sábado, 30 de setembro de 2023

Prescrições do editor: imersões literárias na saúde mental feminina

Nas indicações do mês, autoras da Espanha, dos Estados Unidos e do Equador trazem histórias que têm, como pano de fundo, o sofrimento mental.

As Herdeiras

Autora: Aixa de la Cruz
Tradução: Marina Waquil
Editora: DBA
Páginas: 308

Quatro netas têm de lidar com seus fantasmas existenciais ao arrumar a casa da avó recém-falecida numa aldeia espanhola. Um panteão das angústias da mulher contemporânea.

Apanhadora de Pássaros

Autora: Gayl Jones
Tradução: Nina Rizzi
Editora: Instante
Páginas: 224

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A amizade entre uma escritora e uma escultora que vira e mexe é internada por crises psiquiátricas permeia um romance marcado pela complexidade das relações humanas.

Apanhadora de Pássaros

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Mandíbula

Autora: Mónica Ojeda
Tradução: Silvia Massimini Felix
Editora: Autêntica
Páginas: 304

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Adolescentes da elite equatoriana estão no centro deste livro em que o bullying, o sofrimento e o terror psíquico protagonizam cumplicidades e conflitos.

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Prescrições do editor: imersões literárias na saúde mental feminina Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

9 bons podcasts para você ouvir, segundo Chico Felitti

Estreou nesta semana “A Coach”, o novo podcast do jornalista Chico Felitti, autor de “A Mulher da Casa Abandonada”, “O Ateliê” e “Além do Meme”. O programa faz um mergulho na vida da influenciadora digital Kat Torres, que foi presa preventivamente em novembro de 2022 sob suspeita de tráfico humano.

Torres, também conhecida como “Kat A Luz”, tem 35 anos e começou sua carreira no início dos anos 2010, como modelo. Ganhou fama da noite para o dia em 2013, graças a um suposto envolvimento amoroso com o ator Leonardo Di Caprio. Nas redes sociais, virou “guru espiritual”, e cobrava a partir R$ 700 para sessões de coaching.

No final de 2022, Kat foi presa nos Estados Unidos (onde morava) por estar ilegal no país. De volta ao Brasil, ela foi presa preventivamente e aguarda julgamento. Um boletim de ocorrência descreve o suposto caso de tráfico de humano feito por uma jovem seguidora que viveu com ela nos EUA. Além disso, há outras dez denúncias contra a influenciadora.

Produzido pela Wondery, o estúdio de podcasts da Amazon, “A Coach” tem nove episódios, que serão publicados semanalmente (primeiro no Amazon Music, e depois nas demais plataformas de áudio). O programa analisa o caso judicial de Kat e vai além, mostrando todas as profissões e histórias inusitadas que Kat se envolveu. Ouça o primeiro capítulo aqui.

Na última segunda (25), batemos um papo com Chico, que elaborou uma lista de podcasts gringos e nacionais que ele é fã e ouve com frequência. Confira:

Scam Goddess (inglês)

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<span class="hidden">–</span>Divulgação/Montagem sobre reprodução
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Toda semana, a apresentadora Laci Mosley, a “deusa da fraude” (o nome do podcasts) apresenta as melhores histórias de golpes e falcatruas. Com pegada humorística, os casos são tão inusitados que te farão torcer pelos trambiqueiros. Nas palavras do próprio podcast: “É como true crime, mas sem todas aquelas mortes. Um true crime divertido”.

Vamos combinar: não faltariam casos para uma versão brasileira do programa.

Alexandre

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<span class="hidden">–</span>Divulgação/Montagem sobre reprodução

Em seis episódios, Thais Bilenky, repórter da revista piauí, traça o perfil de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal. O foco é o seu papel como presidente do Tribunal Superior Eleitoral durante das eleições de 2022 – e como isso o consolidou como peça-chave da política nacional.

Collor versus Collor

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<span class="hidden">–</span>Divulgação/Montagem sobre reprodução

Uma briga de família que derrubou um presidente. Parece sinopse de série da HBO, mas é a história deste podcast, que em oito episódios conta como as denúncias de Pedro Collor de Mello foram decisivas para impeachment de seu irmão, Fernando Collor.

Collor versus Collor é um original Globoplay, tem produção da Rádio Novelo e traz áudios inéditos colhidos pela jornalista Dora Kramer, que colaborou com a apuração do livro Passando a Limpo: a História de um Farsante, escrito por Pedro e lançado em 1993.

Death of an Artist (inglês)

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<span class="hidden">–</span>Divulgação/Montagem sobre reprodução

Ana Mendieta foi uma artista cubana que morreu em 1985, aos 35 anos de idade. Ela caiu da janela do seu apartamento, que ficava no 34º andar de um prédio em Nova York.

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Sua morte foi cercada de mistério – em especial, sobre qual teria sido o envolvimento do famoso escultor Carl Andre, com quem Ana havia se casado recentemente. O processo durou três anos – e absolveu Andre. Quase quatro décadas depois, este podcast resolve tirar a poeira do caso. “Não é uma investigação convencional, mas sim uma feita por um grupo de jovens artistas. É muito bonito”, diz Chico.

Teacher`s Pet (inglês)

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<span class="hidden">–</span>Divulgação/Montagem sobre reprodução

Um hit na Austrália, onde foi produzido, este podcast de 2018 investiga do caso da enfermeira Lynette Dawson, que desapareceu em 1982, sem deixar vestígios. O programa analisa o seu casamento com Chris Dawson, professor e jogador profissional de rugby. No caminho, aborda também casos acobertados de abuso sexual em escolas australianas. The Teacher`s Pet foi decisivo para a resolução do caso de Lynette.

Suave (inglês e espanhol)

poster do podcast Suave
<span class="hidden">–</span>Divulgação/Montagem sobre reprodução
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“Suave” é o apelido de David Luis “Suave” Gonzalez, que aos 17 anos foi condenado a prisão perpétua nos EUA, sem possibilidade de condicional. “Ele com certeza serviu de laranja para livrar algum membro mais velho da gangue”, disse Chico.

Na cadeia, Suave se formou em educação e em marketing e desenvolveu uma amizade com a jornalista Maria Hinojosa. Em 2017, uma decisão da Suprema Corte sobre prisões perpétuas para menores de idade fez com que ele finalmente saísse da cadeia. Em 2022, Suave e Hinojosa decidiram contar essa história em um podcast. É um retrato sobre o sistema criminal americano e como jovens – especialmente não-brancos – acabam esquecidos por ele.

Suave ganhou o Pulitzer, principal prêmio de jornalismo dos EUA, na categoria de reportagem em áudio. Ele é apresentado ora em inglês, ora em espanhol, e não está preocupado em adaptar o conteúdo para quem não é familiarizado com a língua latina. “Os gringos que lutem”, brincou Felitti.

É nóia minha?

poster do podcast é nóia minha
<span class="hidden">–</span>Divulgação/Montagem sobre reprodução

“Não tem um episódio que eu não tenha ouvido”, disse Chico sobre o programa apresentado por Camila Fremder, que recebe convidados para trocar uma ideia sobre todas as nóias que transitam pela nossa cabeça, de relacionamentos ao uso de redes sociais. Tem episódios de uma hora e outros mais curtinhos, com casos enviados pelos ouvintes.

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Mano a Mano

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<span class="hidden">–</span>Divulgação/Montagem sobre reprodução

Programa de entrevistas comandado pelo rapper Mano Brown. Já tem três temporadas, com episódios com convidados únicos (Marina Silva, Glória Maria, Wagner Moura…) quanto temáticos (saúde, cannabis, jogadores do Santos…), que reúnem mais de um entrevistado. Sugestão: comece pelo papo com Drauzio Varella, imperdível.

Marta | A cidade em suas mãos

poster do podcast Marta, a cidade em suas mãos
<span class="hidden">–</span>Divulgação/Montagem sobre reprodução

Um dos memes favoritos aqui na redação da Super é o da “Marta Golpista de Uberlândia”. Em 2019, o longo histórico de golpes de Marta Maria Mendes de Paula veio à tona na internet. No Facebook, um grupo com 21 mil pessoas se dedicou a acompanhar a estelionatária pela cidade mineira, reunindo relatos de trambiques em lojas, supermercados e até no transporte público. Um vídeo em que Marta é confrontada viralizou – e ganhou até uma paródia animada. Este podcast, feito pelo jornalista Juan Madeira como trabalho de conclusão da faculdade, conta toda essa história.

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Artroplastia de quadril: entenda a cirurgia do presidente Lula

Depois de mais de um ano convivendo com dores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se submeteu nesta sexta-feira (29) a uma artroplastia total de quadril. A cirurgia foi realizada em Brasília para tratar uma artrose que acomete a região.

Segundo os médicos envolvidos, a cirurgia correu bem e Lula deve viver uma vida sem restrições depois da recuperação.

O procedimento é considerado uma solução definitiva para o problema, mas ainda é subutilizado no Brasil. Para se ter ideia, nos Estados Unidos, são cerca de 450 mil operações por ano. No Brasil, menos de 12 mil, apontam estimativas.

Antes de submeter a ele, Lula tentou sem sucesso aliviar o incômodo com outras medidas, como a infiltração de medicamentos. Em live realizada em julho, afirmou sentir dor o dia inteiro. “Às vezes, fica visível no meu rosto que estou irritado”, relatou.

A artrose do quadril é um desgaste da articulação comum ao envelhecimento, que também pode acontecer por questões genéticas e traumas.

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Com a perda progressiva desta espécie de revestimento nas conexões entre os ossos, surge a dor, que pode impedir a realização de movimentos simples, como sentar e andar. A cirurgia é indicada quando o desgaste avança e outros métodos mais conservadores deixam de funcionar.

Leia também: Coma fibras para aplacar a artrose

O que é a artroplastia

Trata-se da substituição de todas as partes que formam a articulação, incluindo a cabeça do fêmur.

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A cirurgia é considerada de alta complexidade, mas evoluiu muito nas últimas décadas, como explicou à VEJA Giancarlo Polesello, ortopedista do Sírio Libanês em Brasília.

“Na década de 1970, o paciente ficava de seis a oito semanas no hospital. Agora, o paciente vai embora menos de uma semana após a cirurgia”, diz.

+ Leia também: Como é feita a cirurgia de prótese do quadril?

O processo todo leva cerca de três horas. O médico realiza um corte na lateral ou na frente da parte mais alta da perna, retira a parte superior do osso e desgasta o ponto de conexão com a bacia.

Depois, insere as novas peças: uma nova cabeça do fêmur instalada com uma espécie de furadeira, e uma taça acetabular na bacia, que lembra um cálice e fará às vezes de articulação.

Com tudo encaixado, o médico faz uma sutura, que deixa uma cicatriz de 10 a 15 cm de comprimento.

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Comboio presidencial chega ao Hospital Sírio-Libanês onde Lula faz cirurgiaFoto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Divulgação

Como será a recuperação

O interessante da artroplastia é que, em geral, a pessoa já começa a colocar o pé no chão no dia da cirurgia.

As primeiras semanas são de fisioterapia leve e caminhadas com apoio de bengala, andador ou muleta (o médico define). Poucos meses depois, o indivíduo já consegue retornar às atividades físicas.

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Lula deverá ficar internado até o início da próxima semana. Depois disso, trabalhará do Palácio da Alvorada enquanto se recupera.

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Autismo: “Vejo mais diagnósticos equivocados do que nunca”

Vacinas e outras causas da epidemia de autismo”, “todo autista é superdotado”, “quem tem autismo não deve estudar em escolas normais”, “a cura para o autismo”…

Frases como essas vira e mexe são reproduzidas na internet e, em comum, perpetuam falácias ou inconsistências sobre essa condição do neurodesenvolvimento.

E, por mais que hoje o transtorno seja visto dentro de um espectro de acordo com a funcionalidade do indivíduo, é preciso se desvencilhar dos mitos e dos rótulos. Eis o que defende um dos maiores nomes no estudo do tema, o americano Barry Prizant.

Em seu livro recém-publicado, Humano à Sua Maneira (Edipro), o professor desconstrói noções equivocadas e apresenta um programa para nortear o suporte a pessoas com autismo e seus familiares. Uma abordagem baseada em pesquisa… e respeito.

Confira uma entrevista exclusiva com Prizant.

VEJA SAÚDE: Estamos vendo um aumento no diagnóstico de autismo, inclusive entre adultos? A que atribui esse fenômeno?

Barry Prizant: Essa é uma questão complexa.

O que ainda permanece sem resposta é se há um verdadeiro aumento na incidência de autismo ou se apenas estamos reconhecendo melhor a condição mais cedo ou em pessoas mais velhas que não foram diagnosticadas antes.

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Estamos, de fato, atendendo mais adultos autodiagnosticados e percebendo que o autismo em mulheres muitas vezes não é identificado.

Mas também vejo mais diagnósticos equivocados do que nunca, quando crianças com outras condições de neurodesenvolvimento, como dificuldades de linguagem e aprendizado, distúrbios de processamento sensorial e TDAH, recebem um diagnóstico de autismo mesmo sem ter todos os critérios para o quadro.

O que torna tudo mais complicado é que muitas dessas condições também podem ocorrer simultaneamente ao autismo.

+ Leia também: A redescoberta do autismo

E existem fatores genéticos envolvidos, certo?

Estamos vendo que, com frequência, há um forte componente genético. Portanto, quando uma pessoa da família recebe o diagnóstico, olhamos com mais cuidado para os outros membros, incluindo irmãos e pais.

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Sabemos que, dentro do espectro do autismo, há diversos graus de funcionalidade e comprometimento. Acha que faria sentido rever a classificação de um espectro tão amplo?

Durante décadas, os pesquisadores tentaram desenvolver subcategorias para o transtorno do espectro do autismo, com pouco sucesso em conduzir a abordagens educacionais e terapêuticas específicas.

A questão que permanece é se diferentes subcategorias levam a abordagens mais individualizadas. Em alguns casos, isso é óbvio, como entre aqueles indivíduos não falantes que precisam de sistemas de comunicação alternativos para se expressar.

Mas, até o momento, minha opinião é que as diferenças nos diagnósticos não levam necessariamente a estratégias específicas e apropriadas.

Na verdade, não há como ignorar que existem padrões de desenvolvimento únicos, com suas fortalezas e desafios, e a influência do estilo de vida da família e de outros fatores capazes de impactar a qualidade de vida daquele indivíduo.

Não podemos determinar algumas dessas prioridades educacionais e terapêuticas apenas a partir de uma categoria diagnóstica.

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Em nosso programa educacional, a prioridade e os objetivos com os quais trabalhamos não são baseados em um rótulo ou subcategoria de diagnóstico, mas em uma análise cuidadosa dos pontos fortes e das necessidades de cada pessoa, em colaboração com a sua família.

E também é por isso que nos referimos aos indivíduos autistas como humanos à sua maneira, pois cada pessoa é tão diferente da outra mesmo compartilhando o diagnóstico de autismo.

Notamos um maior entendimento sobre o autismo em nossa sociedade. Mas o que precisa melhorar com urgência?

Embora a conscientização sobre o tema tenha aumentado significativamente e ouçamos coisas mais positivas sobre o potencial e as realizações das pessoas autistas, as famílias relatam que o maior estresse que experimentam vem das reações dos outros diante de seus filhos ou membros da família em público, assim como das oportunidades limitadas nas escolas e nos empregos.

Precisamos fazer um trabalho melhor no apoio a essas pessoas, aprendendo seus pontos fortes e, em seguida, educando o público sobre como uma pessoa autista pode contribuir de várias maneiras em ambientes educacionais e de trabalho e na sociedade em geral.

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É comum ver na internet promessas de cura do autismo. O que diria sobre elas?

É amplamente aceito que não há “cura” para o autismo.

Isso não quer dizer que não haja um tremendo potencial para ajudar uma criança ou um adulto com autismo a ter uma vida com qualidade.

Muitos autistas dizem que sua condição é parte essencial deles, incluindo seus pontos fortes e desafios, e não gostariam de ser curados. Muitos pais dizem o mesmo quando refletem sobre como sua vida ficou melhor de várias maneiras por ter um membro da família que é autista.

+ Leia também: Mercadores da cura

Sim, se uma pessoa tem desafios significativos devido ao autismo ou, como ocorre frequentemente, a condições de saúde física e mental concomitantes, precisamos fornecer tratamentos para reduzir qualquer sofrimento.

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Agora, aqueles que comunicam por aí que podem “curar” o autismo precisam parar com essa falsa propaganda.

E, se são profissionais de saúde que estão falando, beira a negligência, haja vista o corpo de pesquisas publicadas a respeito. Simples e diretamente, isso precisa parar.

Barry M. Prizant é especialista em transtornos do neurodesenvolvimento, pesquisador e consultor de programas voltados ao autismo com mais de 50 anos de carreira

Autismo: Humano à sua maneira

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Dia Mundial do Coração: sinais de doença cardiovascular exigem atenção

As doenças cardiovasculares se tornaram um grande problema de saúde pública em todo o mundo. Aqui no Brasil, são a principal causa de morte, representando 1.100 dos óbitos diários, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Diante desse cenário preocupante, o Dia Mundial do Coração (29/9) alerta as pessoas sobre a importância de prevenir as patologias, auxilia a identificar manifestações das principais enfermidades e orienta sobre os benefícios da adesão ao tratamento correto.

Hoje, o fator de risco mais predominante para as doenças cardíacas no país é a hipertensão arterial, com mais de 36 milhões de pessoas diagnosticadas.

Ainda que o número seja impactante, a situação na prática é ainda pior. Isso porque a enfermidade não costuma apresentar sinais no início e, silenciosamente, vai causando diversos danos ao organismo. Para controlar os estragos é fundamental seguir as orientações médicas.

No entanto, de acordo com um artigo publicado pela Revista Brasileira de Hipertensão, 70% dos pacientes não aderem ao tratamento. O resultado é o desenvolvimento de outras doenças que afetam, principalmente, os rins, o cérebro e o coração.

Vamos, a seguir, apresentar algumas delas.

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+ Leia também: Infarto e AVC: mais de 90% das pessoas em alto risco não se tratam direito

Arritmias cardíacas

Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), atualmente, mais de 20 milhões de brasileiros já descobriram o descompasso das batidas do coração.

Por ser uma enfermidade geralmente relacionada ao envelhecimento, é preciso investir em cuidados preventivos, como incluir o acompanhamento cardiológico na rotina de cuidados.

Muitos pacientes não têm manifestações físicas e a descoberta da arritmia acaba sendo acidental, tendo a morte súbita como a primeira e única manifestação.

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Quando os sintomas aparecem, costumam ser:

  • Palpitações, percebidas na região do tórax ou na base do pescoço
  • As arritmias também podem ser sentidas como “falhas” ou “pulos” no batimento cardíaco
  • Tontura, sudorese e sensação de desmaio

Doença arterial coronariana

Além da hipertensão arterial sem o controle adequado, diabetes, tabagismo, dislipidemia (colesterol e/ou triglicérides alterados), sedentarismo e estresse emocional aumentam as chances de desenvolvimento da doença arterial coronariana, que compreende os quadros de angina ou isquemia cardíaca e de infarto do miocárdio.

De acordo com um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), com base nos dados do Ministério da Saúde, os casos de infartos registrados por mês mais que dobraram nos últimos 15 anos. A média mensal de internações decorrentes subiu quase 160%. Entre jovens de até 30 anos, o crescimento foi de 10%.

+ Leia também: Infartos em jovens aumentam há décadas, e não por causa de vacinas

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A situação acende um alerta ainda maior porque apenas 2% dos brasileiros sabem reconhecer os sintomas de um infarto. Quando se trata das mulheres, o caso é ainda pior.

Muitas falecem sem um diagnóstico prévio, isso porque, a cada 100 mulheres que infartam entre 25 e 40 anos, 42 não apresentam dor no peito. Sem o sintoma clássico, há um entendimento equivocado do caso, que chega a ser interpretado até mesmo como um distúrbio psicológico.

Portanto, vale listar os sintomas do infarto:

  • Dor no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo, pescoço, mandíbula, estômago e costas
  • Náusea
  • Desmaio
  • Cansaço inexplicável
  • Arritmia
  • Falta de ar

Estenose aórtica

A estenose aórtica é uma doença típica do envelhecimento, assim como outras doenças cardíacas. Trata-se do estreitamento de uma das válvulas da aorta, artéria importante ligada ao coração. Neste cenário, a passagem de sangue para o resto do corpo não ocorre como deveria.

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A medicina tem avançado a passos largos para beneficiar pacientes de todas as idades com estenose.
Hoje, já é possível realizar cirurgias cardíacas de forma não-invasiva, como o implante por cateter de prótese aórtica (do inglês TAVI, Transcatheter Aortic Valve Implantation), que permite a troca da válvula afetada pela estenose sem a necessidade de anestesia geral, abertura do tórax e circulação extracorpórea.
Nem sempre a estenose apresenta sintomas. Quando aparecem, podem ser:
  • Sensação de fraqueza que impede a realização de atividades físicas
  • Tontura
  • Falta de ar
  • Pressão no peito

Insuficiência cardíaca

Geralmente, quando não tratadas de modo adequado, todas essas doenças podem culminar em uma insuficiência cardíaca, que é quando o coração perde a capacidade de bombear o sangue corretamente.

Embora o índice de cura seja muito pequeno, na maioria dos casos a pessoa convive bem com a doença. No entanto, em casos extremos, pode ser necessário realizar o transplante do coração.

A insuficiência cardíaca pode ser silenciosa. Mas há sintomas desta doença do coração:

  • Cansaço crônico
  • Falta de ar
  • Déficit cognitivo
  • Inchaço nas pernas
  • Inchaço no abdômen

Prevenir é melhor que remediar

A receita para prevenir ou atrasar esses danos ao coração já é conhecida: ingerir frutas e legumes, fazer pouco uso de álcool, não fumar, praticar, pelo menos, 150 minutos de atividade física por semana e realizar acompanhamento médico e exames periódicos são a chave para uma boa longevidade.

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Assim, caso alguma alteração seja detectada, será possível intervir ainda no início e, dependendo do caso, reverter a situação, seja com dieta, medicação ou cirurgia.

* César Jardim, cardiologista e diretor clínico do Hcor

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quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Exame que recria tumor em 3D para testar tratamentos já chegou ao Brasil

Já está disponível no Brasil um novo teste que promete melhorar as indicações de quimioterapia em situações específicas do tratamento do câncer.

O exame, chamado de Onco-PDO, cria uma versão em miniatura do tumor em laboratório, a partir de células extraídas do próprio indivíduo.

Com essa réplica, chamada de organoide, em mãos, os profissionais testam diferentes quimioterápicos para ver qual deles atuará melhor contra aquele câncer específico. A partir daí, definem o esquema terapêutico.

Em estudos já publicados, o método e outros similares demonstraram uma capacidade preditiva superior a 80% para a resposta à quimioterapia em tumores gastrointestinais e colorretais metastáticos (aqueles que se disseminaram para outros tecidos).

“De maneira geral, os tratamentos de primeira linha [iniciais] são muito bem definidos, o oncologista sabe qual quimioterapia irá funcionar. Porém, se eles não têm o efeito esperado, nem sempre está estabelecida qual é a melhor abordagem”, explica o oncologista Alexandre Jácome, da Oncoclínicas, em Belo Horizonte (MG).

É nesse contexto que o teste entraria, para ajudar a solucionar casos mais complicados.

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No país, ele é oferecido pela empresa Invitrocue, que adquiriu a tecnologia em Singapura. Tudo é feito em território nacional, com exceção do laudo, enviado para uma empresa na Alemanha.

Hoje, o procedimento custa cerca de R$ 25 mil, não é coberto por planos de saúde, e o resultado sai em cerca de 21 dias.

O que são os organoides

Os organoides são uma tecnologia recém-desenvolvida, que basicamente recria em laboratório estruturas do corpo para avaliar seu funcionamento.

Diferentemente de uma cultura de células, onde elas ficam agrupadas em uma placa de vidro, aqui elas se auto-organizam em seu formato “original”, digamos assim. Para isso, podem ser usadas diversas técnicas, como a bioimpressão e a preparação de um ambiente especial.

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No caso do câncer, o modelo 3D é construído a partir de células retiradas de biópsias ou cirurgias. E é preciso que a célula esteja “fresca”, ou seja, não tenha sido congelada, como costuma ocorrer com as amostras para estudos moleculares e genéticos.

+ Leia também: “Estamos criando cientistas astronautas”, diz brasileiro que vai estudar minicérebros no espaço

Ainda apenas começando a mostrar resultados, os organoides são considerados uma revolução no âmbito científico. “É o mais próximo que temos até agora do in vivo [o tecido, órgão ou célula funcionando no próprio ser humano]”, explica Felipe Almeida, CEO da Invitrocue.

Eles estão sendo usados, por exemplo, para criar minicérebros que estudam autismo, Alzheimer e outras condições neurológicas. Na oncologia, são testados há alguns anos, sendo que as principais pesquisas com pacientes saíram entre 2021 e 2022.

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Uso dos organoides na prática

Hoje não há uma indicação formal para o teste, mas ele pode ser solicitado para avaliar tumores sólidos (mama, próstata, cólon, etc.) que não responderam ao tratamento inicialmente proposto, e sempre quando o plano é usar quimioterapia.

“É uma ferramenta muito promissora, mas ainda não há estudos dizendo quais pacientes que recebem o tratamento pré-testado no organoide se saem melhor do que os outros”, comenta Dirce Carraro, pesquisadora principal do grupo de Genômica e Biologia Molecular do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.

A especialista comenta ainda outras limitações. “Essas abordagens ainda são muito caras e a certeza da resposta não é 100%, porque outros fatores influenciam a sensibilidade do tumor no organismo”.

Para Dirce, o teste pode ser usado como apoio em casos específicos. “Para dar mais segurança ao médico na hora da decisão sobre a terapia”, emenda.

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+ Leia também: Novas fronteiras no cerco ao câncer

O que as pesquisas atuais mostram é uma alta capacidade de predizer a que tratamentos aquele tumor reagirá, mas sem avaliar o desfecho em longo prazo.

“Temos trabalhos publicados em periódicos muito respeitados com relatos de caso e estudos demonstrando que o comportamento do organoide é muito semelhante à resposta in vivo”, comenta Jácome.

É provável que eles logo se tornem mais utilizados na prática. O A.C. Camargo fomenta uma startup de organoides em sua incubadora. E mais empresas estão para chegar ao Brasil.

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Qual é a verdade por trás dos mitos do McDonald’s?

Dia 28 de setembro é o Dia Internacional do Acesso Universal à Transparência, data escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a criação de sociedades mais inclusivas e transparentes. Como a transparência é um pilar fundamental de confiança entre o McDonald’s e os clientes, a rede convida diariamente todos os clientes a conhecerem suas cozinhas no Programa Portas Abertas. 

Desde seu lançamento, em 2014, mais de 15 milhões de pessoas já participaram da experiência na América Latina e no Caribe, sendo 10 milhões apenas no Brasil. É uma forma de a Arcos Dorados, master franqueadora do McDonald’s em 20 países da região, reforçar seu compromisso com a transparência e com o consumidor, que tem a oportunidade de conhecer uma das cozinhas mais famosas do mundo e todos os protocolos de higiene, segurança do alimento e procedência que envolvem o preparo dos sanduíches, batatinhas e sobremesas que o cliente adora. 

A visita guiada é realizada pelo gerente da unidade e dura cerca de 20 minutos. Durante o tour, os clientes podem conhecer a origem de cada item e aprender sobre o armazenamento dos ingredientes, acompanhar a preparação dos pedidos e muitos outros processos que, embora não sejam visíveis, fazem parte do sólido compromisso da rede com a alta qualidade. 

Os clientes também têm a oportunidade de interagir com os funcionários que, em sua grande maioria, são jovens e estão em sua primeira experiência de emprego. Afinal, o McDonald’s é reconhecido como um dos maiores geradores de primeiro emprego formal da América Latina e Caribe, com uma equipe que reflete a diversidade da sociedade brasileira oferecendo um ambiente seguro, inclusivo e respeitoso a todas as pessoas.

O Programa Portas Abertas acontece o ano inteiro, mas na última semana de setembro tem um gostinho especial. Confira 7 dos mitos mais famosos da marca, desvendados:   

1. Os produtos são de origem duvidosa, como se diz por aí?

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Não. Todos os ingredientes utilizados no Méqui são de alta qualidade, vindos de fornecedores certificados e auditados. O cuidado vai do campo até a bandeja. 

A marca prioriza a origem de seus ingredientes e trabalha para sempre oferecer os melhores produtos. Para isso, a rede acompanha de perto cada um de seus parceiros para garantir que as melhores práticas agrícolas, sociais e de bem-estar animal sejam aplicadas na produção.  

Além disso, de setembro de 2022 a setembro de 2023, mais de 38 mil pessoas que participaram do programa responderam a uma pesquisa online e, 97% delas, classificaram a qualidade dos produtos do McDonald’s como muito boa ou excelente após conhecerem os processos.

2. Tá, mas então do que é feito o hambúrguer? Ouvi falar que não é carne vermelha.

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Os hambúrgueres do Méqui são feitos de carne bovina e ponto. O preparo é feito no momento do pedido do cliente, em uma chapa de alta temperatura e especialmente programada, sem adição de óleo, e os únicos temperos utilizados são pimenta do reino e sal.

3. E os Chicken McNuggets? 

Eles são uma receita exclusiva do McDonald’s. Feitos com carne 100% peito de frango, eles não têm corantes ou aromatizantes artificiais e ainda contam com uma camada especial de empanado para deixar a crocância única. A carne é moída de uma forma que preserve todas as fibras, assim como a textura de peito de frango em todas as mordidas. Além disso, sabia que os Chicken McNuggets têm 4 formatos? A bota, o sino, o osso e a bola!

4. E as saladas, onde ficam?

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As hortaliças, como o tomate e a alface, são cultivadas exclusivamente por produtores locais com certificações comprovadas. Para garantir que estejam sempre adequadas para o consumo, chegam aos restaurantes por uma logística especial e são armazenadas em refrigeradores a uma temperatura controlada.

5. As batatas fritas são batata mesmo?

Sim, 100%! Elas são iguais às que compramos para as nossas casas e selecionadas para oferecerem o melhor sabor e crocância. As McFritas contam com uma receita exclusiva e processo de produção que vai desde a seleção das melhores variedades, até o uso de fritadeiras especiais com tempo e temperatura controlados. São livres de gordura trans e não levam corante ou aromatizantes e a quantidade de sal é porcionada corretamente por meio de um equipamento especial.

6. A cozinha é limpa mesmo? Qual é a frequência da higienização das áreas?

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Todas as equipes mantêm constante higienização de todos os espaços, enquanto seguem os processos de produção e segurança dos alimentos, como a lavagem e higienização frequente das mãos e limpeza das estações.

7. Qual é a sensação de participar do Programa Portas Abertas?

Entrar em uma das cozinhas mais famosas do mundo e desvendar alguns dos mitos mais antigos é uma experiência única!

Gostou e quer saber mais? A visita é gratuita e pode ser feita em McDonald’s de todo o Brasil sem agendamento prévio.

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Você pode conferir todos os detalhes clicando aqui. Para compartilhar essa experiência nas redes sociais, não esqueça de marcar o @mcdonalds_br e a @arcos.dorados no Instagram.

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O que é o sarampo?

Entre 2018 e 2021, mais de 40 mil casos de sarampo foram diagnosticados no Brasil. A prevenção, porém, é simples: depende de uma picada.

Conheça em detalhes a doença e os motivos para evitá-la.

Transmissão

Causada pelo morbilivírus, a doença é transmitida por secreções e é altamente contagiosa. Se dez pessoas não imunizadas tiverem contato com o vírus, nove serão infectadas.

Na maioria dos casos, o quadro é brando, mas, por atingir muita gente de uma vez, a porcentagem de episódios graves também aumenta.

Sintomas

O vírus passa a se replicar nas mucosas que invadiu e, depois, se dissemina pelo corpo, via corrente sanguínea. Depois de um tempo de incubação, que pode chegar a duas semanas, começam os sintomas.

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Os mais clássicos são as pequenas erupções vermelhas na pele, febre alta, mal-estar e dor de cabeça.

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<b> Clique para ampliar </b>Infográfico: Estúdio Coral e Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital

Repercussão

O patógeno pode semear problemas em outros cantos. No sistema respiratório, chega a levar a tosse com catarro; nos olhos, dá conjuntivite e incha as pálpebras.

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Em pessoas que já tiveram sarampo ou foram vacinadas há muito tempo, o quadro tende a ser menos característico, com poucas manchas e menos desconfortos.

Complicação

Para bebês e pessoas não vacinadas, o sarampo é bem mais perigoso.

Ele chega a atingir o sistema nervoso central, provocar pneumonia, causar sequelas como a cegueira, além de levar à morte. A doença também é conhecida por “zerar” as defesas do corpo contra outras infecções.

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A imunossupressão pode durar meses.

A vacina do sarampo

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<b>Clique para ampliar</b>Infográfico: Estúdio Coral e Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital

Na raiz do movimento antivacina

Nos anos 1990, o médico Andrew Wakefield começou a espalhar, usando um estudo fraudulento como prova, que a vacina tríplice viral — que protege contra sarampo, caxumba e rubéola — causava autismo.

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A pesquisa foi depois retirada do ar e Wakefield perdeu sua licença médica, mas o boato infundado não morreu. Pelo contrário, até hoje tem gente que acredita nisso. Vale reforçar: não é verdade!

Sarampo no Brasil e no mundo

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<b> Clique para ampliar </b>Infográfico: Estúdio Coral e Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital

Fonte: Renato Kfouri, infectologista pediátrico e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

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Sapoti: sucesso nas sobremesas e um show de nutrientes

Sorvetes, pudins, geleias, compotas, sucos, licores… Todas essas delícias, preparadas com a polpa do sapoti, desfilam nas cozinhas do Brasil, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. 

Embora o fruto tenha tamanha popularidade por lá, seu berço é a América Central. E, bem antes das caravelas europeias aportarem em nosso continente, uma guloseima à base dele fazia sucesso. 

Para prepará-la, maias e astecas extraíam látex do tronco do sapotizeiro e consumiam o que seria o precursor do chiclete. 

O inventor norte-americano Thomas Adams Jr (1818-1905) teria se inspirado nesse costume para criar a goma de mascar muito tempo depois.

+ Leia também: As 70 frutas e plantas brasileiras que esbanjam saúde

Afora as preparações, o fruto também é devorado in natura. E nesse formato faz bonito para a saúde. 

Para quem nunca deparou com ele nas bancas da feira ou supermercados, o sapoti tem casca marrom fininha, e mede entre 5 e 10 centímetros. 

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Contém sementes grandalhonas, pretas e brilhantes. Sua polpa amarelada e suculenta é bem doce. Tanto que o sabor costuma ser comparado ao de açúcar mascavo. Daí ser raro aparecer em receitas salgadas.

Quanto às riquezas nutricionais, vale o destaque para o teor de cobre, mineral que compõe as cartilagens que sustentam a pele, combate a anemia e aparece em estudos pela ação em prol da memória.

Há ainda as vitaminas C e as do complexo B, caso da B5 e do ácido fólico, um combo que favorece a imunidade.

Para completar, o sapoti, também chamado de sapota, oferta antioxidantes, especialmente compostos fenólicos como a quercetina, que coleciona evidências na proteção das artérias e no combate aos males cardiovasculares.

A trilha para essa coluna é Morena Tropicana, do pernambucano Alceu Valença, que traz o sapoti e outros tantos frutos muito apreciados no Nordeste.

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quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Margaret Crane: a designer que criou o teste caseiro de gravidez

A gonadotrofina coriônica humana pode ser assustadora. Não só pelo nome bizarro, mas porque esse é o hormônio que interrompe a menstruação e prepara o útero para receber o embrião. Em outras palavras, ele anuncia que a mulher está grávida.

Mais conhecido como hCG, ele surge em altas concentrações sangue da gestante, e vai parar no xixi. A detecção desse hormônio é a base dos testes de gravidez atuais – tanto o de sangue, em laboratório, quanto o de xixi, em casa. Esse último só surgiu nos anos 1970, graças a uma publicitária e designer sem qualquer formação científica.

Aos 26 anos, Margaret Crane trabalhava na empresa Organon Pharmaceuticals. Ela foi contratada em 1967 para desenhar uma linha de cosméticos, mas se interessou por outro tema ao visitar o laboratório da farmacêutica. Crane notou uma grande fila de provetas apoiadas sob um espelho, e perguntou do que se tratava. Um cientista disse que aqueles eram testes de gravidez, e explicou como funcionavam.

Processo demorado

A mulher com suspeita de gravidez deveria ir a um consultório médico para coletar urina, que seria enviada a um laboratório especializado. O xixi era colocado em uma proveta com reagentes químicos que interagem com o hCG, formando um círculo roxo no fundo do recipiente. Os pesquisadores usavam espelhos para refletir e observar o fundo do tubo. Se o círculo estivesse ali, significava que havia hormônio e a mulher estava grávida. Caso contrário, nada de gestação.

Só então o resultado era enviado de volta ao médico, que informava o status da paciente. Todo o processo demorava até duas semanas – um período desnecessariamente grande de espera pela informação que mudaria a vida da mulher. Além disso, o processo exigia que ela passasse por um médico, sem privacidade ao receber uma notícia sensível.

Crane pensou em maneiras de tornar o método mais acessível – e caseiro. Seu desafio como designer era juntar o tubo e o espelho em um único recipiente. A solução foi usar uma caixinha transparente com um espelho no fundo e um tubo acoplado em cima. O reagente seria aplicado com um conta-gotas e a caixa permitiria ver o resultado no espelho, que sairia em poucos minutos. O resultado foi esse:

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Foto do
Teste de gravidez “Predictor”, à esquerda, e seu protótipo, à direitaSmithsonian National Museum of American History/Reprodução

Predictor

Crane apresentou o protótipo aos seus chefes na farmacêutica, mas eles não gostaram da ideia. Achavam que o teste caseiro acabaria com os negócios da empresa e não seria bem recebido pelos médicos. Mas a proposta foi bem aceita na sede da Organon Pharmaceuticals, na Holanda. A Europa já tinha outros produtos de venda direta ao consumidor, e os executivos acreditaram que esse também funcionaria. 

Duas patentes do teste Predictor, como ficou chamado, foram registradas no nome de Margaret Crane em 1969. Só que o custo do pedido de patente era muito caro, e a jovem não conseguiria arcar sozinha. Então, ela renunciou os direitos de sua invenção por um dólar, para que a empresa pagasse o registro.

E esse dólar foi tudo que ela recebeu. Crane já disse em entrevistas que não se arrepende da decisão, pois o projeto não sairia do papel sem a grana. Mas que ela não faria a negociação de novo sem um advogado ou representante.

Reconhecimento veio tarde

A partir dali os testes caseiros de gravidez só se modernizaram, até chegarem nas fitinhas e visores usados hoje. Só que a contribuição de Crane ficou apagada por muito tempo. Com exceção de alguns amigos e familiares próximos, ninguém sabia que ela havia sido a inventora do teste de gravidez.

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Foi só em 2012, quando o teste completou 35 anos, que Margaret se apresentou como inventora. O Instituto Smithsonian, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e o FDA (Food and Drug Administration) estavam em busca do primeiro protótipo do teste caseiro, para registrá-lo em seus arquivos. Por sorte, Crane ainda guardava o protótipo e um dos primeiros testes comercializados, junto com suas instruções em francês e inglês.

Desde então, a inventora é reconhecida por sua criação. O teste de gravidez possibilitou que as mulheres obtivessem informação sobre seu próprio corpo de forma rápida, privada e barata – e podendo decidir fazer com ela. Um marco essencial para a autonomia feminina.

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Quanto de água é preciso tomar por dia?

Em dias de muito calor, tomar água é ainda mais fundamental para manter a saúde. E o quanto se toma também é importante.

A conta fácil é 35ml de água por quilo de peso corporal. Então uma pessoa de 70kg deve tomar uns 2,5 litros de água em média por dia.

Essa necessidade aumenta em algumas situações. Por exemplo, quando o clima está muito quente, quando praticamos atividades, físicas, transpiramos mais ou quando estamos com febre.

+ Leia também: Amplitude térmica: mudança brusca de temperatura faz mal à saúde

Além do suor, o corpo humano perde líquido pela urina, pela respiração e pelas fezes. A cada hora, vão embora 50 ml de água mesmo se estivermos parados, sem fazer atividade nenhuma.

Em uma caminhada, perdemos dez vezes mais que isso e, se estivermos correndo, 26 vezes mais.  

Por que a água é tão importante?

A água é o elemento mais abundante no organismo humano. Um homem de 70 kg tem cerca de 42 litros de água no corpo, o que corresponde a cerca de 60% do peso corporal, enquanto que uma mulher com o mesmo peso tem 35 litros.

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Os valores são diferentes por questões anatômicas: a quantidade de músculos, ossos e gordura varia de acordo com o sexo.

 A importância da água para nosso corpo é proporcional ao espaço que ela ocupa dentro de nós. Ela é essencial para todos os tecidos corporais e é meio de todas as reações químicas metabólicas do corpo.

A água dá forma às células e é indispensável no funcionamento da digestão, do sistema circulatório e no transporte de nutrientes e substâncias do corpo pela circulação, além de ter interferência direta no equilíbrio da temperatura corporal.

Quando ela falta, a desidratação surge e pode inclusive trazer risco de vida.

Considerando esse cenário, é importante não só manter a hidratação com o líquido, mas escolher alimentos que o contenham. E que, além de tudo, são mais nutritivos e menos calóricos. Verduras, legumes e frutas têm, em média, 90% de água.

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Se você não temo hábito de tomar bastante água, que tal saborizar a sua? Coloque folhas de hortelã, rodelas de laranja, pedaços de gengibre… Só não vale apostar em bebidas açucaradas para matar a sede. Não é a mesma coisa. 

Use a sua criatividade e não esqueça de deixar uma garrafinha sempre por perto! 

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Entenda de uma vez: El Niño, La Niña e como eles mexem com o Brasil

A onda de calor que acometeu metade do país em setembro arrefeceu graças a uma porçãozinha de ar polar que chegou à região Sul nesta quarta (26). Valeu, Antártida. Mas a memória de cozinhar vivo em plena primavera não vai embora tão cedo.

Até os maiores fãs de praia admitem que os 40 ºC com ar seco dos últimos dias foram algo insalubre e as temperaturas mais amenas que devem nos agraciar até o domingo (1) são só um oásis em ano de El Niño, o fenômeno climático cíclico que, quando dá as caras, torna o aquecimento global ainda mais fogoso para os brasileiros.

Sendo assim, este texto é para você que está jogando “El Niño” no Google em outubro ou novembro de 2023 enquanto chupa gelo em Cuiabá para sobreviver à próxima onda de calor, que quase inevitavelmente virá (o aviso é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, então pode confiar: vamos virar churrasco).

O que é o El Niño?

Era uma vez a Terra. Na altura do Equador – a linha imaginária que divide o planeta entre os hemisférios Norte e Sul –, o vento venta (rs) predominantemente no sentido leste-oeste.

Pensando em termos de Brasil, se você soltar um balão de hélio em Belém, a tendência é que ele vá parar em Manaus em vez de flutuar para o Atlântico. 

Esses são os ventos alísios, ou trade winds “ventos do comércio”, em inglês, porque um fenômeno climático tão previsível era uma mão na roda para navios à vela que levavam mercadorias, muito antes da invenção de barcos a vapor.

(Em 1970, um norueguês com certo pendor à insensatez chamado Thor Heyerdahl queria provar que os egípcios teriam sido capazes de cruzar o Atlântico e chegar às Américas ainda na Antiguidade, de carona nos alísios. Ele subiu em uma canoa feita da mesma matéria-prima usada em papiros, e completou o trajeto em 57 dias.)

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Por que venta para oeste, e não para o leste? Tem a ver com a rotação da Terra. Vamos deixar a explicação difícil para o fim do texto, porque ela envolve termos cabeludos como “zona de convergência intertropical”. Fique com o leste-oeste em mente, por ora.

Normalmente, os ventos alísios fazem com que a água do Oceano Pacífico, na altura do Equador, flua da América do Sul em direção à Ásia. Não toda a água, claro: a água quentinha da superfície, que está exposta ao Sol e ao vento. A água lá do fundão, fria e escura, fica no lugar.

Conforme a água quente vai embora, a água fria pode subir para a superfície. Isso significa que as praias do Peru, do Equador e do norte do Chile ficam mais frias. Enquanto isso, o litoral asiático esquenta. Pense nesse como o estado “neutro” do Pacífico.

Volta e meia, os ventos alísios do Pacífico saem da neutralidade e enfraquem (ou até se invertem). Trata-se de um acontecimento assaz aleatório ocorre em intervalos de três a cinco anos, aproximadamente, e os meteorologistas não são capazes de prevê-lo. Quando esse fenômeno resolve dar as caras, a água quente fica aqui no litoral sul-americano, mesmo.

Essa mudança é mais perceptível no finalzinho do ano e os pescadores e marujos hispânicos, católicos que eram, batizaram os anos de águas quentes de El Niño. Uma referência ao aniversário do niño mais famoso que existe, o niño Jesus, em 25 de dezembro. Esses Natais calientes rolaram 26 vezes desde 1900.

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O meninão climático gera uma reação em cadeia: chove mais no sul dos EUA, a Austrália esquenta (mais) e a Sibéria esfria (mais). Para boa parte do Brasil, você acaba de descobrir do jeito mais difícil, a coisa segue os passos australianos e o inverno esquenta um bocado. No Norte e no Nordeste, o verão fica mais seco, na região Sul e em São Paulo, a precipitação aumenta. 

Reação em cadeia global

Eis algo para se manter em mente sobre fenômenos climáticos: eles mexem com o planeta como um todo e desequilibram as coisas de maneiras diferentes em cada canto. Não é porque nevou em Santa Catarina que o aquecimento global é uma mentira. Trata-se de um aumento médio na teperatura da Terra.

Essa é uma moral da história importante para entender as mudanças climáticas sem cair em negacionismo de Whats. E o próprio El Niño nos dá uma boa história para ilustrar essa moral, porque sua descoberta foi a montagem de uma quebra-cabeça por pesquisadores e cidadãos comuns em várias partes do globo.

O primeiro registro escrito de uma chuva anormal em ano de El Niño é de 1525 e veio das mãos do colonizador espanhol Francisco Pizarro, responsável pelo genocídio dos incas. Corais de 13 mil anos têm assinaturas químicas que indicam temperatura anormal no oeste do Pacífico.

Em 1888, Charles Todd, um pesquisador britânico que trabalhava com a instalação de cabos submarinos de telégrafo por todo o Império Britânico, notou que os anos de seca na Austrália e na Índia tendiam a ser os mesmos, e supôs que isso não era coincidência.

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Quando outro britânico, Gilbert Walker, juntou os pontos e descreveu o fenômeno em sua completude pela primeira vez, em 1924, ele o batizou de Oscilação Sul, e fez suas observações do lado asiático do mapa, onde estavam as colônias britânicas.

Hoje, sabendo que o El Niño na costa americana e a Oscilação Sul na Ásia são faces da mesma moeda, os meteorologistas se referem ao fenômeno como El Niño-Oscilação Sul, um nome comprido que se costuma encurtar com o acrônimo ENSO em inglês.

La Niña, “a menina”, é simplesmente a fase oposta do fenômeno: quando os alísios ficam especialmente fortes, a água no litoral sul-americano fica especialmente fria e o Brasil tem um verão mais frio. As chuvas ficam violentas no Sudeste Asiático, e o inverno australiano esquenta.

Afinal, por que o vento no Equador é leste-oeste?

Imagine duas crianças em um carrossel uma em um pônei próximo do centro, outra na borda. A que está próxima ao centro gira mais devagar, pois percorre um círculo de perímetro menor. Já a da borda gira mais rápido, pois faz a curva por fora.

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A Terra é uma bola – é sempre bom reforçar, há muitos esquecidos por aí.

Isso significa que o planeta, assim como o carrossel, é mais largo na altura de Belém (na linha do Equador) do que de São Paulo (no Trópico de Capricórnio). Sendo assim, o pessoal em Belém precisa girar mais rápido para completar uma volta. Mas precisamente, 70 km/h mais rápido. 

Legal, salve essa informação no seu HD. Agora vamos para o próximo passo da explicação.

A Terra gira no sentido oeste-leste. Vide o fato de que o Sol nasce primeiro no Japão, e que você vê o dito-cujo nascer no leste. Note que esse é o sentido oposto dos ventos alísios (leste-oeste), e isso não é coincidência. Uma coisa tem tudo a ver com a outra.

Imagine que você é uma massa de ar vinda de São Paulo (onde a Terra gira a 1530 km/h) e chegando a Belém (onde a Terra gira mais rápido, a 1600 km/h).  A Terra está girando embaixo de você cada vez mais rápido conforme você se aproxima do Equador.

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Não tem jeito: você acaba ficando para trás, sendo arrastado no sentido oposto à rotação da Terra. Para oeste. E é por isso que o vento, nos arredores do Equador, sempre sopra para o oeste. O ar não está conseguindo acompanhar a superfície do planeta.

Esse é o efeito Coriolis.

Trata-se de um fenômeno simétrico: tanto o ar que vem do norte como do sul vão sendo forçados para a direção oeste conforme se aproximam da região mais quente do planeta. O lugar em que as duas massas de ar se encontram é a tal zona de interconvergência tropical.

 

 

 

 

 

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Desigualdade racial atrapalha o diagnóstico e o tratamento do câncer

A desigualdade racial impacta no diagnóstico, tratamento e na mortalidade por câncer, como apontam estudos realizados no Brasil e nos Estados Unidos.

As condições de saúde da população negra são impactadas por questões estruturais complexas, que vão além da renda dos indivíduos. Pesquisas mostram que as disparidades persistem mesmo quando variáveis socioeconômicas são consideradas.

Uma hipótese que explica essa situação é a de que o nível econômico de uma pessoa pode não refletir por completo as diferenças na exposição a fatores de risco ao longo da vida, devido ao contexto social e ao racismo estrutural.

Trata-se de um problema de saúde pública importante, que foi discutido no Congresso Internacional Oncoclínicas e Dana-Farber, realizado recentemente em São Paulo.

+ Leia também: Saúde não tem cor: campanha alerta para impacto do racismo na assistência

Análise do Inca

Um estudo apresentado no congresso, conduzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (Inca) analisou o impacto da desigualdade nas ações de cuidado oncológico, principalmente na detecção precoce.

Os especialistas realizaram uma revisão de 13 artigos científicos, publicada na Revista Brasileira de Cancerologia.

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Eles destacam que foram encontradas poucas pesquisas que abordem a acessibilidade da população negra às ações de prevenção e controle do câncer no país. Contudo, foi possível se desdobrar sobre trabalhos que consideram quatro tipos de tumor: mama, colo do útero, próstata e cavidade oral.

No caso do câncer de próstata, por exemplo, dois estudos avaliados identificaram que os negros apresentavam quadros mais avançados no momento do início do tratamento, o que pode resultar em um pior prognóstico.

“Independentemente do tipo de câncer, é inegável a dificuldade do paciente negro em acessar cuidados oncológicos por razões de natureza social e econômica”, destacam os autores no artigo.

Câncer de mama

No evento, também foi apresentada uma pesquisa de especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

O estudo investigou a disparidade racial na sobrevivência específica por câncer de mama invasivo em 10 anos. Ao todo, foram avaliadas 481 pacientes.

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O prognóstico foi pior para mulheres negras e moradoras de localidades com menor renda média. Elas também tiveram maior proporção de fases avançadas da doença, o que reduz as chances de sucesso no tratamento.

“Esse cenário pode ser atribuído a vários fatores, como o diagnóstico tardio. As mulheres negras demoram mais para fazer a detecção, têm menos acesso à mamografia, ao ultrassom e exames preventivos. Além de terem mais dificuldade no acesso a fatores que previnem o câncer, como alimentação saudável e atividade física”, diz a médica oncologista Abna Vieira, da Oncoclínicas.

Os achados foram publicados no periódico Cadernos de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

No artigo, os pesquisadores destacam a necessidade de ampliar a cobertura e a qualidade do programa de rastreamento e facilitar o acesso ao diagnóstico e tratamento precoces, tendo em mente a redução da iniquidade racial.

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Mamografia permite a identificação de alterações relacionadas ao câncerFoto: Claudio Vieira/PMSJC/Divulgação
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Nos Estados Unidos, a incidência da doença entre mulheres negras e brancas é aproximada. No entanto, as taxas de mortalidade são 40% mais altas para as negras, de acordo com a American Cancer Society (ACS).

Entre as pacientes com menos de 50 anos, que costumam apresentar tumores agressivos, a disparidade é ainda maior, chegando ao dobro da letalidade entre as etnias. No Brasil, faltam dados robustos sobre o assunto.

A Fundação de Pesquisa do Câncer de Mama (BCRF, em inglês) destaca que o fenômeno é complexo e multifatorial.

De acordo com a instituição, as mulheres negras são estatisticamente mais propensas a ter diabetes, doenças cardíacas e obesidade, além de amamentar menos após o parto nos Estados Unidos  — fatores de risco conhecidos para o câncer de mama.

O acesso aos cuidados pela população negra também é dificultado por conta do mercado da saúde nos EUA, que não conta com um sistema de saúde público universal. Vale destacar, contudo, que problemas do tipo também existem no Brasil, que tem o SUS.

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As questões socioeconômicas se somam a fatores biológicos no contexto da mortalidade.

Pesquisas apontam que mulheres negras são desproporcionalmente afetadas por subtipos mais agressivos, como o câncer de mama triplo-negativo e o inflamatório. Elas têm também maior probabilidade de serem diagnosticadas em idades mais jovens.

+ Leia também: 5 livros recém-lançados que expõem e enfrentam os efeitos do racismo

Ausência de tratamento: o caso do câncer de cabeça e pescoço

O câncer de cabeça e pescoço engloba uma série de tumores que podem aparecer na boca, faringe, laringe, nariz, seios nasais, nasofaringe, pescoço e tireoide. Entre os fatores de risco mais comuns estão o tabagismo, consumo de álcool e infecção pelo HPV.

Em média, mais de 75% dos casos são diagnosticados em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e eleva a mortalidade.

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“Para diagnosticar a doença em estágio inicial, a informação e a realização de exames é fundamental. Dentre os sintomas de alerta, estão dores na garganta, voz prejudicada e feridas ou nódulos na região que não cicatrizam”, diz Beatriz Godoi Cavalheiro, cirurgiã de cabeça e pescoço no IBCC Oncologia, em São Paulo.

+ Leia também: Racismo é capaz de acelerar o processo de envelhecimento

Além da detecção tardia, o acesso às terapias é outro desafio. Aí esbarra-se, de novo, na iniquidade racial, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

A pesquisa incluiu mais de 6,4 mil pacientes que deixaram de ser tratados. Em média, eles morreram dentro de um ano. Os resultados foram publicados no periódico científico Head & Neck.

No recorte da análise, os especialistas identificaram como fatores mais associados à ausência de terapia fatores ser negro, ter idade avançada, ser solteiro e não ter um seguro saúde privado.

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