Os Estados Unidos vivem uma epidemia de vício em opioides com consequências devastadoras. Desde 1999, o país exibe um número descomunal de mortes pelo uso indevido dessas substâncias – seja na forma de medicamentos legalizados (como morfina), seja na forma de substâncias ilícitas (como a heroína). Em 2013, uma nova droga dessa classe entrou na jogada e piorou ainda mais a crise: o fentanil não-farmacêutico.
Uma nova pesquisa liderada pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) descobriu que o número de óbitos por overdose nos EUA envolvendo a combinação entre fentanil e estimulantes aumentou mais de 50 vezes desde 2010 – foi de 235 mortes em 2010 para 34.429 em 2021.
Esses dados representam um salto brusco não só nos números absolutos, como também nas comparações com outros casos de overdose. Em 2010, a combinação de fentanil com cocaína, metanfetamina etc. era responsável por só 0,6% do total de mortes por uso excessivo de drogas. Esse número saltou para 32,3% em 2021.
A diferença entre o veneno e o remédio, claro, é a dose. Formulações com fentanil são usadas em anestesias e tratamento de dores agudas, como as de pós-operatórios. Quando usados corretamente, opioides são ferramentas valiosas, especialmente para dores intensas, em que a dipirona do dia a dia não é suficiente.
A quantidade de fentanil necessária para gerar uma overdose é 15 vezes menor que a da heroína, e doses aparentemente pequenas já são suficientes para causar depressão respiratória, levando à morte por baixa oxigenação no corpo.
Some isso a outras drogas e o risco só aumenta: muitas das substâncias comumente misturadas ao fentanil não respondem à naloxona, que é o antídoto usado para inibir dosagens excessivas de opioides.
O impacto das drogas “batizadas” é tão grande que especialistas de saúde americanos já consideram o aumento nas como uma “quarta onda” da crise de opioides nos EUA – para saber mais sobre as outras três e a ameaça do fentanil, recomendamos a leitura desta matéria da Super.
“O uso de fentanil junto com estimulantes está rapidamente se tornando a força dominante na crise de overdose nos EUA”, afirma Joseph Friedman, pesquisador e principal autor do estudo. Segundo ele, as misturas trazem novos riscos para a saúde e novos desafios para os profissionais da área, que não têm a mesma experiência e conhecimento sobre a combinação de opioides e estimulantes do que com o fentanil sozinho. “ Isto torna difícil estabilizar clinicamente as pessoas que estão abandonando o uso dessas polissubstâncias.”
As descobertas foram publicadas no periódico especializado Addiction.
Fentanil “batizado” é responsável por 32% das mortes por overdose nos EUA Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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