Na última segunda-feira (17), em mais um capítulo da indústria do entretenimento, a AT&T, gigante das telecomunicações dos EUA, anunciou a fusão da WarnerMedia (adquirida em 2016) com o grupo Discovery, que controla diversos canais por assinatura pelo mundo.
Você já conhece esses dois. A WarnerMedia (que já foi chamada de Time Warner) é a empresa que reúne canais como Warner, TNT, Cartoon Network, HBO e CNN – além da DC Comics. Liga da Justiça, O Senhor dos Anéis, Game of Thrones, Harry Potter e Matrix são algumas de suas franquias.
Já o Discovery possui canais focados em ciência, comportamento, gastronomia e bem-estar. É o caso do Animal Planet, TLC, Food Network e toda a seara Discovery (Turbo, Home&Health, Kids e por aí vai). Além disso, vale lembrar que ambos os conglomerados possuem serviços de streaming recém-criados: o HBO Max, lançado em maio de 2020 nos EUA (e que chega ao Brasil em junho), e o Discovery Plus, que estreou em janeiro – sem previsão por aqui.
O acordo de fusão ainda demorará para se concretizar, mas já há alguns detalhes. A AT&T deterá 71% da nova empresa, ainda sem nome. O Discovery ficará com 29% da companhia. Mas, apesar de ser minoritário, vai fornecer o CEO da nova empresa: será David Zaslav, que atualmente exerce essa função no Discovery – e teve o contrato estendido até 2027.
O objetivo é criar um gigante do streaming para competir com Netflix e Disney+, que dominam esse mercado: elas têm, respectivamente, 207 milhões e 100 milhões de usuários pagantes. O Amazon Prime Video, com 175 milhões de usuários, também está no topo da tabela. Mas esse número se deve, em parte, à inclusão gratuita do serviço de streaming no Amazon Prime, uma assinatura mensal que dá direito a frete grátis em compras na Amazon.
Segundo o The Verge, a fusão dará origem à segunda maior empresa de mídia do mundo em faturamento (US$ 132 bilhões), atrás apenas da Disney. Aos investidores, Zaslav disse que a Warner e o Discovery investem, somados, US$ 20 bilhões em conteúdo anualmente. Em comparação, a Netflix afirmou investir US$ 17 bilhões em suas produções deste ano.
Prejuízos
Warner e AT&T decidiram se unir em 2016, quando a empresa de telecomunicações anunciou a compra do conglomerado de mídia por US$ 85,4 bilhões. Mas o acordo só foi concretizado em 2018: o Departamento de Justiça dos EUA temia que a AT&T, que também fornece serviços de TV a cabo, acabasse favorecendo de alguma forma os canais da Warner.
Há uma forte tendência, nos EUA, de fusão entre empresas de mídia e de telecomunicações. Mas nem sempre esses negócios são bem sucedidos. Em fevereiro desde ano, a AT&T vendeu a DirecTV (que opera no mercado de TV por assinatura e oferece o serviço de streaming DirecTV Go) por US$ 16,2 bilhões. O problema é que, em 2015, ela havia pago US$ 48,5 bilhões para comprar a empresa.
Outro mau negócio: em 2015, a empresa de telecomunicação Verizon comprou o portal AOL por US$ 4,4 bilhões; dois anos depois, adquiriu o Yahoo! por US$ 4,5 bilhões. No começo de maio, entretanto, vendeu ambos, juntos, por US$ 5 bilhões.
E os serviços de streaming?
Por ora, ainda não se sabe o que acontecerá com o HBO Max e o Discovery Plus, que, juntos, oferecem cerca de 200 mil horas de conteúdo. Duas hipóteses surgiram logo após o anúncio da fusão. A primeira é o surgimento de uma plataforma unificada, com o conteúdo de ambas as empresas. Já a segunda opção seria manter serviços separados, com combos de assinaturas para atrair mais usuários.
A Disney também está se mexendo. Em 31 de agosto, a empresa lançará no Brasil o serviço de streaming Star+, que trará os conteúdos adquiridos com a compra da Fox, feita em 2017. Já a HBO irá estrear seu novo streaming, o HBO Max, em junho (substituindo o atual HBO Go). No dia 26 de maio, às 11h, a plataforma fará um anúncio à imprensa com os detalhes do novo serviço – há chances de que a fusão seja um dos assuntos debatidos.
Se você assina serviços da Warner ou do Discovery, ainda é cedo para se preocupar com novas faturas e assinaturas. Até porque o acordo da fusão só deve ser finalizado em meados de 2022 – é preciso, antes, passar pelo aval de agências regulatórias.
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