quinta-feira, 20 de maio de 2021

Megaincêndios no Pantanal estão relacionados à Amazônia

Entre 2019 e 2020, o Pantanal enfrentou a pior seca dos últimos 50 anos, o que levou a incêndios gigantescos. Agora, um estudo (1) descobriu o motivo: foi um bloqueio meteorológico (uma enorme massa de ar de alta pressão), que impediu a passagem de ventos da Amazônia. É um fenômeno similar ao que aconteceu em São Paulo entre 2014 e 2016, quando choveu muito pouco e os reservatórios de água caíram a níveis críticos. A Super conversou com José Marengo, climatologista do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e coordenador da pesquisa.

Como o ar da Amazônia influencia o Pantanal? Não só do Pantanal, mas de boa parte da América do Sul. Os ventos alísios, que convergem na Linha do Equador, entram na Amazônia carregados com umidade do Atlântico. Chove na floresta e, com a evaporação, os ventos são recarregados com água e seguem na direção oeste. Ao chegarem na Cordilheira dos Andes, eles fazem uma curva rumo ao centro e ao sul do continente. São como “rios voadores”, influenciando no regime de chuvas dessas regiões.

As secas recentes têm alguma conexão com as queimadas na Amazônia? Não. Os efeitos do desmatamento são sentidos a longo prazo, e não interferem em situações como o bloqueio meteorológico no Pantanal. Mas não podemos descartar a possibilidade de que, no futuro, se a vegetação continuar a diminuir, os ventos que sopram da floresta fiquem menos úmidos, alterando os regimes de chuva e agravando secas.

Secas como a do Pantanal e a de São Paulo podem se repetir no futuro? Sim. O bloqueio de alta pressão não pode ser evitado. Mas seus impactos podem ser minimizados. O monitoramento meteorológico já funciona 24 horas por dia, mas é preciso que o governo tenha um plano de ação caso o problema surja.

(1) Extreme Drought in the Brazilian Pantanal in 2019–2020: Characterization, Causes, and Impacts. J Marengo e outros, 2021.

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