Perde. Dentro da bateria, há um polo negativo, chamado de ânodo, e outro positivo, o cátodo. O ânodo é feito de lítio, um metal que adora soltar elétrons. Essas partículas correm do lítio em direção ao polo oposto, o cobalto, que tem a personalidade oposta: curte receber elétrons. A migração de elétrons de um polo para o outro é a corrente elétrica que faz o celular funcionar.
A bateria acaba quando o polo de cobalto lota e o de lítio esvazia. (Carregar o celular é fornecer energia da tomada para que os elétrons façam o processo contrário: saiam do cobalto e voltem para o lítio.) Quando você mantém o celular desligado e carregado, o lítio lentamente perde seus elétrons, mesmo que não tenha estímulo para isso – em algumas semanas ou meses, a bateria estará vazia.
Quanto mais quente o aparelho (ou o ambiente) estiver, mais rápido será esse processo. Vale ressaltar também que certas funções precisam constantemente de energia (mesmo com o aparelho desligado), como algumas partes da memória e, claro, o relógio.
As baterias de íons de lítio começaram a ser desenvolvidas nos anos 1970 e, em 1991, passaram a ser comercializadas. Por serem mais leves e mais potentes que as baterias existentes até então, foram fundamentais para a evolução dos aparelhos modernos. Não à toa, os cientistas que ajudaram a criá-la ganharam o Nobel de Química em 2019.
Como preservar a bateria do celular?
A vida útil de uma bateria é medida de acordo com o número de ciclos de carga, ou seja, de 0% a 100%. Contudo, não é indicado que você espere a bateria zerar para carregá-la: quanto mais lítio acumulado do lado do cobalto, maiores são as chances do processo químico não se reverter. Com o tempo, haverá menos lítio disponível do lado negativo, o que diminui a performance da bateria.
O ideal, então, é carregar o celular mais vezes, e por curtos períodos. A bateria está lá pelos 30%, 40%? Bote na tomada. Não espere chegar nos 100% nem esqueça o aparelho plugado: a exposição frequente a uma alta voltagem pode prejudicá-lo no longo prazo.
Outro mito é o de que usar o celular enquanto ele carrega prejudica a bateria. Não há nenhum problema nisso – ele só demorará mais para carregar.
Além disso, vale manter o aparelho em ambientes frescos para evitar o superaquecimento. Caso ele esteja esquentando, tire-o da capinha. Por fim, não use carregadores fora do padrão ou sem certificado: eles são os maiores inimigos das baterias.
Pergunta de @lucas._.x, via Instagram
Fontes: Leonardo Willer de Oliveira, membro sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).
Um celular 100% carregado mantido desligado perde a carga com o tempo? Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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