O exame PCR, usado para a detecção do Sars-CoV-2, não é a coisa mais confortável do mundo. Nele, um grande cotonete estéril é enfiado nas narinas e garganta do paciente para retirar amostras de secreções, que são posteriormente analisadas para dar o diagnóstico da doença. Mas uma empresa holandesa chamada Breathomix tenta desenvolver uma alternativa: o SpiroNose, um “bafômetro” de Covid-19.
O aparelho não detecta o coronavírus em si. Segundo seus criadores, ele mede os níveis de “compostos orgânicos voláteis” (VOCs) presentes no ar que é expirado – que supostamente se alteram quando a pessoa está com Covid. O mecanismo biológico envolvido ainda não é bem compreendido, mas acredita-se que as células B (um tipo de célula imunológica) produzidas pelo organismo em resposta ao Sars-CoV-2 acabem levando à formação de determinados compostos – que o SpiroNose poderia detectar.
Ele não está sendo apresentado como opção ao PCR. A ideia é que sirva como uma primeira etapa de detecção, já que sua aplicação é mais simples. Basta tampar o nariz e respirar na máquina cinco vezes. Se o aparelho indicar alguma alteração, a pessoa é encaminhada para fazer um teste mais preciso, como o PCR. O processo completo dura entre dois e três minutos.
Em fevereiro deste ano foi publicado um preprint que apresentava a tecnologia e seu funcionamento. O estudo foi conduzido pela Leiden University Medical Center, na Holanda, em parceria com cientistas da Breathomix. Os pesquisadores analisaram a respiração de 904 participantes, dos quais 35 haviam recebido diagnóstico positivo para a Covid-19. A partir disso, construíram um algoritmo capaz de prever a infecção com base na respiração. Em um segundo momento, aplicaram o teste em outras 904 pessoas, e o SpiroNose acusou alterações em 33 delas, que depois tiveram a doença confirmada por testes PCR.
Com base neste artigo, a Inspetoria de Saúde e Assistência Juvenil dos Países Baixos deu autorização para que a tecnologia fosse comercializada dentro do Espaço Econômico Europeu. O próprio governo holandês comprou o aparelho, que em fevereiro passou a ser usado em pessoas com suspeita de Covid-19 que procuravam o Serviço de Saúde Pública de Amsterdã (GGD).
Mas o GGD parou de usar o SpiroNose. Isso porque 25 pacientes receberam resultados negativos pelo bafômetro mas, alguns dias depois, deram positivo para Covid em testes PCR. O governo holandês concluiu que esse erro não é necessariamente culpa do aparelho, pois as pessoas podem ter se infectado depois de soprar no “bafômetro”, mas mesmo assim não quis voltar a usá-lo.
Agora, ele será testado no festival de música Eurovision, que acontece em Roterdã entre os dias 18 e 22 de maio. Os organizadores pretendem aplicar o teste em 3.500 pessoas.
Empresa holandesa tenta desenvolver “bafômetro” para detectar Covid-19 Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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