investimentos.
Uma dessas frentes são as pesquisas clínicas, por meio das quais conseguimos gerar conhecimentos e avanços na compreensão e no tratamento da doença.
Se pararmos para pensar, todos os recursos médicos que utilizamos hoje, a despeito da condição de saúde, como remédios, exames e vacinas, só estão disponíveis graças às pesquisas feitas no passado. Com o câncer não é diferente.
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Durante o Outubro Rosa, assistimos a inúmeras campanhas alertando as mulheres sobre a importância das mamografias após os 40 anos como forma de detecção precoce do câncer de mama, o que aumenta as chances de cura. Essa recomendação é fruto direto de estudos que hoje beneficiam toda a humanidade.
Porém, nem sempre é assim. Nós, latino-americanos, não podemos cruzar os braços e esperar que os países desenvolvidos encontrem, sem nossa participação, os melhores tratamentos, estratégias de prevenção e métodos diagnósticos para tumores.
Precisamos urgentemente conhecer as nossas características genéticas (resultado da miscigenação) e os nossos hábitos culturais e alimentares — que são diferentes do padrão europeu ou americano.
Por isso é crucial realizarmos nossas próprias pesquisas a fim de desenvolver políticas públicas e planos terapêuticos mais alinhados às necessidades da nossa população.
Também é urgente diminuir as barreiras que dificultam a realização de estudos promovidos pela indústria farmacêutica que buscam testar drogas inovadoras: só assim saberemos quão eficazes elas serão entre os brasileiros.
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Outro fator relevante para o desenvolvimento das pesquisas é a oportunidade de acesso. Apesar de o objetivo dos experimentos ser a geração de conhecimento e novos recursos, pacientes podem receber um tratamento e acompanhamento melhores ao participarem de um ensaio clínico — obviamente com todas as regras éticas exigidas para proteger os voluntários.
Isso é crítico no Brasil, onde vemos uma defasagem na incorporação de novos medicamentos, principalmente no sistema público.
Um exemplo: imagine um paciente do SUS ou com convênio diagnosticado com um tipo de tumor para o qual a droga mais eficiente ainda não está disponível nas farmácias ou hospitais em que é atendido.
Se essa pessoa for recrutada em uma pesquisa, poderá receber não só um medicamento de ponta mais adequado como outros cuidados que não teria na assistência tradicional.
Sabemos que a atenção multidisciplinar (com psicólogo, nutricionista etc.), nem sempre acessível no país, faz diferença na qualidade de vida do paciente e ao seu círculo familiar.
É nesse sentido que convido a todos a conhecerem iniciativas como o Instituto Projeto Cura, uma entidade sem fins lucrativos que tem por objetivo conscientizar o público sobre os benefícios das pesquisas clínicas e financiar estudos acadêmicos e independentes na luta contra o câncer.
Acredite: pesquisas salvam vidas!
*Fernanda Schwyter é psicóloga, fundadora e presidente do Instituto Projeto Cura
Pesquisa clínica: o motor da inovação e uma via de acesso contra o câncer Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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