Sim. O nome desse evento é superfecundação heteropaternal. Para conseguir, uma mulher “tem de liberar, em um mesmo ciclo, dois óvulos – e então, ter relações sexuais com dois homens diferentes dentro de até 24h”, explica Juliana Meola, professora da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto (FMRP).
Essa coincidência entre ovulação dupla e uma transa dupla desprotegida é rara: em setembro de 2022, um caso de gêmeos heteropaternais registrado em Goiás foi apenas o vigésimo da história da literatura médica mundial.
Um estudo analisou uma base de dados com 39 mil resultados de testes de paternidade e descobriu que apenas 2,4% deles envolviam episódios de superfecundação heteroparental gerando gêmeos dizigóticos. Considere que só uma parcela pequena da população faz esses testes e é fácil concluir que se trata um evento raríssimo.
É evidente, porém, que esse fenômeno é subnotificado. Só é possível comprová-lo com um teste de DNA – e ainda que uma mãe esteja achando seus gêmeos diferentes demais, a maior parte das pessoas sequer imagina que essa façanha reprodutiva seja possível.
Além disso, estudos como citado acima têm uma limitação demográfica, já que a prevalência de gêmeos heteropaternais pode mudar conforme a população. Mulheres de etnias diferentes terão genes ligeiramente diferentes (o que muda as chances de uma ovulação dupla) e estão mergulhadas em culturas diferentes (o que muda a frequência com que se faz sexo com parceiros distintos).
Assim, as conclusões de um país não podem ser generalizadas para outros. Estudos distintos já chegaram a números tão díspares quanto 1 em cada 400 pares de gêmeos vs. 1 em cada 13 mil pares de gêmeos. Em animais com ninhadas maiores, porém, a fecundação heteroparental é muito comum.
Uma mulher pode carregar dois bebês de pais diferentes ao mesmo tempo? Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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